Ele ensinava Excel para os colegas de faculdade e hoje fatura R$ 48 milhões com cursos online

Hashtag Treinamentos apostou em método próprio e expansão de opções de cursos para crescer no mercado

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Foto do author João Scheller
Atualização:

Um jovem estudante de engenharia do Rio de Janeiro transformou o hobby de ajudar os colegas de faculdade com o uso de Excel em um negócio, com faturamento de R$ 48 milhões anuais.

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João Paulo Martins, 31 anos, fundou a Hashtag cursos, especializada em ensinar, de forma dinâmica, diferentes habilidades que vão desde uso do editor de planilhas até linguagens de programação com SQL e Python.

Hoje a Hashtag Treinamentos oferece seus conteúdos por meio de uma plataforma on-line, na qual os estudantes pagam uma mensalidade fixa para ter acesso aos conteúdos. Atualmente a empresa conta com mais de 60 funcionários e 100 mil alunos.

No YouTube, onde a empresa oferece trechos dos conteúdos ensinados nos cursos, acumula mais de 2 milhões de inscritos.

Martins oferecia aulas de Excel para colegas de faculdade e hoje tem um negócio com mais de 60 funcionários e faturamento anual de R$ 48 milhões Foto: Hashtag Treinamentos/Divulgação

Cursos começaram como ajuda a colegas de faculdade

Tudo começou quando Martins ainda era estudante de Engenharia de Produção na Universidade Federal Fluminense (UFF). Logo nas primeiras aulas, o hoje empresário notou a importância que conhecimentos avançados de Excel teriam para ele conquistar uma vaga de estágio. Com isso em mente, buscou se capacitar e conseguiu uma vaga na multinacional francesa L’Oreal.

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Com mais experiência com o software, passou a ajudar colegas de classe a usar a ferramenta. A procura foi tão grande que decidiu organizar uma classe para dar aulas aos sábados. Deu certo. “A ideia era ajudar os universitários a conseguir um estágio ou se destacar onde já estavam trabalhando por conta dos conhecimentos de Excel”, explica Martins.

O primeiro encontro, realizado de forma gratuita, teve uma procura tão grande que fez com que Martins observasse nas aulas uma oportunidade de negócio.

O diferencial de suas aulas, segundo o empresário, é a dinâmica e a forma menos engessada de ensinar conteúdos complexos, uma metodologia diferente da aplicada em cursos tradicionais que tratavam do tema. “A ideia era ensinar como se estivesse explicando o tema a um amigo”, afirma Martins.

Com aumento da procura, turmas cresceram e migraram para o digital

A procura pelo curso de Excel fez com que as turmas aumentassem e que ele tivesse que alugar uma estrutura para comportar os alunos tanto em Niterói (RJ) quanto no Rio.

Foi nesse momento que o amigo João Lira, então estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que também tinha bons conhecimentos de Excel, passou a ajudá-lo com o volume de alunos. Tornaram-se, então, sócios na nova empresa, a Hashtag Treinamentos.

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Até então, as aulas continuavam sendo uma atividade extra para os estudantes, que mantinham seus estágios e aulas de faculdade como ocupação principal durante a semana. Foi nesse período que a dupla começou a contar com auxílio de outros professores para dar aulas e tutoriais dentro do curso de Excel.

Um desses professores é o atual sócio da empresa Alon Pinheiro, aluno da primeira turma de Excel de Martins.

“A empresa havia crescido muito e eles precisavam de ajuda para dar conta da demanda”, conta Pinheiro. Então estudante de Engenharia de Produção na PUC-RJ, ele se ofereceu para dar monitorias e aulas de reforço para os alunos. Com o tempo, passou a atuar como professor nos cursos da empresa.

Em 2016, a Hashtag testou gravar alguns vídeos com explicações de Excel e postar no YouTube. Com a boa receptividade, perceberam que poderiam expandir o negócio para o ambiente virtual.

Trecho de aula do Excel publicada pela empresa no YouTube. A ideia da marca era tornar o ensino mais descontraído Foto: Hashtag Treinamentos/Divulgação

“A gente começou a oferecer os cursos em grupos do Facebook para estudantes de engenharia de universidades de outros estados, como Unicamp e UFPR”, relembra Martins. “Em três dias de vendas dos cursos digitais, faturamos o equivalente a um mês do presencial”, afirma.

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A época, a estrutura utilizada pela dupla ainda era limitada, com as gravações ocorrendo na casa de João Martins e com equipamentos de iluminação improvisados. A dificuldade não foi empecilho para a dupla, que viu espaço para aplicar a metodologia para o ensino de outros cursos.

Foi então que os sócios deixaram seus estágios e passaram a trabalhar de forma integral na empresa.

Segundo a consultora de negócios do Sebrae-SP, Vera Ruthofer, o cuidado tomado pelos jovens para essa transição entre uma ocupação fixa para o próprio negócio é o movimento recomendado para evitar problemas.

“É importante começar devagar, testando se existe um público, ver quais são os diferenciais competitivos da sua empresa”, afirma Ruthofer. “Quando se faz isso, se corre um risco calculado”, complementa.

A consultora destaca que o empreendedor deve analisar:

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  • as características de seu público;
  • seus diferenciais competitivos;
  • ter um plano de negócio montado;
  • analisar a viabilidade econômica do negócio;
  • notar quando o crescimento do próprio negócio está sendo minado pela falta de maior dedicação do empreendedor.

“É importante entender em que momento eu como empreendedor preciso me dedicar integralmente para que meu negócio decole. Não tem receita pronta”, afirma Ruthofer.

Parceria com professores e ex-alunos permitiu expansão de cursos

Atendendo a pedidos dos alunos, a plataforma de visualização de dados Power BI foi o foco do segundo curso oferecido pela Hashtag. A ideia era aplicar o chamado “método impressionador”, criado por Martins, para o ensino de outra ferramenta.

“O método funciona para todo mundo. O aluno vai conseguir impressionar empregador e recrutador e assim conseguir crescimento salarial e de carreira”, diz o fundador da Hashtag.

Alunos da primeira turma da Hashtag, mostrando o certificado de finalização do curso de Excel. Alon Pinheiro, hoje sócio da empresa, aparece de camiseta azul, do lado direito Foto: João Paulo Martins/Arquivo Pessoal

Para dar as aulas da nova plataforma, Alon Pinheiro ficou responsável por estudar a fundo o tema para moldar o novo programa de aulas. “Fiz um megaintensivo, consegui aprender e fomos montando as aulas”, relembra o sócio da empresa.

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Com o sucesso das aulas de PowerBI, a Hashtag começou a estruturar outros cursos, com a ajuda de professores especializados em determinados assuntos. Hoje a empresa oferece cursos de várias ferramentas.

Além de Excel e Power BI, há opções para estudos das linguagens de programação SQL, Python, Javascript e HTML, assim como outros softwares como Powerpoint. A empresa planeja se expandir para a área de idiomas, com o lançamento de um curso de inglês que deve ocorrer em breve.

O crescimento da companhia, que aumentou consideravelmente a partir de 2017, tornou-se ainda maior durante a pandemia, com o aumento de público, fenômeno experimentado por outras companhias com modelos de negócio essencialmente digitais.

O nível de reputação da marca na plataforma Reclame Aqui é considerado “ótimo” com uma nota de atendimentos de 9.1/10. A empresa respondeu a todos os questionamentos de consumidores registrados na plataforma.

Em 2023 a Hashtag faturou R$ 48 milhões, 60% a mais do que no ano anterior. A expectativa é chegar a R$ 60 milhões no fim deste ano.

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