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Franquias podem ter mais sucesso se forem sustentáveis

Boas práticas ambientais e em governanças social e corporativa são sinais para o sucesso de um negócio

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Por Wellington Ramalhoso
Atualização:

Em alta, o setor de franquias tem superado o impacto da pandemia e atraído novos interessados. Quem entrou ou pretende entrar nesse mercado se depara com o avanço do ESG nas empresas, mas não deve se assustar com o cenário. Boas práticas em sustentabilidade ambiental e em governança social e corporativa por parte de uma franqueadora são excelentes sinais para o sucesso de um negócio. Os conceitos do ESG se fortalecem no mercado diante da urgência das questões ambientais do planeta e do perfil mais exigente dos consumidores. A Associação Brasileira de Franchising (ABF), por exemplo, criou em 2022 uma comissão de ESG com o objetivo de apoiar o setor de franquias nessa área.

Se uma empresa franqueadora adota essas práticas, diz Rodrigo Abreu, diretor da comissão de ESG da ABF, trata-se de “um forte indicativo de solidez e perenidade da organização”. O interessado em se tornar um franqueado, orienta o diretor da ABF, deve observar questões ambientais e sociais e também a sustentabilidade financeira do negócio.

ESG é indicativo de solidez e perenidade da organização, aponta especialista  Foto: Pixabay

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“Isso está ligado a uma cadeia responsável e ao franchise íntegro, em que o negócio sustentável começa com um processo de seleção de franqueados consciente”, afirma Abreu, que é master franqueado da AlphaGraphics. “Sugiro ao candidato que avalie a relação do franqueador com seus franqueados e fornecedores, o índice de repasse ou de fechamento de lojas e se tem o selo de excelência em franchising da ABF.”

“O franqueado deve avaliar esse movimento como uma oportunidade de negócio e de diferenciação”, comenta Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec RJ. “Eles devem encarar as questões ambientais e de ESG como um caminho para a criação de valor a longo prazo. Ao integrar essas questões nas operações e estratégias, eles podem não apenas contribuir para um futuro mais sustentável, mas também fortalecer os negócios e se adaptar às demandas e expectativas de consumidores mais atentos a essas questões”, reforça Fulvio Cristofoli, coordenador do curso de pós-graduação em gestão estratégica ESG da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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“Cada vez mais os consumidores e clientes estão desenvolvendo a consciência de procurar saber o que as empresas têm feito em prol da preservação ambiental e da sociedade, sobretudo aquela parcela mais carente. O consumidor vem conseguindo diferenciar ações genuínas, aquelas que estão no DNA de uma companhia, daquelas que praticam o ‘green washing’ e desenvolvem ações socioambientais apenas por modismo”, avalia Filipe Sisson, fundador e CEO da iGUI, franquia de lojas de piscinas.

Desafio

“Um primeiro desafio nas franquias é promover uma maior conscientização e fornecer educação sobre as práticas sustentáveis e suas implicações positivas para o meio ambiente e para os negócios. Outros desafios são identificar práticas sustentáveis viáveis e adaptar operações para torná-las mais ecoeficientes”, avalia Cristofoli. “O maior desafio está na área de gestão de resíduos. Infelizmente, não só as franquias, mas todo o mercado, gera muito resíduo que acaba tendo pouca utilização e poluindo. No caso específico do mercado de franquias, muito lixo plástico e de papel é gerado. É importante as empresas se preocuparem com esses consumo e desperdício”, opina Barros.

“Há uma grande preocupação com o estabelecimento de normas e orientações, pois uma das características do franchising é a manualização de procedimentos para serem replicados na rede. De forma paralela, há uma agenda de treinamento intensa, especialmente na implantação de uma nova unidade”, diz Rodrigo Abreu.

A padronização e a replicação de processos e iniciativas sustentáveis estão entre as potencialidades do franchising na área ambiental. “Talvez a maior contribuição seja a capilaridade, levando iniciativas responsáveis não apenas a grandes cidades e bairros, mas também ao interior e regiões metropolitanas.”

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Faturamento do segmento registra o quinto período de alta seguido

O primeiro trimestre de 2023 marcou o quinto período seguido de alta no faturamento das empresas franqueadoras no País. Em 2022, elas faturaram R$ 221,5 bilhões, um crescimento de 14,3% em relação aoano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Nos primeiros três meses de 2023, a taxa foi ainda maior: 17,2%. O resultado foi puxado pelo desempenho dos setores do turismo e da hotelaria e também pela influência da intensificação das atividades presenciais e da demanda por serviços.

A taxa média de abertura de unidades no primeiro trimestre foi de 5%, o que levou o setor a somar mais de 184 mil unidades de franquia em operação no Brasil. “Continuamos a receber empresas de outros setores interessados em se expandir via franchising e também marcas de franquias de outros países que desejam ingressar no Brasil”, afirma Rodrigo Abreu, diretor da comissão de ESG da ABF.

O fortalecimento do ESG nas franquias deve atrair ainda mais investimentos, na avaliação de especialistas como Fulvio Cristofoli, coordenador do curso de pós-graduação em gestão estratégica ESG da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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“Investidores e instituições financeiras estão cada vez mais interessados em empresas que demonstram um compromisso sólido com a sustentabilidade e o ESG. As franquias que adotam ou passarem a adotar práticas sustentáveis têm uma maior probabilidade de atrair esses investidores, além de ter acesso a financiamentos com melhores condições, como linhas de crédito verde ou programas de investimento responsável”, diz.

Novas frentes

Um novo leque de empreendimentos se abre no cenário. “Este tema tem gerado oportunidades de negócio, como a lavagem de carros a seco, o atendimento de públicos vulneráveis como as franquias voltadas a idosos, de odontologia e clínicas populares. Surgiram redes em que a sustentabilidade faz parte do próprio negócio, como as franquias de energia solar e moda circular”, diz Abreu.

“Em alguns casos a similaridade de valores aproxima marcas e candidatos a franqueado. Muitos empreendedores já buscam conciliar seus negócios com objetivos mais amplos e as redes levam esta questão em conta na hora de avaliar candidatos”, afirma o diretor da ABF.

“A busca por práticas sustentáveis e ESG estimula a inovação e o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Isso pode incluir a criação de linhas de produtos eco-friendly, a adoção de embalagens sustentáveis, a oferta de serviços de consultoria em sustentabilidade e a incorporação de tecnologias limpas e eficientes”, ressalta Cristofoli. l W.R.

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