Publicitário que nasceu em favela e ganhou prêmios em Cannes cria banco de foto com cara brasileira

Plataforma Bamboo criada por Jorge Brivilati quer levar imagens que refletem o dia a dia do País a diferentes agências e produtoras

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Foto do author João Scheller

O interesse pelo audiovisual foi o motivo inicial que levou o ainda adolescente Jorge Brivilati, nascido na favela de Vila Ipiringa, em Niterói (RJ), a procurar um curso de Photoshop e dar os primeiros passos na carreira como publicitário. Cerca de 20 anos depois, ele coleciona passagens por grandes agências do País e seis leões no Festival de Cannes, na França (principal premiação mundial da categoria).

Agora, após fundar sua própria produtora de filmes, Brivilati voltou a empreender no setor e criou um banco de imagens 100% brasileiro. A ideia é oferecer fotos e vídeos de qualidade para diferentes marcas - com atores, cenários e características originais do País -, ao mesmo tempo em que valoriza o trabalho dos profissionais que colaboram com a plataforma.

Jorge Brivilati passou por diferentes agências de publicidade antes de fundar a produtora de filmes Bravo e o banco de imagens Bamboo Foto: Tico Pereira

Falta cara do Brasil nos bancos de imagem

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Vendo a dificuldade que o setor audiovisual tinha em encontrar imagens com atores verdadeiramente brasileiros, Brivilati teve a ideia de criar um novo banco de imagens, batizado de Bamboo.

A plataforma, que começou a operar no início de 2022, funciona como um sistema onde agências de publicidade e produtoras audiovisuais podem comprar fotos e vídeos para serem utilizados em campanhas.

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Segundo ele, o grande problema dos bancos usados atualmente é a falta de conexão das imagens e vídeos com a realidade do Brasil.

“A gente tem imagens hoje que nenhum outro site do mundo tem. Nossa força está exatamente nelas, que representam a cultura e o nosso território com qualidade”, afirma.

O publicitário menciona que o diferencial da plataforma, para além da curadoria, está na relação com os produtores audiovisuais, que terão um incentivo maior para se tornarem parceiros da plataforma, ao receber mais pelos materiais disponibilizados na Bamboo em comparação com outros bancos.

“O objetivo é ele ver a plataforma como uma fonte de renda, e não um extra”, explica, mencionando que alguns parceiros conseguem faturar entre R$ 3 mil a R$ 4 mil mensais com os conteúdos licenciados.

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“Existem outros bancos de imagem, mas acredito que eles não tiverem sucesso por conta do modelo de negócio e a falta de curadoria. Eu queria criar um formato diferente, mais pautado numa economia criativa e colaborativa”, afirma Brivilati, que concilia o trabalho na Bamboo com sua produtora de filmes Bravo.

Brivilati fundou a Bamboo, que começou a operar no início de 2022 Foto: Tico Pereira

Curso de Photoshop levou ao primeiro emprego

Brivilati sempre foi interessado pelo audiovisual, mas teve o primeiro contato mais direto com design a partir de um curso básico de Photoshop que fez durante o ensino médio.

Com os conhecimentos que adquiriu a partir dali, foi se aprimorando e conseguiu o primeiro emprego sem ter iniciado um curso superior.

“Eu vi que existia um termo, que era direção de arte, e comecei a concorrer a vagas sem saber por completo o que significava ser um diretor de arte”, relembra, mencionando o primeiro trabalho na varejista on-line Shoptime.

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“Eu tinha muito talento para ser lapidado, mas não tinha profissionalismo”, diz Brivilati sobre os primeiros anos de carreira.

Ele passou alguns anos trabalhando no Rio antes de se mudar para São Paulo, onde passou pelas principais agências de publicidade do País, como a AlmapBBDO e a WMcCann, de Washington Olivetto.

“Depois de um tempo, quando comecei a estudar cinema, vi que era disso que gostava. Como ainda precisava me desenvolver, fui fazer um curso, aprendi a fotografar em película e a dirigir um filme e todos os processos de produção.”

Oportunidade de dirigir comercial levou à criação de produtora

A oportunidade de dirigir uma websérie de comerciais na agência em que trabalhava fez com que o publicitário pegasse gosto pela direção de filmes e o levou a abrir em sociedade com um colega a Casa de la Madre, sua primeira produtora de filmes.

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“Eu tive que fazer aquela empresa acontecer em seis meses. Era o valor que eu tinha da rescisão, senão era voltar a trabalhar em uma agência”, conta Brivilati.

Foi nessa época, que ganhou o seu primeiro leão em Cannes, ao dirigir filme da campanha da Huggies “Conhecendo Murillo”, de 2015. Mostrava um projeto que permitia grávidas com deficiência visual conhecer seus bebês por meio de impressões de ultrassom 3D.

No total, foram 13 prêmios em Cannes na carreira de Brivilati, sendo seis leões - por campanhas para Huggies, Globo e Colgate.

Em 2019, o publicitário encerrou a sociedade com o parceiro de negócios com quem comandava a Casa de la Madre e passou a apostar em sua carreira solo com a Bravo Film Company.

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Lançada em 2020, a produtora já fez documentários, clipes musicais e filmes comerciais para marcas como Netflix, Coca-Cola e Ford.

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