Graduada em psicologia e entusiasta de carnaval e outras festividades, Clarissa Romancini Viegas, 45 anos, transformou o hobby de produzir fantasias e adereços em negócio e, atualmente, fatura cerca de R$ 450 mil por ano com consultoria e peças do acervo pessoal. As fantasias que antes eram direcionadas para os filhos e amigos, hoje vestem modelos e clientes que buscam figurinos marcantes.
Ligação com a moda e o carnaval
Natural de Brasília e nascida em um sábado de carnaval, Viegas, a idealizadora da Ohlograma, percebe que nunca esteve muito distante da festividade e da criatividade que a data comemorativa exige. Quando era criança, estudou em uma escola com uma metodologia que incentivava a imaginação dos alunos. Eles faziam os próprios uniformes, fantasias, brinquedos e até o hino da instituição.
Quando decidiu estudar psicologia, Viegas se matriculou na capital carioca, exatamente no período em que os blocos de rua estavam se organizando no Rio de Janeiro. Ainda no primeiro ano de faculdade, começou a trabalhar com moda em empresas de diferentes portes. Uma carreira que durou 15 anos no mercado e que contou com a criação de uma marca própria infantil. Em 2011, quando ganhou o primeiro filho, ela resolveu dar uma pausa na profissão.
A fantasia virou negócio
Em casa, Viegas produzia fantasias para pessoas próximas, mas não costumava cobrar. Quem teve a visão de monetizar o hobby de fazer fantasias foi uma amiga da consultora de moda. Assim, ela começou uma sociedade que durou 3 anos.
“Eu tinha um acervo grande, eu fazia muitos acessórios com o que sobrava das festas das minhas filhas”, relembra Viegas sobre o começo do empreendimento em 2016. A Ohlograma surgiu apenas em 2019, durante o período do Halloween, com o investimento inicial de R$ 70 mil. Na época, os adereços de cabeça eram o carro-chefe da empresa. Em pouco tempo, os clientes começaram a buscar fantasias inteiras customizadas e as os figurinos passaram a marcar presença em camarotes de carnaval e desfiles de marcas famosas.
Antes da pandemia, ela procurou uma incubadora de startups da PUC-Rio e descobriu a curadoria como um dos pontos fortes do negócio. “A Ohlograma era uma brincadeira de criança que descobriu o potencial de um grande negócio”, conta Viegas.
Consolidação da marca
Mesmo com os eventos parados durante a pandemia, Viegas seguiu produzindo adereços para a marca. Em 2022, quando o carnaval retornou, ela tinha estoque e conseguiu faturar até R$ 800 mil.
Recentemente, a marca foi notada pelo varejo e fez até uma collab com a C&A focada no carnaval. De acordo com Viegas, nos primeiros 30 dias da parceira, a coleção teve até 70% de vendas na internet, porcentagem que costuma ser considerada positiva acima dos 50%.
Com a Ohlograma prosperando no carnaval, percebeu que a empresa tinha potencial para prosperar não apenas neste nicho, mas também em festas, teatro, desfiles e festivais – ocasiões que Viegas define como “momentos de suspensão da realidade”. O ticket médio de um look completo com três peças é de R$ 1.100.
“As pessoas costumam construir suas próprias fantasias e isso é maravilhoso, mas nem todo mundo tem esse tempo. Então vejo que meu negócio resolve a vida de muita gente”, comenta.
Marketplace para eventos especiais
De acordo com Viegas, a empresa é pequena, mas conta com mais colaboradores durante projetos pontuais. “Na época do Carnaval, tenho duas aderecistas, costureiras e modelista parceiras. Além de pessoas que me ajudam no Instagram e na venda”, conta.
Apesar de ser uma empresa com características sazonais, um dos planos da marca é que o site da Ohlograma vire um marketplace referência, tanto no Brasil, quanto fora do país, para quem busca acessórios e adereços para momentos especiais.
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