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Rebeca Andrade, Rafaela Silva: miniaturas de atletas fazem faturamento de loja saltar após Olimpíada

Memorabilia do Esporte fechou parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro para fabricar produtos licenciados; medalhas de Rebeca Andrade impulsionaram procura, que saltou 200% em 1 mês

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Foto do author Geovanna  Hora
Atualização:

Com apenas três anos de existência, a Memorabilia do Esporte, empresa do Rio de Janeiro que desenvolve, produz e vende itens colecionáveis de atletas e momentos históricos, já fez uma parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e faturou com Olimpíada de Paris 2024.

Fundada pelos jornalistas Sammy Vaisman, de 49 anos, e Bruno Neves, de 46, a empresa apostou em produtos licenciados do Time Brasil e alcançou um crescimento de 200% nas vendas durante as duas semanas da competição, em comparação com o mês anterior.

A ideia que deu origem à Memorabilia do Esporte: de miniaturas de carros a itens colecionáveis exclusivos

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Em 2021, Neves teve a ideia de produzir uma miniatura do carro Toyota Celica dado ao ex-jogador Zico na final do Mundial de Clubes de 1981.

Vaisman já era dono de uma agência de comunicação responsável pela assessoria de atletas como a ginasta Rebeca Andrade, a judoca Rafaela Silva e o canoísta Pepê Gonçalves. Ele conhecia o mercado de coleções, mas queria investir em algo que fosse raro e decidiu apostar na memorabília.

A Memorabilia do Esporte teve aumento de 200% em um mês com miniaturas de atletas brasileiros na Olimpíada. Foto: Divulgação/Memorabília do Esporte

Apesar de semelhantes, os dois segmentos têm diferenças importantes. “O colecionador pode definir as regras da sua coleção e organizar os itens de acordo com o seu gosto pessoal, enquanto a memorabília segue regras internacionais, que exigem que os artigos sejam únicos ou de séries limitadas e tenham certificação”, explica Vaisman.

Sem exemplos de sucesso no Brasil, eles foram buscar inspiração no modelo adotado pela NBA. A principal liga de basquete do mundo investe principalmente em produtos certificados e autografados, com lotes pequenos, para atrair os fãs.

O que os brasileiros querem em um item colecionável? Pesquisa revela as preferências do público

A dupla também contratou uma empresa para realizar uma pesquisa de mercado e entender quais eram as prioridades do público brasileiro. Um dos tópicos questionava por quais motivos o consumidor pagaria mais caro por um item colecionável.

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Com 5.000 entrevistados, o levantamento mostrou que as pessoas preferem as opções que tenham algum detalhe raro, como autógrafos e unidades numeradas, mas não se importam em investir um valor mais alto em produtos vendidos por empresas que não sejam oficiais.

“As lojas tradicionais focam nos torcedores, mas esquecem dos fãs de atletas. O torcedor vai comprar uma camisa de time, que tem milhares iguais. O fã vai buscar algo que represente o seu ídolo e seja único. A Memorabilia do Esporte surgiu para atender a essa demanda”.

Os principais produtos comercializados pela marca são miniaturas realistas, cards, pins, histórias em quadrinhos e pequenas medalhas feitas em parceria com a Casa da Moeda. Eles trabalham atualmente com cerca de 150 atletas de 20 modalidades.

A parceria com o COB e o sucesso na Olimpíada de Paris 2024

Uma parceria com o COB era o objetivo da Memorabília do Esporte desde o início, mas em 2021, a ideia não saiu do papel, já que ela ainda dava os seus primeiros passos. A situação mudou em junho do ano passado, quando Vaisman e Neves voltaram a conversar com a entidade e apresentaram um projeto mais robusto.

O acordo foi anunciado em julho, cerca de 20 dias antes do início da Olimpíada de Paris 2024. Apesar do prazo apertado, eles ainda conseguiram lançar objetos estampados pelo Ginga, mascote do Time Brasil.

Como as medalhas de Rebeca Andrade impactaram o faturamento

Segundo o jornalista, a projeção era de que a competição fosse trazer um aumento de 50% nas vendas, mas o crescimento chegou a 200%, especialmente após as medalhas conquistadas por Rebeca Andrade.

“A gente foi surpreendido, porque as vitórias da Rebeca não causaram só um aumento na procura por itens relacionados a ela, mas sim ao universo das Olimpíadas no geral”, afirma.

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Os objetos são vendidos pelo site da empresa, mas também estão expostos na loja do Time Brasil, no Rio de Janeiro, e no Parque Time Brasil, em São Paulo.

Vaisman aponta que ter um ponto físico que permite olhar e tocar a peça antes de comprar faz toda a diferença para a experiência do cliente, principalmente em um segmento que ainda está em processo de amadurecimento.

