O empreendedor curitibano Daniel Mazur, de 40 anos, é apaixonado por carros desde criança. Ele começou fazendo “martelinho de ouro” (pequenos reparos em latarias de carros) de forma autodidata e se profissionalizou ao longo dos anos. Inspirado por um amigo viajante, decidiu levar seus conhecimentos para o exterior.
Com cidadania polonesa, Mazur encontrou facilidade para trabalhar na Europa, onde montou a empresa DM Hail Dent Repair e se tornou um prestador de serviços requisitado. Em 2023, faturou cerca de R$ 500 mil.
Ele conta que passa mais da metade do ano fora do Brasil, prestando serviços a grandes empresas automobilísticas ao redor do mundo.
Ao longo dos últimos dez anos, diz que visitou 19 países, incluindo Alemanha, Suíça, Itália, Espanha, França Canadá, México e Austrália. Entre seus clientes, estão marcas renomadas como Porsche, Audi, Mercedes-Benz, Cadillac, Lexus, Jeep, Dodge, VW Renault, Skoda, Fiat, Nissan, e GM.
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Consertos de estragos por granizo
Mazur aprimorou a técnica do ‘martelinho de ouro’, um método artesanal de conserto de lataria de veículos. “Atualmente, estou focando em reparar carros de luxo danificados por granizo, um nicho de mercado não atendido”, revela Mazur, que tem concentrado seus trabalhos na Espanha e na França.
Ele explica que, devido à falta de mão de obra especializada nesse ramo, as empresas procuram seus serviços internacionalmente. Apesar de manter uma oficina em Curitiba, a DM Serviços Automotivos, Mazur dedica a maior parte de seu tempo a trabalhos internacionais.
Ele considera continuar nesse estilo de vida por mais alguns anos antes de começar a ensinar sua técnica por meio de cursos, com o objetivo de formar novos profissionais internacionais. “O martelinho de ouro é uma técnica que se aprende, mas é preciso ter um certo dom também”, define Mazur.
O funileiro reflete sobre a evolução da técnica e a qualidade do serviço atualmente, destacando que, com o avanço da tecnologia e o acesso a informações, o serviço de martelinho de ouro se tornou mais rápido e preciso.
“O principal benefício dessa técnica é a preservação da pintura original, já que não requer lixamento ou aplicação de massa. Além disso, a técnica é altamente precisa e permite reparos em áreas de difícil acesso, como os cantos do veículo, resultando em um acabamento impecável”, explica.
Do Brasil para o mundo
Nos seus primeiros anos de trabalho no exterior, ele lembra que falava apenas um inglês básico e um espanhol mediano, mas a experiência e a demanda internacional o impulsionaram a aprimorar suas habilidades linguísticas.
Mazur destaca que, em média, passa de 6 a 8 meses no exterior, com a temporada de trabalhos intensos começando em março e indo até novembro.
Ele prefere trabalhar sozinho, e cada serviço é uma negociação. Em média, realiza cerca de 500 serviços por ano, recuperando carros danificados por chuva de granizo sem a necessidade de pintura.
“Os carros mais baratinhos são os melhores de fazer”, destaca. Mazur conta que, entre os veículos mais caros em que já trabalhou, está um Mercedes G63 avaliado em R$ 5 milhões no Brasil.
“Dependendo do contrato, os trabalhos podem ser sigilosos, especialmente quando se trata de carros de colecionadores.”
Desafios para o mercado internacional
Alcançar uma carreira internacional é o sonho de muitos profissionais brasileiros, mas o caminho para chegar lá pode ser repleto de desafios.
Embora não haja um único percurso a ser seguido, algumas etapas são fundamentais para se preparar adequadamente para o mercado de trabalho fora do país. Vanessa Martins, especialista em Internacionalização da ESEG, faculdade do Grupo Etapa, compartilha dicas sobre como se preparar para uma carreira no exterior:
1. Formação sólida e reputação acadêmica
O primeiro passo é buscar uma formação sólida em instituições de ensino de referência e com boa reputação nacional. Esse background acadêmico será um diferencial durante entrevistas e processos seletivos internacionais.
Profissionais que obtiveram resultados significativos no Brasil estão mais bem preparados para enfrentar a complexidade de uma carreira internacional.
2. Fluência em idiomas estrangeiros
A fluência em idiomas estrangeiros é essencial. Em muitas profissões, o reconhecimento dos títulos obtidos no Brasil é necessário, e a credibilidade das instituições de ensino será importante para a obtenção de equivalências.
Além disso, em áreas como a saúde, podem ser aplicados exames práticos e provas específicas pelos conselhos profissionais do país de destino.
Experiências de intercâmbio ou cursos no exterior também indicam que o profissional é capaz de pensar de maneira transnacional.
3. Qualificação profissional e exigências internacionais
Os requisitos de qualificação profissional variam significativamente entre o Brasil e outros países. Para profissionais de nível superior, por exemplo, algumas profissões que requerem bacharelado no Brasil podem exigir mestrado em outros países.
Portanto, é essencial entender as diferenças nas formações e adequar-se às exigências da função pretendida. Dominar o idioma local do país onde se pretende trabalhar é crucial, pois muitas vezes o profissional precisará lidar diretamente com o público e utilizar o idioma diariamente.
4. Setores com oportunidades no exterior
Atualmente, alguns setores oferecem mais oportunidades para profissionais brasileiros no exterior. Profissionais da área de tecnologia, finanças, cuidados com a saúde (em alguns países), produção de energia, engenharias, exploração de óleo e gás, hotéis, diplomacia, comércio internacional e ciências estão entre os mais demandados.
Esses setores apresentam uma relativa facilidade de inserção para profissionais qualificados que buscam oportunidades internacionais.
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