Quando se olha o raio x de uma franquia, ou seja, os valores e os prazos para que a operação possa ser viabilizada, um dos pontos que mais chamam atenção é o prazo estimado de retorno.
Ao examinar esse tópico, o empreendedor terá uma noção de quanto tempo o valor aportado no negócio vai demorar para ser pago de volta.
Como que esse período é definido? O que é levado em consideração para o cálculo? O Estadão conversou com especialista para responder a essas questões.
O sócio-diretor da Cherto Consultoria Américo José explica que, quando uma loja vai ser projetada pela marca, existe uma base de estudos para verificação de comportamento do consumidor na região e quanto tempo a operação pode levar para amadurecer e andar com as próprias pernas.
“Uma unidade em um shopping, por exemplo, costuma demorar de três a quatro anos para pegar volume de vendas. A não ser que já seja um ponto de uma marca que todos já conhecem e já tem um público completamente estabelecido”, diz.
Investimento inicial
O investimento inicial precisa constar na Circular de Oferta de Franquia (COF). Esse documento deve ser entregue com, pelo menos, 10 dias de antecedência à assinatura de contrato, pré-contrato ou pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado, conforme a lei 13.966/2019, que rege o sistema de franquias no Brasil.
No investimento inicial, precisam constar itens como custos com aquisição, implantação, viabilização do negócio, além de gastos com taxa de franquia, equipamentos e estoque inicial.
Portanto, quando se fala em prazo de retorno, isso significa o seguinte: o tempo em que todo esse custo vai voltar ao bolso do franqueado.
Segundo Américo, é possível calcular esse prazo quando o franqueado tem informações como investimento inicial total, faturamento médio mensal estimado e lucro médio mensal estimado.
Veja um exemplo prático
Imagine uma franquia com os seguintes dados:
Investimento inicial total estimado: R$ 250 mil
Faturamento médio mensal: R$ 100 mil
Lucro médio mensal: 15%
Prazo de retorno: 22 meses
Prazo de contrato: 5 anos
Como o faturamento é de R$ 100 mil/mês, com 15% de lucro, o franqueado vai conseguir tirar em média R$ 15 mil por mês.
Porém, o ideal, segundo Américo, é não usar todo o lucro. Ao menos 25% (R$ 3,75 mil) deveriam ser guardados para compor um colchão de reserva para a empresa, uma espécie de capital de giro. Isso ajuda a pagar as operações por pelo menos 90 dias, caso haja um evento adverso - como foi a pandemia de covid-19.
Portanto, por mês, em vez de R$ 15 mil, neste cenário, o empreendedor tiraria R$ 11,25 mil.
Basta dividir R$ 250 mil por R$ 11,25 mil. O resultado é 22. O empreendedor terá de esperar 22 meses para recuperar seu valor investido (sem considerar a inflação do período).
Mas vale lembrar que isso é estimativa, e a operação não vai gerar lucro logo no primeiro mês.
Existe um tempo de maturação do negócio até, efetivamente gerar um saldo positivo. Por isso a importância do capital de giro.
Além disso, esta é apenas uma estimativa de prazo, já que existem variáveis que precisam ser levadas em conta, como local de instalação e outros custos eventuais.
O faturamento também pode não ser constante, e o tempo de recuperação do dinheiro ser maior.
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