Além do COB, a empresa tem parcerias com clubes como o Botafogo, Fluminense e Internacional, além do Museu do Flamengo e da Stock Car, que também disponibilizam os itens em pontos físicos.

“Quando a pessoa vai em uma loja e gosta de um produto, ela passa para o e-commerce, mas já com o entendimento do que é a marca”, destaca.

Histórias em quadrinhos com Rebeca Andrade e Rafaela Silva vão ser lançadas

Com o fim do maior evento esportivo do mundo, materiais sobre os medalhistas recentes do Brasil devem ser lançados.

A história em quadrinhos de Rebeca Andrade está prevista para setembro e a de Rafaela Silva para o começo de 2025. As duas já tinham contratos com a marca, que espera o retorno de todos os atletas para negociar novos produtos.

O desafio de criar peças realistas: o caso Garrincha

A primeira peça, lançada há três anos, foi uma miniatura realista do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt. Apenas o protótipo demorou oito meses para ser finalizado. Já a do ex-futebolista Garrincha levou mais de um ano para ser aprovada.

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“O último jogo do Garrincha foi há mais de 50 anos, então não há uma variedade de vídeos e imagens disponíveis que ajudem a entender os detalhes dos movimentos, o que torna o trabalho mais complexo”, explica Vaisman.

Ele conta que o maior desafio foi encontrar fornecedores, principalmente escultores, modeladores e designers, já que os itens precisam reproduzir fielmente características humanas. Com exceção dos pins, medalhas e histórias em quadrinhos, todos os artigos são numerados.

Alguns produtos também têm lotes limitados, como os cards autografados, que têm até 100 unidades assinadas a mão pelos atletas, os cards simples, com mil unidades, e as miniaturas, que variam entre 150 e 500 unidades. Os preços começam em R$ 19,90 e chegam a R$ 10 mil.

Segundo Vaisman, uma peça exclusiva, com poucas unidades, números únicos ou que represente um momento especial, faz com que o cliente enxergue um valor afetivo no produto, o que justifica o investimento mais alto.

“A nossa intenção é resgatar a memória e mostrar como alguns atletas e momentos que foram esquecidos estão no mesmo nível de importância que outros mais conhecidos. O brasileiro ama o esporte, então a gente usa os itens colecionáveis e a paixão para exaltar os ídolos”, diz.

Avaliações de clientes

A Memorabília do Esporte não tem avaliações registradas no Google ou um perfil verificado no Reclame Aqui.

Dicas do Sebrae para quem quer empreender no mercado de colecionáveis

O gerente de relacionamento do Sebrae, Enio Pinto, dá dicas para quem quer empreender no mercado de colecionáveis. Ele explica que é necessário estar disposto a entender e realizar os sonhos dos clientes, o que exige ir além de atender a um simples desejo ou uma necessidade.

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Para começar, o gerente sugere que o empreendedor responda a três perguntas:

1) Tem afinidade com os produtos e se identifica com o ramo?

2) Tem capacidade de gestão (com destaque para a importância de especializações técnicas)?

3) O setor tem alguma lacuna que possa ser preenchida?

Segundo o especialista, após a análise do perfil, o ideal é entender melhor os três mercados: consumidor, fornecedor e concorrentes.

“É importante definir quem é o seu cliente, de onde virão os materiais essenciais para as suas peças e se a concorrência já está estabelecida ou ainda há brechas para novos negócios”.

Por envolver itens que geralmente trazem a imagem de pessoas ou personagens, ele aponta que é essencial ter um acompanhamento jurídico, para evitar problemas com direitos de imagem e propriedade intelectual.

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A próxima dica é seguir a regra do três Cs para definir o seu preço: custos, concorrência e cliente.

Enio Pinto explica que a análise dos gastos evita que se cobre menos do que o necessário para a produção, enquanto a concorrência indica quais preços já estão disponíveis no mercado, e o cliente mostra o valor limite que está disposto a pagar.

Ter uma loja online consolidada é determinante para o sucesso de um empreendimento, mas, segundo o especialista, os itens colecionáveis mexem com as memórias dos clientes, então também é importante investir em pontos físicos onde eles possam ter contato direto com as peças.

“É interessante ter um vendedor especializado, que possa explicar o valor agregado ao produto para o cliente e transforme a compra em uma experiência. Já a parte digital, além de ser um canal de vendas, também funciona como um catálogo, que precisa ser bem construido.”

O especialista aconselha que o empreendedor busque por referências consolidadas dentro do mercado para entender o que há de novo e criar suas próprias novidades. A dica é explorar não só as opções disponíveis no Brasil, mas também estudar quem lidera o setor no exterior.

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