Produtos típicos do Brasil são opção para microempresas que querem exportar

Empresário fatura vendendo pamonhas na Europa; passo a passo mostra como entrar no mercado estrangeiro

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
Humberto Azenha Foto: Cris Castello Branco

Para uma empresa de pequeno porte nos dias de hoje, vender seus produtos para o exterior não é mais um passo muito grande para ser dado. Pelo contrário, investir em exportação, especialmente em um momento de recessão econômica, pode ser uma maneira de “colocar os ovos em cestas diferentes” e diminuir a dependência do mercado interno. Ao mesmo tempo, é uma maneira de levar a outros países produtos tipicamente brasileiros, um diferencial visto com bons olhos no mercado internacional. Somente no ano passado, as micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo exportaram mais de US$ 635 milhões, um pequeno crescimento em relação a 2014, quando esse montante foi de R$ 629 milhões. Isso mostra que mesmo em meio à desaceleração da atividade econômica no País, as vendas para o exterior se mantiveram. A crise não foi um obstáculo para o empresário Humberto Azenha, proprietário da Pamonha Gourmet, que desde meados do ano passado produz o típico alimento à base de milho para vender no exterior. “A ideia surgiu em dezembro de 2014, quando entramos em contato com importadores de produtos brasileiros na Europa e identificamos a demanda desse produto. A crise no mercado nacional não influenciou a nossa decisão de exportar, a empresa nasceu moldada para o mercado nacional e internacional”, afirma. Atualmente, a Pamonha Gourmet está presente em seis países europeus (Irlanda, Inglaterra, Bélgica, França, Espanha e Portugal), mas Azenha diz que está prospectando vendas para outros mercados na Europa, EUA, Canadá e Emirados Árabes. Instalada no município de Jambeiro, interior de São Paulo, a empresa tem hoje sete funcionários e planeja ter sedes fora do País – tudo com base em um crescimento planejado. “A exportação não alterou o nosso volume de produção, trabalhamos desde o início da empresa considerando ambos os mercados”, diz Azenha.

 Foto:

PUBLICIDADE

Portas Abertas O apelo dos produtos típicos brasileiros ou feitos com matéria-prima da flora nacional (caso de cosméticos e perfumes) pode abrir as portas para os empreendedores no exterior, mas o que realmente vai contar para o sucesso de uma empresa que pretende internacionalizar suas vendas é o planejamento cuidadoso e a qualidade dos produtos. “Para atender às exigências do mercado externo é preciso investir tempo – do empreendedor e da equipe – nesse assunto e focar em mercados específicos. Abrir muito o raio de atuação tende a potencializar o volume de normas a serem atendidas”, afirma o consultor do Sebrae-SP Gustavo Carrer, especialista em comércio exterior. Para ele, o empreendedor que pensa em exportar pode começar olhando para os mercados vizinhos antes de dar um passo maior. “Começar devagar e em mercados mais fáceis de atuação, como na América do Sul, facilita a diminuição dos ‘medos’ que o comércio exterior pode causar nas pequenas empresas”, diz Carrer. De acordo com o consultor, o planejamento para a empresa que pretende exportar deve levar em conta que não é possível depender de um mercado específico. “Uma empresa que consegue ter parte do seu faturamento no mercado interno, parte em um mercado de compras públicas e o restante no mercado externo reduz de forma exponencial as chances de fracasso e se torna muito mais competitiva”, explica. Ao mesmo tempo, adequar sua produção para mercados bastante exigentes, como Estados Unidos e União Europeia, faz com que o produto ou serviço oferecido no mercado interno também tenha um salto de qualidade. “Os clientes internos passam a valorizar o que está sendo entregue, pois percebem algum valor agregado. Sabe aquela expressão ‘produto tipo exportação’, que tacitamente é sinônimo de qualidade? É disso que se trata”, afirma. Assim como no mercado interno, a prospec- ção de clientes internacionais segue os mesmos princípios: participar de eventos, feiras e rodadas de negócios, além de utilizar representantes comerciais (no caso de exportação as Companhias Comerciais Exportadoras). “Da mesma forma que é feita com os clientes internos, é preciso visitar, almoçar, fazer diversas reuniões, enviar amostra, fazer venda em consignação, investir em merchandising”, diz Carrer.

Para os micro e pequenos negócios que são optantes do Simples, o consultor destaca que, além do limite de R$ 3,6 milhões em receitas por ano, o empresário pode vender outros R$ 3,6 milhões para o exterior. “Uma empresa que faturou R$ 7 milhões em um ano, sendo R$ 3,5 milhões no mercado interno e R$ 3,5 milhões no mercado externo, continua sendo Simples e aproveitando dos benefícios que o programa proporciona”, exemplifica.Conteúdo originalmente publicado no Jornal de Negócios, do Sebrae-SP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.