Quanto custa uma franquia de loja de perfumes? Veja 3 opções e dicas de especialista

Setor de saúde, beleza e bem-estar no Brasil teve crescimento de 15% no faturamento

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Foto do author Felipe Siqueira

Quanto custa para ter uma franquia de loja de perfumes? Está pensando em investir na área? O setor de saúde, beleza e bem-estar no Brasil registra crescimento de quase 15% no faturamento no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, indo de R$ 12,28 bilhões para R$ 14,2 bilhões. O número de unidades franqueadas também teve leve aumento de 0,4%. Os dados são da ABF (Associação Brasileira de Franchising).

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Ainda segundo a entidade, entre 2023 e 2024, houve um aumento de 9% no número de marcas para o segmento de perfumarias e crescimento de 4% no número de lojas - de 6,4 mil para quase 6,7 mil.

O setor teve um período sensível na última década. Algumas das principais empresas passaram por dificuldades financeiras e até mesmo pedidos de recuperação judicial. Apesar disso, Lucien Newton, vice-presidente da 300 Ecossistema de Alto Impacto, destaca a atual relevância do setor.

Modelo de negócio

As perfumarias tendem a ter boas margens e dinâmicas simplificadas de operação em loja física, mas têm dificuldades em relação ao marketing e à indústria, além de ter uma peculiaridade quando o assunto é royalties.

Operação tende a ser um pouco mais simples do que o varejo comum Foto: OlegDoroshin - stock.adobe.com

Os royalties mantêm a estrutura de um franqueador - quem vende as unidades franqueadas aos franqueados. É o que sustenta a transferência de know how, de uso da marca e permite melhorias ao longo do tempo. Costumeiramente, esta taxa é cobrada com um porcentual sobre o faturamento de uma determinada unidade. Em alguns casos, o valor da cobrança pode ser fixo por mês também.

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Esses dois tipos não ocorrem para perfumarias. O mais comum é que essa cobrança seja feita no momento da compra de produtos por parte do franqueado junto ao franqueador.

Marcas como a Natura e a Yes Cosmetics! cobram os royalties dessa forma, embutindo os royalties no preço do produto.

De acordo com Newton, isso pode ser encarado como uma estratégia das marcas para pagar menos impostos e aumentar a margem de lucro do negócio, já que a indústria - seja própria ou terceirizada - é bem cara.

“O porcentual aqui costuma ser maior do que os praticados em royalties sobre vendas e, além disso, é cobrado por pedido. Já vem o boleto da compra e o boleto dos royalties”, explica o especialista.

Uma outra peculiaridade está na operação. Tende a ser um pouco mais simples do que o varejo comum. Isso porque é muito mais fácil lidar com o estoque, já que o produto ocupa pouco espaço, fazendo com que seja possível receber mais itens em uma mesma operação logística.

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E ainda não tem produto perecível neste processo, como alimentos, que, por vezes, podem chegar a ter uma vida útil inferior a um mês, nem a necessidade de galpões, como é o caso de sapatos.

Os gastos na loja são com gôndola, iluminação, pontos de venda e funcionários. “O espaço é para experimentação. O problema maior é criar o desejo para que exista a visitação ao local físico”, ressalta Newton. E aí vem um dos principais desafios: o investimento em marketing. “O custo com isso costuma ser bem maior do que em outros segmentos.”

Há um outro agravante: a própria indústria. O especialista explica que, ao longo do processo de formalização, quando a indústria é pequena, costuma ter uma margem interessante.

Mas, a partir do momento em que passa a crescer, começa a dar prejuízo e só vai voltar a ficar no azul depois de ser muito grande.

“Isso é um gargalo tremendo para perfumarias, ainda mais que a produção costuma ser completamente centralizada pela marca, para garantir qualidade e o peso do nome, seja com uma indústria própria ou terceirizada.”

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Ou seja, se uma indústria de uma marca não tiver capacidade de produção, prejudica a franqueadora porque boa parte da margem está na venda dos produtos, com royalties embutidos, e prejudica o franqueado, que não terá o que vender. “Se chegar a esse ponto, quebra todo mundo”, finaliza Newton.

Veja dados de franquias de perfumes

Yes! Cosmetics

  • Investimento inicial: a partir de R$ 70 mil no modelo cápsula, que consiste em uma estrutura mínima, de menos de 3 metros quadrados, o que barateia o aluguel, além de poder ter apenas um funcionário na operação (incluso taxa de franquia, estoque, equipamentos e sistema e frete).
  • Royalties/mês: 30% em cima do valor de compra
  • Faturamento médio mensal: de R$ 25 mil a R$ 30 mil
  • Lucro médio mensal: de 18% a 22%
  • Prazo de retorno: de 10 a 15 meses
  • Prazo do contrato: 5 Anos

Água de Cheiro

  • Investimento inicial: de R$ 115 mil a R$ 185 mil
  • Royalties: incluídos no preço dos produtos
  • Faturamento mensal estimado: R$ 41,6 mil.
  • Lucro mensal: 15%
  • Prazo de retorno: de 18 a 24 meses.
  • Prazo de contrato: 5 anos

Natura

A marca não revela valores relacionados a franquias. Porém, como é de praxe no setor, cobra royalties por meio da venda dos produtos. Recentemente, uma subsidiária da marca - a Avon Products Inc. - entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, mas, segundo a Natura, este fato não atinge a operação de franquias no Brasil.

“O processo é restrito à Avon Product Inc., nos Estados Unidos, e subsidiárias não-operacionais. Na América Latina, não há qualquer impacto nas operações, pois a Avon é distribuída pela Natura, devido à integração das duas marcas - e tem apresentando progresso consistente.” Eles ainda acrescentam que não há lojas franqueadas nem operações próprias da Avon no País.

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Atualmente, a Natura têm 930 lojas, sendo que 775 são franquias.

  • Investimento inicial: não informado pela marca
  • Royalties/mês: incluso no produto
  • Faturamento médio mensal: não informado pela marca
  • Lucro mensal: não informado pela marca
  • Prazo de retorno: não informado pela marca
  • Prazo do contrato: não informado pela marca

Recuperação judicial e os cuidados do franqueado

Nós já abordamos os principais riscos e cuidados ao se comprar uma franquia de marca em recuperação judicial neste material sobre a Polishop, que passa por este contexto atualmente.

Newton, da 300 Consultoria diz que esse tipo de situação demanda do eventual novo franqueado uma atenção redobrada na hora de fechar o negócio.

“O franchising (regulamentado pela lei 13.966/2019) é muito seguro. Agora, precisa entender como vai funcionar a recuperação da marca franqueadora, se pode afetar franqueados de alguma maneira e se existe um bom plano para que, de fato, exista uma recuperação bem sucedida”, fala.

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Uma alternativa, inclusive, conclui o especialista, pode ser negociar melhores condições para saída do negócio, com menos multas por uma quebra de contrato antecipada, por exemplo, ou até mesmo eventuais gatilhos facilitadores em determinados cenários.

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