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Empresas que nasceram virtuais abrem lojas físicas, mas têm de driblar custos altos

Negócios on-line querem crescer com criação de pontos aonde o cliente possa ir pessoalmente, mas especialista diz que é preciso estudar bem o modelo e considerar os gastos maiores

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Por Bianca Zanatta
Atualização:

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’ - Saladas, decoração, skincare. Muitos negócios criados exclusivamente on-line e que tiveram um impulso na pandemia de covid-19 agora estão se expandindo e abrindo lojas físicas. A vantagem é dar experiências reais e cativar o consumidor. Uma desvantagem são os altos custos.

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Para o economista Rogerio Tineu, professor de empreendedorismo na Unicid, em São Paulo, é fundamental compreender bem o negócio físico antes de dar esse passo.

No online, os custos operacionais são reduzidos, e, no físico, são mais pesados. O aluguel de uma loja em um shopping é um exemplo.

“Há também uma tendência de superdimensionar a projeção de vendas físicas, imaginando que serão os mesmos números do online. Mas o alcance é diferente”, diz.

O especialista cita o caso da startup de roupas Amaro, que começou on-line e foi para o mundo físico. Ela pediu recuperação extrajudicial no final de março, após acumular dívidas de R$ 244,5 milhões.

Segundo ele, a varejista endividou-se para fazer a expansão física em shoppings, com a abertura de 20 lojas pelo Brasil. A pandemia mudou tudo. “Os shoppings fecharam, e a venda de vestuário caiu por meses, já que as pessoas estavam em isolamento”, analisa.

Investimento 10 vezes maior numa loja física

A startup Olga Ri nasceu on-line em 2016 como um delivery de saladas e bowls saudáveis, e inaugurou em fevereiro seu primeiro restaurante físico nos Jardins, em São Paulo.

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O projeto físico exigiu planejamento. Na época do online, os três sócios investiram R$ 30 mil no total. Para a loja no mundo real, era preciso um investimento 10 vezes maior.

A loja abriu quando a marca já estava bem estabelecida, com o delivery a todo vapor em São Paulo, onde opera com três dark kitchens, e no Rio de Janeiro, onde tem uma dark desde novembro do ano passado.

“Abrimos preparados, a casa está indo muito bem”, afirma o empresário Bruno Sindicic, que fundou o negócio com sua irmã, Cristina Sindicic, e a amiga Beatriz Bahmdouni. Eles planejam expansão.

Sócios da Startup Olga Ri, que nasceu em 2016 como um delivery de saladas e bowls saudáveis Foto: Lais Acsa

Abrir um ponto físico sempre esteve nos planos do trio, porque dá uma cara para a marca, segundo Sindicic.

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“No digital, você tem as redes sociais, os conteúdos, as embalagens. Mas no físico tem a trilha sonora, a arquitetura, o sorriso no rosto e uma série de elementos que dão alma para a marca.”

Segundo ele, há outros desafios no varejo físico: escolha do ponto ideal, treinamento de equipe, modelo da operação e organização dos espaços para o fluxo de pessoas, por exemplo.

Atração de mais clientes na decoração

Uma nativa digital que está avançando no phygital (físico + digital) é a Westwing, e-commerce de móveis e decoração. Segundo o CEO e fundador Andres Mutschler, a marca inaugurou um pop-up (loja provisória) no Shopping Cidade Jardim em 2014 e, dois anos depois, uma loja de rua na Vila Madalena.

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“Foi bom para irmos aprendendo, mas para expandir isso precisa ter capital. Nós não tínhamos ainda”, diz o empresário.

O endereço da Vila Madalena foi o único da startup até 2021, quando eles entenderam que, aí sim, era hora de entrar com força no offline.

De lá para cá, foram abertas 9 lojas (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal). Mutschler diz que procurou áreas com consumo significativo das classes A e B ou polos com lojas de casa, decoração e moda.



Westwing em Ipanema, no Rio de Janeiro. Loja nasceu online como clube, em um modelo de compras dinâmicas Foto: André Nazareth

Ele diz ainda que está experimentando modelos diferentes, com lojas grandes e pequenas, em shoppings ou na rua.

“Recebemos clientes novos, mas também muitos que eram cadastrados e nunca tinham comprado nada. Quando visitam a loja física, compram pela primeira vez e aí começam a consumir online”, diz o empresário. “Serve como ponto de conversão e engajamento.”

Skincare faz parceria com farmácias

Inaugurada no online em 2019, a marca brasileira de skincare Sallve encontrou uma solução prática para entrar no varejo físico.

Com uma base sólida de clientes e fãs nas redes sociais, a plataforma de beleza detectou a demanda a partir do relacionamento estreito que mantém com a própria comunidade.

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No final de 2021, atendendo a pedidos, a marca começou a aparecer nas prateleiras das farmácias, em uma parceria com a RD, dona da Droga Raia e da Drogasil. Hoje os produtos da Sallve estão presentes em mais de 2 mil pontos de venda espalhados pelo País.

A migração também visou a expansão do perfil de consumidores, segundo o CEO da startup, Daniel Wjuniski.

“Queremos atingir as pessoas que estão habituadas a comprar sua rotina de beleza nesse tipo de ambiente de loja.”

Segundo ele, o principal ponto de venda físico da categoria no Brasil é a farmácia. “Sabemos também da importância de sermos omnichannel [vender em diferentes pontos]. Temos de estar onde estão nossos consumidores.”

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