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Franquia barata tem que ser vista como negócio, e não um emprego sem chefe, alerta especialista

Ao investir em franquias com baixo valor de aquisição, é preciso se organizar financeiramente, ter um capital de giro e saber em quanto tempo vem o retorno

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Foto do author João Scheller

As microfranquias (com valor de investimento de até R$ 135 mil) são uma opção mais acessível para quem quer começar um negócio e não tem muito dinheiro. Mas é importante tomar alguns cuidados para não se dar mal.

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É preciso ver a microfranquia como uma empresa normal, considerando os valores para o funcionamento dela e a própria remuneração do empreendedor.

Além disso, o franqueado deve analisar as vantagens que a franqueadora traz, para ver se isso justifica o investimento na marca em vez de empreender por conta própria.

Confira os principais pontos que devem ser observados para quem planeja investir em uma microfranquia:

Microfranquia não é um ‘emprego sem chefe’

O baixo valor de investimento pode levar o empreendedor a ver a microfranquia como uma alternativa ao trabalho assalariado, sem levar em conta a imprevisibilidade de tocar o próprio negócio - e todas as necessidades que ele traz. Esse contexto é relativamente importante, considerando que muitas microfranquias envolvem o trabalho de uma só pessoa, muitas vezes sem a necessidade de operação física dedicada.

Para José Sarkis Arakelian, professor da Faap e consultor em estratégia de marketing, o empreendedor deve, primeiramente, ponderar o quão maior será a sua remuneração com a microfranquia para justificar uma possível demissão e consequente aposta no investimento.

“Às vezes, o raciocínio é de que se eu tenho um salário hoje em uma empresa de R$ 5 mil por mês, se eu conseguir R$ 5,5 mil ou R$ 6 mil com a microfranquia e não tiver chefe, é uma boa opção. E não é”, afirma Arakelian.

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Baixo valor de investimento em microfranquias pode levar o empreendedor a ver a modalidade como uma alternativa ao trabalho assalariado Foto: Kobu Agency/Unsplash

“Com trabalho fixo em uma empresa, independentemente do desempenho em cada mês, o seu salário vai estar lá. No caso do microfranqueado, não. Ele tem que ter um ‘colchão’. O risco dele é muito maior, então a remuneração também tem que ser”, completa o professor.

Ele alerta para a necessidade de o empreendedor visualizar a microfranquia como um negócio comum, no qual ele mesmo trabalha, e recomenda que o investidor mantenha contas bancárias separadas para fazer a gestão financeira da companhia em paralelo com as finanças pessoais.

Também é importante que o empreendedor não invista todo o seu capital para a abertura de uma microfranquia, com a promessa de lucros futuros.

Atenção para o retorno sobre investimento e fluxo de caixa

O empreendedor deve saber qual o tempo necessário para repor os valores investidos na microfranquia e a quantia necessária para manter as operações da empresa.

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Essas informações devem ser obtidas com a franqueadora, mas também com outros franqueados da marca, que podem passar um cenário mais realista do dia a dia da franquia.

Arakelian elenca algumas perguntas importantes que o empreendedor deve se fazer antes de investir em uma microfranquia:

  • Quanto ele precisa investir?
  • Quanto tempo demora para o retorno do capital investido?
  • Qual é o capital de giro (recursos, entre eles financeiro e de estoque, necessários para que a empresa funcione)?
  • Qual é o ciclo do fluxo de caixa (todos os valores recebidos, gastos e previstos pela empresa)?

“O empreendedor deve checar e prestar muita atenção ao fluxo de caixa dele. Esse contexto é ainda mais importante ao se pensar em um perfil de investidor com uma restrição mais severa em termos de capital”, afirma o professor.

Vantagens da marca têm que justificar investimento

Investir em uma franquia tem algumas vantagens, como plano de negócio estruturado, apoio do franqueador e trabalhar com uma marca já conhecida. No caso de empresas mais famosas, isso é mais perceptível, com o investimento em branding e ações de publicidade, por exemplo.

No caso das microfranquias, esse diferencial muitas vezes não existe. Por causa disso, vale a reflexão por parte do empreendedor sobre a necessidade de se investir em uma franquia para exercer determinada função que poderia ser feita independentemente da ajuda do franqueador, como a venda de bijuterias ou seguros, por exemplo.

“Como a microfranquia me ajuda a criar valor? Às vezes, pode ter treinamento, pode ter acesso a uma tabela de preços especial, pode usar uma determinada marca que dê alguma facilidade no mercado. Mas essa pergunta precisa ser feita”, diz o professor.

Além disso, a marca tem que proporcionar ao empreendedor a possibilidade de expansão.

“Quando você está no mercado de trabalho, sempre pode ter novas oportunidades. A partir do momento em que você deixa de ser um empregado e se torna um microfranqueado, se o seu negócio não tiver um resultado melhor, você fica estagnado”, afirma Arakelian.

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