ESPECIAL PARA O ESTADO
As exportações de pequenos negócios não chegam a somar volume palpitante no total brasileiro, representando apenas 0,54% do mercado, segundo dados de 2017 (os mais recentes) compilados pelo Sebrae em órgãos como IBGE e ministérios. No entanto, entre os micros e pequenos, que representam quase metade (40,8%) das empresas que exportam, o valor gerado em negócios cresceu 37% desde 2011, somando US$ 1,1 bilhão em 2017. De olho nesse público, FedEx, Correios, DHL, Apex-Brasil e outros órgãos contam com programas para ajudar a PME a exportar.
Até o dia 10 deste mês, estão abertas as inscrições do programa anual da FedEx, que quer saber quais os sonhos do empreendedor para globalizar seu negócio e concede prêmio para as melhores histórias: R$ 100 mil para o primeiro lugar e R$ 40 mil para o segundo. Além disso, as duas empresas (que devem ter menos de 100 funcionários e faturamento anual de até R$ 3,6 milhões) recebem mentoria da FedEx.
O programa FedEx para Pequenas Empresas começou em 2012 nos Estados Unidos e aposta no potencial do nicho. “A FedEx vê um grande potencial de crescimento de pequenas empresas e acredita que pode ajudar na expansão internacional desses negócios”, diz Fabiano Fração, vice-presidente de vendas da FedEx Express para a América do Sul.
Uma das empresas já contempladas foi a Ecotag, de Blumenau (SC), que produz lacres de autenticidade com foco no mercado têxtil. Ficou em segundo lugar no programa em 2017 e ganhou R$ 10 mil, que o fundador da empresa, Júnior Souza, usou para conhecer o mercado do Peru. “Começamos a exportar no início de 2018. No Peru, quatro empresas compram nosso produto. Não é tão expressivo ainda, o dólar é muito caro, a nossa moeda é muito desvalorizada. Temos uma certa dificuldade em brigar com a China”, diz.
Atendimento
Para o especialista em comércio exterior e consultor do Sebrae Gilberto Campião, o empreendedor também precisa ter a cabeça “internacionalizada” e estar preparado para a demanda. “Às vezes, o empreendedor tem um site, o pessoal entra em contato e ele não responde, perde oportunidade. Tem de pensar no produto, no cliente lá fora, ajustar o idioma do site.”
Júnior Souza, da Ecotag, completa que, além da competitividade e da barreira do idioma, teve de entender a legislação de cada país. “Para mandar para o Peru é uma forma, para a Colômbia é outra. Aí você sai do Mercosul e muda tudo”, diz ele, que entrega produtos por FedEx ou DHL (a escolha é do cliente).
Além da parte logística da entrega, que empresas como FedEx, DHL e Correios realizam, o empreendedor precisa estar em dia com a documentação. Para um produto sair do Brasil, é preciso ter a Declaração Única de Exportação (DU-E). No caso do programa Exporta Fácil dos Correios, a empresa ajuda o pequeno com essa burocracia.
Na DHL, que diz ter mais de 2.000 pequenas e médias empresas como clientes, PMEs podem obter auxílio com questões burocráticas, além de ajuda com dicas de preparação e envio. “Temos especialistas locais que ajudam o exportador desde a análise da melhor rota, meio de transporte, documentações e até no cálculo da emissão de CO2 do seu itinerário”, diz Eric Brenner, CEO da DHL Global Forwarding Brasil.
Já o programa Brazilian Suppliers, uma parceria da Apex-Brasil com o Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx), foca em ajudar micros, pequenos e médios empreendedores por meio da conexão com Empresas Comerciais Exportadoras (ECEs) identificadas, que já possuem rede de compradores no exterior.
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