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Febre da papelaria atinge público crescente interessado em fazeres manuais

Movidos pela mania de cadernos customizados, canetas, carimbos e lettering, empreendedores apostam em material nacional e importado para atrair consumidores adeptos do artesanal

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Por Marina Dayrell
Atualização:

Papéis, fitas, carimbos, planners, scrapbooks e canetas das mais variadas cores, tons e modelos. Na contramão do universo digital, a febre da papelaria surge na tendência do feito a mão. Para além da papelaria tradicional - dos afazeres do dia a dia e do material escolar - o nicho voltado para a estética e para a arte, movido pelo artesanal e pelo lettering (como tem sido chamada a arte de desenhar letras), tem impulsionado negócios na área. 

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“Há uma alta no setor de papelaria, que vem com uma cara modificada. Não é mais o foco na industrialização, mas a volta ao artesanal”, explica a consultora de negócios do Sebrae Juliana Segallio.

Apostando nessa tendência do artesanal e da papelaria, o casal André Pimenta e Ana Becker fez do hábito de comprar presentes para amigos em viagens a porta de entrada para o empreendedorismo e, em 2013, criou a loja Veio na Mala. “Percebemos que aumentou a demanda do feito a mão, com um papel importante das feiras de rua nisso. A gente consegue mostrar para as pessoas que é possível fazer algo grandioso mesmo sendo pequeno”, conta André.

Com foco no e-commerce, o casal de engenheiros Luiz Ikeda e Liana Uehara criou a papelaria online Acraftem 2014 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Os designers começaram anunciando os produtos em um blog e recebiam um pedido por semana. Sete anos depois, hoje eles mantêm um e-commerce, uma loja física no shopping Center 3, inaugurada há quatro meses, e um faturamento mensal de R$ 150 mil. As projeções são de que a empresa cresça 10% no próximo ano.

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Ao lado de produtos importados, eles investem também em confecções próprias. “Nós entendemos que precisávamos sair da mesmice e tentamos entender melhor o público para fazer a nossa linha”, explica André. A loja vende produtos como agendas, canetas, planners (cadernos com divisórias para a programação da semana e dos meses) e itens para scrapbooks (em que o usuário customiza seus cadernos), mas tem nos carimbos o carro-chefe. São mais de 500 modelos desenvolvidos por eles.

Para Juliana, o ideal é que a marca de papelaria consiga investir em um ponto físico, seja uma loja ou a participação em feiras, mas a presença nas redes sociais e em marketplaces (shoppings virtuais) também é essencial. Só na plataforma Elo7, marketplace para venda de produtos artísticos e autorais, existem mais de 40 mil lojistas cadastrados na categoria “papel e cia”. Entre os produtos mais vendidos estão planners, carimbos, etiquetas personalizadas e álbuns de scrapbook. 

Com foco no e-commerce, o casal de engenheiros Luiz Ikeda e Liana Uehara criou a Acraft em 2014. A papelaria online nasceu de um hobby de Liana pelo artesanato. “Começamos com um investimento de R$ 2 mil e o dinheiro que entrava usávamos para recomprar produtos. Testamos muito e passamos a comprar apenas aquilo que vendia mais. Daí acabamos tendendo para o lado da papelaria”, conta Luiz. O foco da empresa são itens para montar planners, que incluem cadernos, adesivos, canetas, washi tapes (fita adesiva) e pingentes. 

Foco da Acraftsão itens para montar planners, que incluem cadernos, adesivos, canetas, washi tapes (fita adesiva) e pingentes Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Para conseguir cuidar da loja, os dois largaram seus empregos como funcionários de empresas, mesmo que para inicialmente ganhar menos. Hoje, têm uma equipe de seis funcionários, conseguiram crescer dez vezes em quatro anos e alcançaram a renda que tinham em seus trabalhos anteriores.

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Espaço para microempreendedores

Dentre os mais de 2.900 microempreendedores individuais (MEIs) registrados no comércio varejista de artigos de papelaria no Estado de São Paulo, segundo o Portal do Empreendedor, está Andreia Anjos, criadora da DIY Scrap. O interesse pela papelaria artesanal fez com que ela apostasse em um negócio inédito, um clube de assinaturas de scrapbooking.

Após dez anos criando projetos por hobby, Andreia decidiu que precisava fazer algo diferente para se destacar. “Fiz bastante pesquisa e vi que os clubes de assinaturas no País têm crescido muito e não existia nenhuma versão para scrapbooking.” Para começar o negócio, ela investiu R$ 10 mil de capital próprio.

Após dez anos criando projetos por hobby, a empreendedora Andreia Anjos criou um clube de assinaturas de scrapbooking Foto: Alex Silva/Estadão

Criado em dezembro do ano passado, o clube reúne 36 assinantes, todas mulheres entre 12 e 60 anos, que contratam o serviço por hobby ou para aprender novas técnicas. Para a consultora do Sebrae Juliana, o público da papelaria artesanal não é mais só feito de “vovozinha”. “O pessoal com menos de 30 anos está descobrindo que é gostoso trabalhar de outras formas e os mais velhos veem essa parte da papelaria como um resgate de velhos hábitos.”

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Na caixa enviada mensalmente para as clientes do DIY Scrap vão produtos escolhidos por Andreia, como decalques, régua, papéis e cadernos, e uma apostila com instruções para confeccionar os projetos de scrapbooking. Ao finalizar as obras, as assinantes são incentivadas a compartilhar os resultados em um grupo de Whatsapp, onde a empreendedora também tira dúvidas. Cada assinatura custa R$ 149,90 por mês.

* Quer sugerir alguma história para a gente? Escreva para o e-mail pme@estadao.com

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