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Comida japonesa com italiana: Vale a pena ter duas franquias num mesmo espaço? Veja opções

Mercado de franquia usa modelo 2 em 1: duas marcas de um mesmo grupo utilizam o mesmo espaço, compartilhando estrutura, aluguel e funcionários, como Gendai e Spoleto.

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Foto do author Felipe Siqueira
Atualização:

Uma modalidade está se destacando no setor de franquias: store-in-store, ou “loja dentro de loja”. A proposta já esteve em voga em outras épocas, mas por motivações diferentes.

O que é store-in-store?

Apesar do nome, não necessariamente uma loja está dentro da outra. Além disso, não costuma haver uma hierarquia entre as marcas. É mais um modelo 2 em 1.

Em resumo, duas marcas de um mesmo grupo utilizam o mesmo espaço, com mesma estrutura, aluguel e funcionários.

Por que o modelo store-in-store é tão atrativo para as franquias?

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A tática costuma surgir com foco em duas frentes. A primeira - mais óbvia - é relacionada à contenção de custos, com mais aderência em praças de alimentação de shoppings.

A diretora de expansão, gente e cultura do Grupo Trigo, responsável por marcas como Gendai, Spoleto e China in Box, Isabel Medeiros, explica que, além da economia no dia a dia da operação, com aluguel único, existe um custo reduzido com contratações, já que os funcionários atuam em ambas as operações, e o faturamento do local tende a ter um incremento de cerca de 50%.

“Para abrir uma loja nova, do zero, você precisa de oito a dez funcionários. Para abrir uma operação conjunta, em vez de dobrar o número de pessoal, como seria se comprasse mais uma franquia, o franqueado consegue colocar os planos em prática com mais três contratações, em média”, afirma.

Um dos principais desafios, porém, fica em relação às fachadas. Como é o mesmo espaço dividido entre duas lojas, existe uma dificuldade em não deixar o visual “embolado” para o cliente, dificultando a identificação de cada loja.

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“Tem que ter uma comunicação eficiente. Elas não podem estar misturadas, embora estejam no mesmo espaço”, comenta a executiva.

Exemplo de operação dividida do Grupo Trigo, com Gendai, de culiniária japonesa, e Spoleto, italiana Foto: Divulgação/Grupo Trigo

O sucesso do store-in-store no Grupo Trigo

O modelo para eles existe há cerca de 10 anos, mas vive um boom nos últimos meses. Para se ter uma ideia, mais de 50% das novas operações comercializadas em 2024 são neste store-in-store (18 das 34 assinadas).

A marca citou, por meio de nota à reportagem, que, atualmente, “é o principal canal de crescimento” do grupo.

Halipar: a experiência com store-in-store durante a pandemia

O mesmo ocorre com a Halipar, responsável por marcas como Jin Jin, Montana Grill, Griletto, entre outras. De acordo com a rede, o principal atrativo do modelo é a redução de custos - cerca de 20%.

O primeiro momento em que houve uma aquisição de know-how para esta possibilidade foi durante a pandemia de covid-19, por pura necessidade.

Buscando alternativas aos fechamentos de shoppings, passaram a comercializar unidades de rua com mais de uma marca, justamente para ter um custo menor e tentar alavancar o faturamento do franqueado. Foi também uma tentativa de atrair novos franqueados.

Exemplo de duas operações no mesmo espaço da Halipar, com Jin Jin, de culinária asiática, e Montana Grill, voltada para carnes Foto: Divulgação/Halipar

Após o alívio nas restrições, o foco foi migrar esta experiência para shoppings, onde está a maior quantidade de operações do grupo, utilizando o conhecimento adquirido no período de lockdowns constantes, para aproveitar o que foi considerado como bem-sucedido.

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“Para ter uma loja de cada, precisaria de 40 metros quadrados. Para ter duas, o dobro. Juntando mais de uma marca, além de utilizar apenas um espaço, ele é menor, de 55 a 60 metros quadrados. Ou seja, você não precisa ter duas pias para lavar louça, tem menos consumo de energia, além de reduzir custos com funcionários”, explica o CEO da Halipar, Ricardo José Alves.

No caso da Halipar, a divisão visual das marcas é um pouco mais fácil de se identificar. Tudo internamente é compartilhado, mas, ao público, há uma separação mais nítida. Com paredes, inclusive.

No momento, a intenção de seguir com este tipo de modelo é grande, mas ainda um pouco mais cautelosa. “Vai depender muito da viabilidade, se faz sentido dentro do contexto”, complementa o CEO.

