Ele se inspirou no emprego da mãe e hoje fatura R$ 4 milhões na área da saúde

Padrão Enfermagem nasceu com intuito de ser a ponte entre profissionais da área de enfermagem e famílias

PUBLICIDADE

Foto do author Felipe Siqueira
Atualização:

A história de Rafael Schinoff, de 50 anos, fundador da Padrão Enfermagem, é uma “via de mão dupla”. Ele foi influenciado, quando adulto, por algo que ele mesmo influenciou diretamente quando ainda era um bebê.

PUBLICIDADE

Pode parecer um pouco confuso, mas vamos explicar como ele saiu das dificuldades de recém-nascido, do desemprego de adulto até o faturamento de R$ 4 milhões que conseguiu alcançar com a empresa que abriu.

Rafael se formou em administração de empresas em 2004. Por falta de verba suficiente, levou oito anos para concluir o curso. Durante esse período, tinha um emprego na área de vendas para ajudar a custear a formação. Enquanto ele tinha um excesso de experiência neste setor de vendas, que já não gostaria de seguir, foi se aventurar na área que havia estudado. Porém, a falta de experiência em administração dificultou o processo de encontrar vagas. “Fiquei dois anos penando.”

Rafael Schinoff, de 50 anos, fundador da Padrão Enfermagem Foto: Tomio Studio/Divulgação

Nesse começo de século, a mãe dele, Nice Araújo, hoje com 78 anos, já era aposentada da profissão de auxiliar de enfermagem, mas prestava serviços relacionados à área para famílias de maneira informal. A escolha dessa profissão teve muita relação com Rafael, o quarto dentre cinco filhos.

Rafael Schinoff, de 50 anos, fundador da Padrão Enfermagem, ao lado da mãe, Nice Araújo Foto: Tomio Studio/Divulgação

Aos seis meses de idade, Rafael teve uma parada cardíaca. Vítima de uma bronquiolite em meio ao frio de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, local onde nasceu, em 1973. Ao levá-lo para o hospital e ver todo o procedimento para reanimá-lo, a mãe se interessou pela área de enfermagem. “Foi ali que ela entendeu a importância da profissão”, comenta.

Publicidade

Passado o susto, portanto, quando era bem novinho, Rafael influenciou a mãe a seguir na carreira. Anos depois, após uma falta de perspectiva em meio ao desemprego, o trabalho da mãe fez com que ele decidisse em qual área empreenderia.

“Eu sempre vivi a enfermagem com a minha mãe e ela sempre teve muito amor pela área. Meu pai era funcionário de banco e eu tinha uma admiração muito grande por ele, gostava muito que ele era envolvido com essa parte financeira”, fala.

Foi aí que ele começou a observar um possível nicho. Ele explica que havia muita mão de obra no mercado de enfermagem, com pouca oportunidade de emprego - e muitos buscando trabalhos temporários, como era o caso da mãe dele, após a aposentadoria. “Só que esse trabalho informal trazia muitos riscos jurídicos para quem contratava e prejuízo financeiro para o prestador”, diz. “E não tinha muita empresa que atuava neste mercado de maneira formal”, complementa.

Além disso, o grande problema da área era que existia uma dupla função. Além de serviços de enfermagem, os profissionais acabavam fazendo papel de cuidador. “Comecei a ver os problemas que precisavam ser resolvidos.”

E, por parte dos contratantes, clientes, muitos que precisam deste tipo de serviço não têm condição de se preparar com antecedência para o momento da contratação. Isso porque os acontecimentos são, na maioria das vezes, repentinos.

Publicidade

Além de tudo, nenhuma das partes tem preparo em recursos humanos para conseguir lidar com burocracias.

PUBLICIDADE

“As famílias não sabem avaliar exatamente o tipo de profissional que é necessário para diferentes quadros. Vão aceitando indicações que não necessariamente vão dar certo. Existem profissionais que não têm a capacitação adequada. E aí nasceu a Padrão Enfermagem, para fazer justamente essa ponte entre as duas partes. Somos, basicamente, uma empresa de recursos humanos”, diz.

A Padrão Enfermagem nasceu em 2006, com este intuito de ser a ponte entre os profissionais da área de enfermagem e cuidadores e famílias que precisam destes tipos de serviços.

Os primeiros momentos da empresa foram dentro de casa, praticamente como um home office na primeira década do milênio, com uma escrivaninha, um computador com tela “de tubo” e internet discada, comum na época e a mais acessível financeiramente. Inclusive, por não ter recursos financeiros, acabou usando um limite de crédito que tinha na época para custos iniciais - que o levou a ter o nome comprometido “na praça”.

Quando o negócio começou a pegar um pouco mais de tração, utilizando principalmente as conexões que a mãe dele já tinha à época profissionalmente, conseguiu gerar os primeiros faturamentos e, com isso, alugar a primeira sala comercial. Isso em 2007. A partir daí, a marca foi evoluindo.

Publicidade

Fachada de uma unidade da Padrão Enfermagem Foto: Roberta Bellumat/Divulgação

Desde 2011 atuam no setor de franquias, tendo 55 unidades atualmente. O faturamento de 2022 ficou na casa de R$ 4,1 milhões e a previsão para 2023 é R$ 5,3 milhões.

Confira a seguir os dados para franqueados. As informações estão organizadas na seguinte ordem:

  1. investimento inicial: valor que precisará ser desembolsado pelo empresário;
  2. faturamento médio mensal: valor bruto que a operação consegue girar;
  3. lucro médio mensal: valor que desconta as obrigações mensais, como pagamento de funcionários, aluguel, contas de consumo, etc;
  4. prazo de contrato: tempo que o franqueado poderá utilizar a marca, com eventuais obrigações, contrapartidas e multas previstas, em casos de quebra;
  5. royalties: uma espécie de mensalidade para usar tanto a marca quanto o know how da empresa;
  6. taxa de manutenção: inclui possíveis gastos com fundo de marketing, para investimento em prospecção de clientes, valores de licenciamento de softwares internos, entre outros valores.

Vale sempre lembrar que os valores apresentados pelas marcas que trabalham com franquias representam estimativas. Isso significa que pode haver algum custo maior durante a operacionalização ou algum lucro menor ao longo dos meses. Tudo vai depender da realidade da unidade, como local, público-alvo, fluxo de pessoas, entre outros.

Mais especificamente sobre o lucro, ainda é preciso ressaltar que existe um tempo de maturação para o negócio. Ou seja, durante um determinado período, a loja vai precisar ter capital de giro, um colchão financeiro, para se manter - o que vai ser necessário até o estabelecimento conseguir atingir o ponto de equilíbrio, que é quando o faturamento é suficiente para, no mínimo, custear as despesas fixas e variáveis, como aluguel, funcionários e fornecedores.

Publicidade

Padrão Enfermagem

Investimento inicial total estimado: de R$ 33,5 mil a R$ 57 mil

Faturamento médio mensal: R$ 25 mil

Lucro médio mensal: de até 50%

Prazo de retorno: 18 meses

Prazo de contrato: 5 anos

Publicidade

Royalties/mês: 8% sobre faturamento bruto

Taxa de manutenção/mês: 2% sobre o faturamento bruto

Os dados citados neste texto foram coletados originalmente em outubro de 2023.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.