Em um negócio, a primeira coisa que se deve levar em consideração é que a falta de separação entre contas de pessoas física e jurídica pode levar o empreendimento à falência. De acordo com especialistas consultados pelo Estadão, esse é um erro muito comum cometido por boa parte dos empreendedores - especialmente os iniciantes. “A empresa tem obrigações a serem cumpridas”, ressalta o consultor de negócios do Sebrae-SP Davi Jerônimo.
Esta reportagem mostra como isso pode ser prejudicial, mas vale reforçar, dada a importância do tema: mesmo que após a apuração do faturamento exista lucro, o ideal é que a empresa guarde ao menos uma parte desse valor, para que consiga formar um caixa - o capital de giro - para os meses seguintes.
Esta outra matéria explica como funciona essa relação entre faturamento, que é a receita bruta, antes dos descontos, e o lucro, o que sobra quando tudo já foi devidamente pago.
“Quem começa um negócio e não tem entendimento do empreendedorismo confunde. Vê dinheiro na empresa e quer gastar”, diz Jerônimo.
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Um dos principais problemas dessa confusão é justamente secar o caixa da empresa, fazendo com que exista necessidade, por exemplo, de tomada de empréstimo.
Esta reportagem mostra que o crédito pode ajudar um pequeno negócio, porém, ficar na dependência de um empréstimo para lidar todo mês com despesas básicas pode fazer com que o negócio perca dinheiro e, em um médio prazo, quebre.
Pró-labore
O ideal para o pequeno negócio, de acordo com especialistas, é ter o pró-labore, que é o salário fixo do empreendedor, dentro da estrutura da empresa, já incluso como gasto fixo do faturamento - para evitar ter que tirar do lucro e correr o risco de deixar a empresa desguarnecida financeiramente.
O CFO da Contabilizei, Eduardo de Freitas Souza, explica que isso tem muito a ver com o que eles chamam de quarto princípio contábil: a entidade.
Uma PJ, explica Souza, tem um propósito, tanto para fins jurídicos quanto fiscais e societários. Portanto, a verba que entra no caixa do empreendimento tem que estar, de alguma maneira, interligada com esses interesses já preestabelecidos.
“Para o pequeno empreendedor, isso fica ainda mais complexo. Porque, além do serviço prestado, ele precisa almoçar. Eventualmente, a linha pode ser até tênue, mas é uma despesa de funcionário que também é do dono. Então, está no propósito. Agora, se vai comprar um carro porque quer viajar e não é para a empresa, já fica problemático”, afirma o especialista da Contabilizei.
Até porque, nesses casos, a situação pode ficar um pouco mais complexa, já que, se for comprado pela empresa, o produto vai ter uma base de cálculo.
Se for como PF, terá outra - normalmente maior. “A Receita vai olhar e falar: essa despesa que paga imposto menor, o que é isso? Qual o propósito disso? Se for o caso, vai recalcular o imposto e cobrar a multa por ter deixado de recolher o imposto na data devida, deixando tudo ainda mais caro.”
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