“O fluxo de caixa é o ponto de partida para a estrutura financeira de um empreendimento”, diz a consultora de negócios do Sebrae-SP Cristina Silva.
O documento registra tudo o que entra e sai da operação de um negócio. Ou seja, é o relatório para realizar o acompanhamento de receitas e despesas.
Exemplos de receitas:
- vendas de serviços ou produtos - que podem ser à vista ou parceladas;
- vendas de equipamentos não mais utilizados;
- investimento de algum sócio.
Exemplos de despesas:
- aluguel de um ponto físico;
- aluguel de máquinas e equipamentos;
- contas de consumo, como água, luz, internet, telefone;
- salários e benefícios de funcionários;
- parcelas de empréstimos.
Qual a frequência ideal para atualização de um fluxo de caixa?
De acordo com a especialista do Sebrae-SP, depende muito do tipo de negócio e do volume de transações financeiras realizadas na operação.
Se o empreendimento tiver entradas e saídas diárias de dinheiro, o ideal é que o acompanhamento do fluxo de caixa seja também diário. Isso acontece muito em restaurantes, mercados de bairro, cabeleireiros, entre outros segmentos.
Agora, se as saídas forem semanais ou quinzenais, existe a possibilidade de essa atualização ser mais espaçada. Porém, o ideal é que este intervalo não seja tão grande. “Se for mensal, por exemplo, pode ser que fique um pouco tarde para detectar e resolver um problema”, explica Silva.
Por que é importante fazer o fluxo de caixa?
A importância dele é permitir tomada de decisão. A consultora de negócios ressalta que uma empresa sempre “conversa” com os sócios, mas existem ferramentas para que os empresários consigam “ouvi-la”. Se essas práticas não forem feitas, a chance de uma “bola de neve” ser criada é razoavelmente grande.
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No final das contas, o fluxo de caixa vai ajudar a entender a real situação financeira da empresa. Será que um empréstimo é realmente necessário? Ou uma simples reorganização na estrutura já vai ser suficiente?
“No fluxo de caixa, é possível identificar vazamentos, por exemplo. Onde está saindo verba de maneira desnecessária para a companhia. Mas, para isso ser eficiente, tudo precisa estar registrado no documento”, comenta Silva.
Projeções de curto e médio prazos
Além de um acompanhamento de perto, seja diário, semanal ou quinzenal, o fluxo de caixa vai auxiliar o dono do negócio a projetar futuros gastos e receitas.
Por exemplo, se um pagamento de cliente foi parcelado em três vezes, existe uma previsão de recebimentos para esse período. Da mesma forma, se um pagamento a um fornecedor foi realizado em dez vezes no cartão de crédito, haverá uma retirada de capital da empresa pelo mesmo período.
“Quando o empresário tem ciência do que está acontecendo no cotidiano da empresa, ele consegue avaliar melhor os diferentes cenários. Eventualmente um fornecedor pode oferecer um desconto em determinado produto. Mas, se o dinheiro que o negócio tem já está separado para honrar outros compromissos, não adianta pagar mais barato ao fornecedor e arcar com juros de uma conta atrasada depois. Tudo isso poderá ser avaliado com os dados do fluxo de caixa”, explica a especialista.
Por fim, Silva recomenda: “Não esconda a sujeira debaixo do tapete. Dê nome a cada conta, com precisão, para identificar onde pode haver problemas.”
O fluxo de caixa anda de mãos dadas com o DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício). Os dois têm informações diferentes, mas que são complementares. Entenda como ele funciona.
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