Um faturamento anual de R$ 10 milhões indica que uma empresa está bem? Não é possível responder a essa pergunta só com essa informação, e quem for investir num negócio precisa prestar atenção nisso. Pode parecer óbvio, mas muita gente confunde faturamento com lucro. E existe uma distinção essencial entre os dois. Não entender isso pode levar a empresa à quebra.
Simplificando, faturamento é o resultado de vendas empresa. Lucro é o que sobra depois de pagar todos gastos. A empresa precisa de faturamento para pagar funcionários, contas, aluguel e todos os outros custos.
Portanto, quando se fala que o faturamento anual de um pequeno empreendedor chega a R$ 10 milhões, significa que as vendas atingiram esse patamar, e esse foi o dinheiro que entrou, mas não o que sobrou. “Ele é muito importante, precisa existir. Mas não é o único a ser avaliado”, explica a consultora de negócios do Sebrae-SP Leidiane Lima.
Isso porque, após o faturamento, será preciso pagar contas de consumo, como água, luz, telefone, internet, além de impostos, embalagens (se for o caso de um produto para entrega), funcionários, fornecedores, entre outros custos. Só depois de tudo isso feito será possível saber se houve lucro ou prejuízo. “O que move a empresa é a lucratividade”, resume a consultora.
E ela explica que é muito comum que as pessoas façam essa confusão entre esses dois conceitos. “O empreendedor costuma se apegar excessivamente ao faturamento. Mas é sempre importante lembrar que existe a possibilidade de aumentar vendas e lucrar menos. Principalmente se forem dados muitos descontos”, contextualiza.
Como tentar evitar a falência de uma empresa?
Uma empresa pode, sim, quebrar mesmo tendo um faturamento alto. O planejamento é essencial para evitar que isso aconteça. Esse planejamento passa por dois tópicos essenciais.
O primeiro é separar as contas física e jurídica. Um dos maiores erros dos empreendedores, de acordo com a especialista do Sebrae-SP, especialmente os iniciantes, é não saber distinguir o que é para o dono e o que é para a empresa. Isso pode acabar atrapalhando tanto o CPF quanto o CNPJ.
Também é preciso definir como os sócios vão ser remunerados. Dono de empresa que trabalha diretamente na estrutura do negócio não vive de lucro, ressalta Leidiane. Ele vive de pró-labore, que é o salário do empreendedor.
Os lucros vão, sim, ser divididos entre eles, mas parte deste valor vai precisar ser reinvestido na empresa, seja para expansão, melhorias ou até mesmo manutenção.
É necessário ainda ter controle financeiro. Se tem mais de uma loja, é primordial saber qual dá lucro e qual dá prejuízo.
Se, no final, somando todas as operações, tem prejuízo, pode ser que fechando uma das unidades já consiga reverter este cenário. Agora, se não tiver na “ponta do lápis” todo esse controle, não vai conseguir resolver esse tipo de problema.
Expansão pode ser armadilha
É comum, segundo Leidiane, o empreendedor começar a expandir as operações por conta de receitas e demandas altas.
Mas é necessário avaliar com calma os próximos passos. Isso porque, quando se aumenta o faturamento, não é só isso que cresce: impostos e custos com embalagens também vão ter impacto.
Além disso, se a estrutura aumentar, gastos com funcionários, aluguel e consumo também correm risco de disparar.
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