Empregada doméstica se destaca no TikTok com guarda-chuva de crochê e agora vende para todo o país

Rosilda Maria de Jesus, de Brasília, trabalha como doméstica, e, depois de um vídeo de seu guarda-chuva de crochê viralizar no TikTok, seu hobby virou fonte de renda extra

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Foto do author Geovanna  Hora

Quando começou a produzir guarda-chuvas feitos de crochê, a empregada doméstica Rosilda Maria de Jesus, de 34 anos, não imaginava que essa seria a sua porta de entrada para o empreendedorismo. Moradora de Brasília (DF), ela decidiu postar vídeos das suas criações no TikTok a pedido das filhas e conseguiu transformar o sucesso na internet em renda extra.

Dos tapetes aos guarda-chuvas: a evolução da artesã

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Ela aprendeu a costurar sozinha há seis anos, apenas com linha e agulha. A artesã optou pelo crochê por achar a técnica bonita, mas no início tudo não passava de um hobby. Ao ganhar experiência, Rosilda passou a vender tapetes e bonecos para familiares e amigos.

A ideia de produzir um guarda-chuva de crochê veio depois de ver uma foto na internet. “Eu tinha feito um vestido e sobrou linha, então pensei em fazer uma sombrinha para combinar. Não tinha certeza se daria certo, mas ficou ótimo”, conta. Apesar de ter uma estrutura semelhante à do guarda-chuva, a sombrinha não é impermeável.

Rosilda costumava postar os produtos na rede Kwai (similar ao TikTok), mas, a pedido das filhas, abriu uma conta no TikTok. Ela publicou a sombrinha de crochê, e o vídeo viralizou em menos de 24 horas, mas a maioria dos comentários citava que o item não poderia ser utilizado na chuva.

A empregada doméstica Rosilda Maria de Jesus, de Brasília, conseguiu renda extra ao viralizar seus guarda-chuvas de crochê no TikTok. Foto: Arquivo pessoal/Rosilda Maria de Jesus

O sucesso viral e a explosão das vendas

A artesã conta que recebeu a sugestão de colocar uma camada de plástico sobre o tecido para tornar o objeto impermeável.

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A ideia deu certo e o sucesso do segundo vídeo foi ainda maior. Dois meses após a repercussão, o perfil dela já conta com mais de 10 milhões de visualizações, quase 1 milhão de curtidas e 50 mil seguidores.

“Foi tudo muito rápido e eu sei como é concorrido para viralizar. Fiquei muito feliz com a forma como o meu trabalho foi recebido”, afirma.

O sucesso atraiu dezenas de compradores: Rosilda vendeu 30 guarda-chuvas em uma semana e já enviou cinco unidades para clientes dos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Ela conta que a lista de espera já tem mais de 50 nomes, mas que não vai aceitar novas encomendas até finalizar os primeiros pedidos.

Artesã continua trabalhando como empregada doméstica

Empregada doméstica desde os 16 anos, a artesã não pretende pedir demissão para investir apenas no crochê. Então, é preciso ter demandas menores para equilibrar as duas funções.

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“Dois meses atrás, eu não tinha renda com a costura. Agora a situação é diferente, mas eu prefiro manter o meu trabalho e esperar para ver se as vendas realmente vão dar certo”, explica.

Cada item leva de 15 a 20 dias para ser confeccionado. A versão sem plástico sai por R$ 80 para crianças e R$ 100 para adultos, enquanto o modelo impermeável varia entre R$ 150 para crianças e R$ 200 para adultos.

Rosilda não é a única a enxergar no artesanato uma forma de renda. O Brasil tem mais de 8,5 milhões de artesãos, e o faturamento do setor é estimado em R$ 102 bilhões por ano, o que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Sebrae Nacional.

O potencial do artesanato brasileiro e as iniciativas para impulsionar o setor

O Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), gerido pelo Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, é um dos responsáveis por coordenar e desenvolver ações para ajudar empreendedores do ramo.

O secretário nacional do Artesanato e do Microempreendedor Individual, Milton Coelho, afirma que a principal ação é a promoção de feiras nacionais para reunir diversos vendedores e consumidores em um só lugar.

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“O Brasil está atrás da Colômbia e do Peru no mercado internacional de artesanato. Então, convidamos clientes estrangeiros para os eventos, o que ajuda a ultrapassar as fronteiras. Na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), por exemplo, recebemos compradores de 28 países”, explica.

Ele afirma que a pasta também desenvolve um projeto em parceria com os Correios e o Sebrae, ainda sem data de lançamento, para ajudar os artesãos a levarem seus negócios para a internet.

“O empreendedor precisa estar no digital, e o nosso foco é a capacitação para que ele aprenda como acessar esse mercado e entenda como fazer a gestão das vendas”, destaca.

Dicas para quem quer empreender no mundo do artesanato

A gestora de artesanato no Sebrae Nacional, Durcelice Mascêne, analisa que o setor de artesanato saiu fortalecido da pandemia, já que as pessoas passaram a valorizar objetos que tragam uma sensação de aconchego e mexam com memórias afetivas.

A especialista recomenda que o empreendedor aproveite a oportunidade para contar a história por trás dos seus produtos e se aproximar do cliente.

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“Ele deve falar sobre como aprendeu a técnica, as etapas da produção, quantas pessoas estão envolvidas no processo e como o trabalho manual impacta a sua região”, explica.

Durcelice aponta que definir o preço de maneira correta é um dos passos mais importantes, porque ajuda a evitar prejuízo e a definir o público-alvo. A dica dela é pensar na precificação como uma receita de bolo:

  • Calcule os gastos com todas as matérias-primas e possíveis deslocamentos
  • Depois adicione o custo das embalagens e do frete
  • Finalize com a parcela de lucro desejada para chegar ao valor final

Ela também aponta que o atendimento ao cliente precisa ser uma prioridade, já que os produtos, na maior parte das vezes, não atendem a uma necessidade, mas sim a um desejo, o que torna a experiência de compra importante.

“O consumidor nunca pode ficar sem uma resposta. Além de fidelizar, esse contato também ajuda a entender as novas demandas, já que, apesar de ser uma arte de tradição, o artesanato também pode se ajustar às tendências do mercado”, afirma.

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A próxima dica da especialista é investir em redes sociais profissionais. Durcelice destaca que o artesão pode compartilhar curiosidades que tenham relação com o processo de produção ou alguma característica histórica da sua região, mas que informações pessoais devem estar restritas a um perfil para amigos e familiares.

Ela recomenda ainda que o empreendedor busque por capacitações voltadas a aprimorar o trabalho manual, mas também por cursos direcionados a outras áreas, como a gestão responsável do negócio ou a produção de conteúdos para as plataformas digitais.

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