Empreendedor: Como não misturar a conta pessoal com a da empresa?

Empreendedores no começo da trajetória costumam ter dificuldade em separar as partes, mas processo é essencial para uma dinâmica saudável nos negócios

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Felipe Siqueira

Em um negócio, a primeira coisa que se deve levar em consideração é que a falta de separação entre contas de pessoas física e jurídica pode levar o empreendimento à falência. De acordo com especialistas consultados pelo Estadão, esse é um erro muito comum cometido por boa parte dos empreendedores - especialmente os iniciantes. “A empresa tem obrigações a serem cumpridas”, ressalta o consultor de negócios do Sebrae-SP Davi Jerônimo.

PUBLICIDADE

Esta reportagem mostra como isso pode ser prejudicial, mas vale reforçar, dada a importância do tema: mesmo que após a apuração do faturamento exista lucro, o ideal é que a empresa guarde ao menos uma parte desse valor, para que consiga formar um caixa - o capital de giro - para os meses seguintes.

Esta outra matéria explica como funciona essa relação entre faturamento, que é a receita bruta, antes dos descontos, e o lucro, o que sobra quando tudo já foi devidamente pago.

“Quem começa um negócio e não tem entendimento do empreendedorismo confunde. Vê dinheiro na empresa e quer gastar”, diz Jerônimo.

Publicidade

Um dos principais problemas dessa confusão é justamente secar o caixa da empresa, fazendo com que exista necessidade, por exemplo, de tomada de empréstimo.

Esta reportagem mostra que o crédito pode ajudar um pequeno negócio, porém, ficar na dependência de um empréstimo para lidar todo mês com despesas básicas pode fazer com que o negócio perca dinheiro e, em um médio prazo, quebre.

Pró-labore

O ideal para o pequeno negócio, de acordo com especialistas, é ter o pró-labore, que é o salário fixo do empreendedor, dentro da estrutura da empresa, já incluso como gasto fixo do faturamento - para evitar ter que tirar do lucro e correr o risco de deixar a empresa desguarnecida financeiramente.

O CFO da Contabilizei, Eduardo de Freitas Souza, explica que isso tem muito a ver com o que eles chamam de quarto princípio contábil: a entidade.

Publicidade

Uma PJ, explica Souza, tem um propósito, tanto para fins jurídicos quanto fiscais e societários. Portanto, a verba que entra no caixa do empreendimento tem que estar, de alguma maneira, interligada com esses interesses já preestabelecidos.

Empreendedor precisa ter controle das finanças para que não se confunda na gestão  Foto: igoraul - stock.adobe.com

“Para o pequeno empreendedor, isso fica ainda mais complexo. Porque, além do serviço prestado, ele precisa almoçar. Eventualmente, a linha pode ser até tênue, mas é uma despesa de funcionário que também é do dono. Então, está no propósito. Agora, se vai comprar um carro porque quer viajar e não é para a empresa, já fica problemático”, afirma o especialista da Contabilizei.

Até porque, nesses casos, a situação pode ficar um pouco mais complexa, já que, se for comprado pela empresa, o produto vai ter uma base de cálculo.

Se for como PF, terá outra - normalmente maior. “A Receita vai olhar e falar: essa despesa que paga imposto menor, o que é isso? Qual o propósito disso? Se for o caso, vai recalcular o imposto e cobrar a multa por ter deixado de recolher o imposto na data devida, deixando tudo ainda mais caro.”

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.