"O que salva um negócio é vender", define o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit. Porém, segundo a pesquisa 'Dificuldades das MPEs em 2019', desenvolvida pela entidade, vender é justamente o principal problema enfrentado por cerca de um terço (33,7%) dos entrevistados nos primeiros seis meses do ano. A segunda maior dificuldade citada pelos donos de pequenas e médias empresas é atuar em ambiente de incerteza econômica e política, representando 10,4% das respostas. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de pequenos negócios.
No segmento de roupas infantis e brinquedos há mais de 25 anos no mercado, a loja Conversa com Criança, localizada no bairro dos Jardins, região central da capital paulista, sentiu os efeitos da crise com a queda nas vendas. Segundo a proprietária da loja, Ana Silvia Barreira Margutti Folini, o negócio passa por dificuldades desde 2018. “Achamos que esse ano iria melhorar, mas as vendas estagnaram de novo. Temos dias bons, mas ele se dilui perto dos dias ruins", diz.
Para driblar a crise, a empreendedora conta que fez reduções de custos, parcerias, abre a loja em horário estendido e passou a realizar vendas à domicílio. “Não inaugurei o negócio agora, tenho movimento, clientela cativa e credibilidade no mercado. As pessoas realmente não estão comprando. Temos que fazer adaptações para sobreviver. Mesmo assim, fica difícil fechar as contas”, ressalta.
Faturamento
Além das adversidades apontadas pelos empreendedores, a pesquisa do Sebrae-SP também indica que as PMEs encerraram o primeiro trimestre de 2019 com aumento de 5,2% no faturamento em comparação ao mesmo período de 2018. No entanto, segundo Wilson Poit, diretor-superintendente da entidade, a elevação no indicador de receita não foi suficiente para colocar o faturamento no patamar do período pré-recessão vivido pelo país. “As coisas melhoraram um pouco, mas ainda não são como eram. Passamos por muitos anos de dificuldades.”
O levantamento ainda destaca as soluções dos entrevistados para enfrentar a crise e aumentar o faturamento. Investir em divulgação é a aposta de 18,7% dos participantes do estudo e conquistar novos mercados é a medida tomada por 13,9%. Neste contexto, 24,4% não souberam designar uma maneira de lidar com as complicações e 11,9% acreditam que devem esperar a melhora da economia.
Para o diretor-superintendente, o número de pessoas que não souberam indicar como superar o momento é preocupante e esse fato esbarra em um problema recorrente entre os pequenos negócios: a falta de educação e capacitação empreendedora para agir em situações difíceis. “Existem soluções para aumentar as vendas que os empreendedores podem começar a fazer hoje e que independem dos fatores externos”, ressalta Poit.
*ESTAGIÁRIO SOB A SUPERVISÃO DO EDITOR DE SUPLEMENTOS, DANIEL FERNANDES
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