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PMEs investem em benefícios e cultura positiva para engajar funcionários

Negócios de menor porte buscam contratação mais assertiva, oferecem desenvolvimento profissional e estimulam conexão diária para reter talentos; veja dicas de iniciativas

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Foto do author Ludimila Honorato
Atualização:

Com uma marca empregadora ainda em construção, os micro, pequenos e médios negócios têm dificuldade de conquistar talentos. Por vezes, o salário também não é tão competitivo, o que estimula a criação de outros artifícios para atrair, engajar e reter. Benefícios flexíveis, desenvolvimento profissional e clima positivo estão no foco dessas empresas.

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“Quanto mais a empresa tiver ações de cultura, o profissional vai querer compartilhar espontaneamente, é orgânico, não tem como ser ditado”, afirma Távira Magalhães, diretora de RH da Sólides, empresa de gestão de pessoas para PMEs.

Uma das vantagens das empresas menores é o potencial de crescimento, o que pode ser um atrativo aos profissionais. Ser transparente com o candidato no processo seletivo e com o recém-chegado é essencial. “É falar dos resultados, onde a empresa está e onde quer chegar. Quanto mais compartilhar, mais atrai quem quer crescer com a empresa, porque, em termos de carreira, isso é muito significante”, afirma.

Távira percebe que as PMEs têm buscado ser mais assertivas na contratação para evitar o custo da rotatividade, que não é só financeiro. Uma escolha inadequada tem impacto também na produtividade e na cultura. Tanto que 59% dos 798 donos de micro, pequenas e médias empresas tiveram de fazer mudanças nas práticas de contratação e RH para atrair novos talentos, segundo pesquisa do site de empregos Indeed.

Na empresa de marketplace B2B de desenvolvimento de produtos Amicci, uma avaliação de fit cultural é feita no processo de recrutamento para entender se o perfil e valores do candidato se alinham com os da empresa. “Se elas compartilham dos nossos propósitos, elas vão ter sentimento grande de pertencimento”, diz Paulo Bittencourt, vice-presidente de gente e gestão da companhia. Com 180 colaboradores, a rede se enquadra como média empresa.

Paulo Bittencourt, vice-presidente de gente e gestão da Amicci, empresa de marketplace B2B de desenvolvimento de produtos Foto: Arquivo pessoal

Ele conta que a transparência também importa nesse momento para dar visão realista do negócio e evitar frustrações. Quando contratadas, as pessoas são perguntadas sobre seus sonhos para que se entenda como o trabalho pode ser um dos caminhos para a realização. “Como líder, tenho de preparar a pessoa para que ela consiga alcançar o sonho dela, ainda que não seja estar aqui daqui um ano.”

Engajamento no dia a dia

Para micro e pequenas empresas, a oferta de benefícios conflita com o caixa reduzido, mas nem tudo depende do orçamento. Para Vannessa Macena, fundadora da franquia Mundo Di Chocolate, são os detalhes que conquistam. Ter contato diário e direto com os 28 funcionários, chamá-los para um café, decorar a mesa da pessoa e celebrar o aniversário dela com bolo são diferenciais.

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“Esses momentos aumentam nosso elo, a parceria e a produtividade. São pequenas atitudes que demonstram que a gente se importa”, diz. Outros benefícios ajudam a reter os profissionais, como mapear, indicar e custear cursos que têm relação com o trabalho de algum colaborador e pagar 50% de uma graduação ou pós-graduação para pessoas que estão na empresa há seis meses.

A rede também oferece vale-alimentação e, no escritório, uma parceria com um restaurante permite que o funcionário escolha diariamente o prato que deseja para receber no local. “Estamos em bairro afastado, para o colaborador sair e voltar em uma hora é difícil. Eu preciso dar opções para eles, então essa parte da alimentação é um diferencial.”

Vannessa Macena, fundadora da franquia Mundo di Chocolate Foto: Mariana Graudin

Já na Cia Mandarine, empresa de moda corporativa com 30 funcionários, a implementação de benefícios veio a partir da escuta ativa. Logo que assumiu como CEO no início deste ano, Vinícius Loureiro Marques propôs uma pesquisa de clima para entender o cenário à época e o que poderia melhorar. Houve também uma compreensão dos desafios de negócio, sendo o principal deles a parte financeira.

Uma das primeiras iniciativas foi firmar parceria com a Caju Benefícios para descontar da folha de pagamento os vales de transporte e refeição. Com isso, a empresa proporcionou flexibilidade no uso dos recursos. Também, acrescentaram o vale-alimentação e passaram a conceder dias de folga para quem precisa, sem desconto, mesmo que não seja por questões de saúde.

“É uma mudança de cultura, da forma de encarar o trabalho. A gente não encara como 8 horas diárias, mas como uma série de demandas para entrega e tenta dar o máximo possível de flexibilidade”, diz Loureiro. Ele entende que esses atrativos são possíveis mediante uma relação de confiança e responsabilidade. “A pessoa acaba se engajando muito mais, porque entende que foi dada essa liberdade para ela e vai prezar por isso.”

Vinícius Loureiro Marques, CEO da Cia Mandarine, apostou em pesquisa de clima para identificar o que precisaria melhorar na empresa Foto: João Henrique Couto e Silva

A Amicci também não desconta o VR nem plano de saúde, sendo que a companhia arca com 60% do custo de saúde para dependentes. No desenvolvimento profissional, há benefício de R$ 600 por ano para cada colaborador investir em algo que vá acrescentar à carreira e ao negócio. A empresa também paga 80% do MBA para profissionais selecionados com alta performance nas avaliações. De oito a dez pessoas são beneficiadas por ano.

Outra iniciativa da companhia é convidar pessoas de alto desempenho para serem sócias da empresa, o que estimula o espírito de dono. Em linha semelhante, a Cia Mandarine prevê implementar a participação nos resultados, uma forma também de engajar os funcionários com custos e ganhos.

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Ações para engajar

“Quando a empresa não tem dinheiro, dar VR e seguro saúde sai mais barato do que o custo da rotatividade, de empregar uma nova pessoa e fazer novo treinamento. A conta financeira de benefícios se paga”, diz Johnny Reitzfeld, CEO da Amicci. Para Loureiro, as PMEs podem “usar a abusar” dos benefícios intangíveis como diferencial.

Távira Magalhães, especialista em RH, traz algumas iniciativas que podem fazer parte da cultura organizacional para gerar engajamento e pertencimento entre os colaboradores de pequenas e médias empresas:

  • Invista em benefícios flexíveis de alimentação e refeição, que se estendem ao núcleo familiar do profissional;
  • Ofereça benefícios de saúde e bem-estar, que sai mais em conta do que arcar com afastamentos;
  • Crie rituais de reconhecimento, como destacar quem teve o melhor resultado no mês e as ideias mais inovadoras. Um certificado impresso é um plus nesse momento;
  • Promova celebrações dos aniversariantes do mês;
  • Crie produtos relacionados à empresa, como canetas, cadernetas, canecas e camisetas com a logo. São itens que ajudam a fortalecer e disseminar a marca.
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