Apenas um franqueado

Tanto no Grupo Trigo quanto na Halipar, para assinatura de contrato, é necessário que as duas operações sejam de apenas um franqueado. E o negócio só começa a funcionar quando ambas estiverem prontas.

Isso envolve a sinergia de gestão - mais de uma visão de negócios poderia gerar conflito em um modelo que já tem uma complexidade maior do que lojas únicas.

Além disso, isso facilita também a parte jurídica, com os CNPJs - que pode ser um único ou mais de um, a depender do caso - ficando sob responsabilidade de apenas um empresário.

O que dizem os especialistas sobre o store-in-store?

O ponto forte, de fato, é o custo mais baixo, por tudo estar integrado, segundo especialistas. Além disso, as operações podem ser complementares, com uma delas mais forte para horários de almoço e jantar e a outra para lanches, sobremesas ou bebidas, por exemplo.

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Mas, de acordo com o consultor de negócios do Sebrae-SP Edgard Neto, há alguns pontos de atenção para o modelo:

  • Complexidade: o treinamento de equipes será realizado para duas operações. Eventualmente, elas podem ser bem distintas entre si. Logo, o processo será mais trabalhoso e possivelmente mais caro do que treinar para apenas uma marca. Além de a gestão financeira ser mais difícil, já que há entradas e saídas e necessidades de estoque diferentes.
  • Percepção do cliente: aqui existe uma “via de mão dupla”, que pode servir para o bem ou para mal. No lado da dificuldade, uma má experiência por parte do consumidor, seja no quesito alimentação, atendimento ou até mesmo no combo completo de experiência, pode prejudicar as duas marcas do ponto em questão.
  • Risco financeiro: é preciso estar atento para que o franqueador - quem comercializa as unidades - não utilize este tipo de modelo como uma tentativa de fortalecer uma marca fraca, utilizando uma espécie de “âncora” em uma marca maior. Ou seja, evitar a chance que o lucro de uma operação compense eventuais prejuízos de outra.

Dados de franquias

Confira, a seguir, os dados de franquia do Grupo Trigo e da Halipar.

No caso da Halipar, a empresa não revela estimativas de lucros mensais.

As empresas informaram apenas os resultados das franquias isoladas, e não de suas operações conjuntas.

Gendai

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 540 mil (sem taxa de franquia)
  • Faturamento mensal estimado: R$ 251 mil
  • Lucro mensal estimado: de 10 a 15%
  • Prazo de retorno: de 25 a 35 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 6%

Spoleto

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 470 mil (sem taxa de franquia)
  • Faturamento mensal estimado: R$ 190 mil
  • Lucro mensal estimado: de 10 a 15%
  • Prazo de retorno: de 25 a 35 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 6%

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China in Box

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 520 mil (sem taxa de franquia)
  • Faturamento estimado mensal: R$ 237 mil
  • Lucro mensal estimado: de 10 a 15%
  • Prazo de retorno: de 25 a 35 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 6%

Koni

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 390 mil (sem taxa de franquia)
  • Faturamento mensal estimado: R$ 188 mil
  • Lucro mensal estimado: de 10 a 15%
  • Prazo de retorno: de 25 a 35 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 6%

Asa

  • Investimento inicial estimado: quiosque - a partir de R$ 130 mil (sem taxa de franquia) e padrão/store in store - a partir de R$ 185 mil (sem taxa de franquia)
  • Faturamento mensal estimado: R$ 110 mil
  • Lucro mensal estimado: 13%
  • Prazo de retorno: de 20 a 30 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 7%

Jin Jin

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 540 mil
  • Taxa de franquia: R$ 55 mil
  • Faturamento médio estimado: R$ 160 mil
  • Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Royalties: 5%
  • Taxa de publicidade: 2%

Montana Grill

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 540 mil
  • Taxa de franquia: R$ 55 mil
  • Faturamento médio estimado: R$ 160 mil
  • Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Royalties: 5%
  • Taxa de publicidade: 2%

Griletto

  • Investimento inicial estimado: a partir de R$ 450 mil
  • Taxa de franquia: R$ 55 mil
  • Faturamento médio estimado: R$ 150 mil
  • Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Royalties: 4%
  • Taxa de publicidade: 1,5%

Croasonho

  • Investimento inicial: a partir de R$ 350 mil
  • Taxa de franquia: R$ 55 mil
  • Faturamento médio: R$ 130 mil
  • Royalties: 5%
  • Taxa de publicidade: 2%
  • Retorno de Investimento: a partir de 30 meses

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