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Estúdios de animação têm demanda maior com isolamento

Com desenhos feitos em 2D, projetos ajudam a suprir a ausência de pessoas em clipes e programas de canais a cabo na pandemia; Combo Estúdio vê demanda crescer também em curso online

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Atualização:

Assim como a indústria de games, o segmento de animação também passa pela pandemia do novo coronavírus sem grandes crises e com novas oportunidades no mercado. Com a paralisação de alguns segmentos do setor de economia criativa, novas demandas começaram a surgir para os estúdios, como a elaboração de videoclipes. As empresas também relatam que os projetos que estavam em andamento antes do isolamento social não foram interrompidos, proporcionando assim a contratação de profissionais.

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De acordo com a empresa internacional de pesquisa do setor Digital Vector, a maioria dos segmentos da indústria de animação está crescendo a uma taxa de 2% a 3% ao ano no mundo. O tamanho do mercado de streaming de conteúdo de animação e efeitos visuais foi de US$ 3,5 bilhões em 2019 e está crescendo a uma taxa anual de 8%.

Com a estreia recente da série Any Malu no canal Cartoon, Marcelo Pereira, sócio fundador do Combo Estúdio, do Rio de Janeiro, confirma que a pandemia não abalou a dinâmica da empresa. “Mantivemos o mesmo ritmo e até contratamos mais gente, porque o volume de trabalho era muito grande, inclusive com o surgimento de outras oportunidades nesse período. Fizemos um videoclipe animado, que não seria feito em animação se não tivesse ocorrido o isolamento social no meio do caminho”, conta Pereira.

Nos últimos dois meses, a empresa contratou 30 funcionários, em um regime de contrato que dura o período do projeto, muito comum no setor. O empresário ainda afirma que um curso online de animação 2D oferecido pelo estúdio teve aumento de 100% nas vendas durante o período de isolamento social.

Rodrigo Olaio, produtor executivo do estúdio Chatrone, com sede nos Estados Unidos e em São Paulo, diz que enquanto as produções em live action da empresa foram paralisadas, as animações cresceram. “Os projetos que estavam em produção não pararam. Os executivos que antes dividiam a atenção em vários projetos até aceleraram o passo em algumas aprovações, (a pandemia) deu até um empurrãozinho”, diz ele.

Personagem Any Malu, criação do Combo Estúdio lançada recentemente e que vai ao ar no Cartoon Network. Foto: Divulgação

“As plataformas e canais fechados precisam colocar conteúdo no ar e então o foco se voltou para a animação”, completa. A empresa também está com vagas abertas para a contratação de profissionais por projeto. O estúdio é o criador da série animada Menino Maluquinho, produzida pela Netflix.

Olaio ainda destaca que o mercado internacional também voltou os olhos para o Brasil, seja para a terceirização de etapas do projeto, seja na contratação de profissionais nacionais, devido às facilidades do home office. "De forma global, a gente, como mercado de animação, não quebrou em nenhum lugar do mundo com pandemia", conta.

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As dificuldades relatadas pelos empresários do setor são sobre as dublagens, pois não são todos os atores que conseguem gravar a voz em casa e fazer a instalação de novos softwares. "O home office acaba interferindo mais nas etapas que estão ao redor do processo de animação. E de alguma forma você também não consegue trabalhar 100% na nuvem, então os estúdios também focaram na TI", diz Olaio.

Animação para exportação

Com rodadas de negócio online, até o dia 30 de junho acontece o Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy e International Animation Film Market (MIFA), na França. A delegação brasileira inclui oito estúdios, como o Combo, que são amparados pelo Brazilian Content, programa de exportação do setor. O programa é tocado pela Brasil Audiovisual Independente, BRAVI, e pela Apex-Brasil.

Na programação, além de rodadas de negócio, os estúdios participam de pitches, sessões com compradores e conferências que vão reunir profissionais da produção audiovisual e indústria criativa do mundo todo.

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