Alexandre Dias Generoso é dono de uma oficina mecânica próxima ao centro de Belo Horizonte. Por dentro e por fora é um negócio como todos os outros, com direito a carros abertos, mecânicos debruçados sobre o capô e cheiro de graxa. Nada que indique que ali, em 300 metros quadrados sem placa de identificação na fachada, funcione uma das oficinas mais disputadas da capital mineira.
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Com fila de espera de quase um mês para agendamento de consertos, a High Torque recebe carros não só de clientes da cidade, como também de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Gente atraída pela fama repentina que Generoso conquistou na internet, por meio da série de vídeos que publica semanalmente no YouTube, onde dá dicas de manutenção, opinião sobre marcas e até críticas quanto ao estado de conservação dos automóveis de alguns clientes.
“Eu me tornei uma espécie de subcelebridade”, afirma Generoso, que na rede é Alexandre High Torque. “Pensa bem: sou uma oficina de pequeno porte de BH e recebo carros até de São Paulo”, conta ele. O mecânico é seguido por 100 mil pessoas em seu canal de vídeos e tem uma média de 60 mil visualizações diárias. “O cliente chega com o carro e pergunta, ‘meu carro vai ser filmado?’. O cara está mais preocupado do carro sair no vídeo do que na própria solução do defeito”, explica ele, que fatura R$ 70 mil por mês com a oficina.
A história do mecânico é uma entre diversas outras protagonizadas por empresários que passaram a usar as plataformas de vídeo na internet para falar com os clientes, mas acabaram alçados ao estrelato e presenciaram, sem entender como e nem explicar o porquê, a mudança de patamar de seus negócios.
Um fenômeno que, segundo Marcelo Pimenta, professor de gestão de inovação no curso de pós-graduação em marketing digital da ESPM, é “a cara do empreendedorismo atual na internet”. “São os novos modelos de negócios emergentes, que mostram que ganhar dinheiro, cada vez mais, não é igual ao passado”, afirma. O sucesso experimentando por Generoso não surpreende o professor. “O empresário não sabe no que vai dar, mas se tem uma boa ideia e um serviço interessante para o público, ele tende a conquistar uma audiência fiel no YouTube e em outras plataformas de vídeo que surgirem.”
Pimenta usa como exemplo a trajetória do casal Duca Mendes e Carol Thomé, que há cinco anos lançou uma produtora de vídeo, a Seis e Um, mas nos últimos oito meses experimentou o sucesso a partir dos vídeos de culinária que lançaram despretensiosamente no YouTube – a ideia era mostrar aos clientes os recursos de um novo esquipamento que tinham acabado de comprar.
“A gente começou o Cozinha para 2 como uma brincadeira para alguns amigos e subimos na rede. Acabou que não só os amigos dos amigos estavam comentando, como gente desconhecida também. Foi quando entendemos que aquilo era legal e tinha de continuar. Hoje o programa é um cartão de visitas para nossa empresa”, afirma Carol, que tem 1 milhão de visualizações em seu canal e fatura, por mês, R$ 60 mil na empresa.
Outra que também ampliou bastante suas receitas após protagonizar uma série de vídeos virais na internet é a maquiadora Alice Salazar. Um dia, a gaúcha resolveu lançar um blog para passar técnicas de sua profissão e, como recurso extra ao texto, preparou também um vídeo com tutorial de automaquiagem.
O resultado foi estrondoso. “Meus vídeos nunca tiveram 100, 200 visualizações, já começaram com mil e dobravam a cada dia”, lembra Alice, que hoje tem um canal com 44 milhões de visualizações e fatura por mês R$ 20 mil dando cursos aos fãs. Para capitalizar ainda mais essa popularidade, Alice acaba de lançar uma marca homônima de cosméticos, assinar uma linhas de roupas e lançar um livro.
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