Você tem perfil para investir em uma franquia? Essa questão é comum para muitos empreendedores, que possuem dúvidas sobre a aposta no modelo pronto - mas mais engessado - das franquias ou na flexibilidade - e também maior incerteza - da marca própria.
Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam que uma análise do perfil do empreendedor é fundamental para fazer a escolha.
Pessoas com um perfil mais inovador, que tendem a buscar novidades dentro do empreendimento, podem não se dar bem com os modelos já prontos das franquias.
Apesar disso, aqueles que não se encaixem nesse perfil ou que estejam empreendendo pela primeira vez podem ver nas franquias uma opção mais segura de colocar um negócio de pé, com base em um modelo já testado anteriormente.
Franquias trazem menos flexibilidade, mas mais certezas
“A franquia tenta profissionalizar a entrada do empreendedor no mercado”, explica Vitor Moura, consultor de negócios e gestor financeiro para pequenas e médias empresas.
Segundo ele, o empreendedor em uma franquia pode ter acesso a uma rede de unidades que já colocaram o negócio em prática e podem ajudá-lo a entender os desafios e vantagens do setor.
Além disso, as marcas franqueadoras podem oferecer treinamentos, consultoria, softwares de gestão, entre outras ferramentas para auxiliar no negócio.
A opinião é compartilhada por Leandro Reale, consultor de negócios do Sebrae-SP. Ele afirma que, para o empreendedor de primeira viagem, que ainda não conhece profundamente o setor onde deseja atuar, a franquia se mostra uma opção mais adequada.
“A franquia se torna aconselhável a partir do momento em que o empreendedor não tem conhecimento da operação e produção. Do processo como um todo”, afirma.
Apesar disso, Reale pontua a necessidade de estudar o mercado e o setor em que deseja atuar, algo fundamental para o sucesso de qualquer negócio, seja ele uma franquia ou não.
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Marca própria é recomendada para perfil mais inovador
Só que o modelo já definido das franquias também tem suas desvantagens, a começar pelos custos. Para abrir uma unidade franqueada há cobrança de taxas de franquia, royalties sobre o faturamento e outras cobranças pelo marketing e treinamento oferecidos pela rede, por exemplo.
Além disso, a flexibilidade e o espaço para inovação são limitados por conta do modelo.
“O empreendedor não tem muita liberdade ou espaço para fazer algo diferente. A última palavra sempre vai ser a da rede”, afirma Moura, que menciona também as limitações referentes a adaptações regionais, tanto na venda de produtos, quanto em datas comemorativas.
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“Se o empreendedor for muito inovador ou visionário, a franquia não é o negócio”, explica Reale.
Ele cita as limitações impostas pelas redes, tanto como um aspecto positivo, ao ajudar o empreendedor a fazer o negócio dar certo, como um possível ponto de conflito para aqueles que desejam inovar para além das diretrizes.
“Se você quiser ser mais criativo e ter mais liberdade, talvez seja melhor empreendedor por conta própria”, completa.
Vitor Moura diz ainda que muitas marcas - e até mesmo franquias - surgem de ex-franqueados que, descontentes com as limitações impostas pela rede, construíram um novo negócio.
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