Como definir o perfil ideal do dono de uma franquia? Quem faz isso? De que jeito é avaliado? O primeiro ponto a ser ressaltado é que o perfil do franqueado obrigatoriamente precisa constar na Circular de Oferta de Franquia (COF), conforme determina a lei que rege o setor de franquias - a 13.966/2019.
“Para a implantação da franquia, o franqueador deverá fornecer ao interessado a Circular de Oferta de Franquia, escrita em língua portuguesa, de forma objetiva e acessível, contendo obrigatoriamente: [...] perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente”, diz o texto da lei.

Mas, para além da obrigatoriedade legal, existem aspectos relevantes na rotina do dia a dia - e para ambos os lados - ao se definir este perfil alvo, de acordo com especialistas.
É o que o mercado chama de alinhamento de expectativas, essencial para que um negócio no ramo de franchising dê certo.
“Para ter sucesso com uma marca, você tem que ter bem claro quem ou que tipo de perfil você quer que opere o seu negócio, isso é fundamental”, explica o vice-presidente da vertical de consultoria do Ecossistema 300 Franchising, Lucien Newton.
É possível descrever nesse perfil tanto habilidades técnicas quanto comportamentais - hard e soft skills. Desde a capacidade de gestão financeira até gestão de pessoas.
Newton, porém, vai além: “Eu gosto de ter uma abordagem um pouco mais completa”. Primeiro, diz o especialista, é mais fácil definir quem o franqueador não deseja ter entre seus franqueados.
Os perfis a serem evitados são mais facilmente visualizados. “Em geral, você não vai quer que toque uma franquia alguém que não aceite opiniões ou que tenha dificuldades em seguir regras, por exemplo.”
Além disso, a marca franqueadora, destaca, é uma “escola”. “É papel do franqueador formar e desenvolver o franqueado para ser um bom empresário”, comenta.
Especialmente em modelos de unidades mais acessíveis, como são os casos das microfranquias, que custam até R$ 135 mil e, muitas vezes, são home based, ou seja, usam a estrutura da própria casa do empreendedor.
Confira a cobertura completa de PME
O perfil pode ser resumido em dois tópicos, segundo o consultor:
- Compatibilidade financeira: capacidade de honrar com o investimento necessário
- Disposição para aprender: fundamental para que os processos sejam assimilados e, consequentemente, os resultados sejam positivos
Por parte da franqueadora, é necessário ter dedicação para ensinar.
Bons franqueados possibilitam franquias mais duráveis
O consultor de negócios do Sebrae-SP Diego Souza explica que saber o tipo ideal de perfil para operar uma franquia também vai auxiliar a marca a ter unidades com funcionamentos mais longevos.
“Sempre vai ter aquele tipo de franqueador que vai querer comercializar para embolsar dinheiro e não pensar tanto na perenidade, mas isso é uma péssima estratégia para médio e longo prazos”, explica.
O perigo maior, complementa Souza, é o insucesso da própria franquia. Esses problemas acumulados podem resultar na quebra da própria marca, já que o que mantém a receita da franqueadora, na maioria das vezes, são os royalties, cobrados, normalmente, como porcentual sobre o faturamento de cada unidade.
Logo, se a receita de uma operação cair, a tendência é que a arrecadação da marca também caia. E uma unidade mau gerida terá muito mais riscos de apresentar resultados negativos - como uma demora maior para atingir o ponto de equilíbrio, dificuldade em ter capital de giro ou até mesmo impossibilidade de se manter.