O tradicional cuscuz nordestino ganhou uma nova cara na periferia de São Paulo com o restaurante Oxente! Tem Cuscuz?, fundado em 2021 pelos alagoanos Cássio dos Santos Gomes dos Santos, de 26 anos, e sua mãe, Maria José dos Santos, de 49 anos. Localizado no Capão Redondo, zona sul da capital paulista, o restaurante chamou a atenção nas redes sociais pela variedade do cardápio e pelos vídeos virais.
Do delivery para o sucesso: a história do Oxente! Tem Cuscuz?
A história do Oxente! Tem Cuscuz? começou em janeiro de 2020, quando Cássio e Maria José, após perderem seus empregos no setor de serviços e se mudarem de Delmiro Gouveia, Alagoas, começaram a vender cuscuz para os vizinhos. Inicialmente, o negócio era focado no delivery, com a divulgação sendo feita principalmente nas redes sociais.
Porém, à medida que a demanda aumentava, principalmente com filas de clientes e motoboys, eles decidiram abrir um restaurante físico em 2021.
Em 2022, tiveram que mudar para um novo local devido à enorme fila de espera, que chegou a ter mais de 50 pessoas e durar até três horas.
Atualmente, o restaurante serve mais de 3 mil unidades de cuscuz por mês e atende a cerca de 2 mil pessoas no mesmo período e conta com uma equipe de mais de 15 funcionários.
Entre os itens mais populares do cardápio, estão o Alagoinha, recheado com carne seca, queijo coalho, vinagrete e uma camada extra de queijo, e o Delícia, que combina banana da terra com carne de costela. Os preços variam entre R$ 12,99 e R$ 35,99.
Um cardápio nordestino para todos os gostos
“O estabelecimento oferece quase 20 opções salgadas de cuscuz, com ingredientes como carne seca, costela bovina, calabresa, frango desfiado, muçarela, requeijão, banana da terra, vinagrete, queijo coalho, ovo mexido e pimentas. Além disso, há versões doces, como cuscuz com coco, goiabada com queijo, creme de chocolate, leite em pó ou doce de leite. O cardápio também inclui tapiocas, pastéis e bebidas regionais, como cajuína e guaraná Jesus.”
Uma recente publicação no X (antigo Twitter) teve quase 1 milhão de visualizações, enquanto o conteúdo mais visto no Instagram soma mais de 9 milhões.
Wesley Almeida, sócio do restaurante, explica que os pratos levam nomes de cidades alagoanas e nordestinas e são feitos com o tempero criado pelo avô materno de Cássio, Joaquim José dos Santos.
“Fizemos adaptações ao paladar de São Paulo, que não está acostumado com o sabor forte do Nordeste, e conseguimos agradar a todos. Apesar de haver outras empresas em São Paulo que também fazem cuscuz, o nosso é feito visando uma memória afetiva e familiar.”
Viralização nas redes sociais impulsiona as vendas
Almeida acrescenta que os pratos como o São Francisco e o Alagoinha têm atraído muita atenção nas redes sociais, especialmente por causa da apresentação.
“O São Francisco e o Alagoinha chamam mais a atenção na internet por conta da montagem. Eles chegam à mesa só com o cuscuz amarelo recheado, e o garçom derrama a cobertura. Então fica bonito no vídeo e também é muito saboroso”, explica.
Após a viralização nas redes, as vendas aumentaram em 300%, embora o restaurante não tenha divulgado números exatos. De acordo com eles, há filas de espera nos fins de semana, e eles avaliam ampliação. A empresa não divulga o faturamento.
“Estamos planejando começar o processo de franquia do nosso restaurante em breve. Inicialmente, queremos abrir novas unidades aqui em São Paulo e, posteriormente, expandir para outras regiões. Já estamos nos preparando para dar início a essa expansão”, comenta Wesley.
Avaliação de clientes do restaurante de cuscuz
O Oxente! Tem Cuscuz? recebeu uma classificação de 4,7 de 5 estrelas no Google e teve quase mil avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários destacam a qualidade do atendimento, dos produtos e a variedade do cardápio.
Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, comentários positivos ou negativos podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.
No site Reclame Aqui, a empresa não tem avaliação.
A opinião de especialista: dicas para o sucesso do cuscuz
Warley Silva, analista de alimentos e bebidas do Sebrae, destaca que uma estratégia eficaz para apresentar o cuscuz como prato principal é investir em uma apresentação criativa que o harmonize com outros sabores, permitindo ao cliente desfrutar de uma experiência gastronômica completa.
Para alcançar esse objetivo, o papel do atendimento é fundamental. Capacitar os atendentes para implementar estratégias que destaquem o cuscuz, comunicando seu valor e diferenciais ao cliente, pode ser decisivo para o sucesso do prato no menu.
Além disso, Warley sugere que tendências atuais, como sustentabilidade e saúde e bem-estar, podem ser aproveitadas na elaboração do cuscuz.
Por exemplo, o prato pode ser servido com grãos ou sementes, o que não só aumenta seu valor nutricional, mas também o torna uma opção atraente para consumidores que buscam uma alimentação leve e saudável.
Essa abordagem pode agregar valor ao cuscuz, posicionando-o como uma escolha inteligente e consciente.
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Precificação estratégica para garantir a lucratividade
A precificação dos pratos também é um aspecto crucial na gestão de um restaurante, segundo Warley. É essencial encontrar um equilíbrio entre a necessidade de garantir a lucratividade do negócio e a percepção de valor do cliente.
Para isso, fatores como o custo de produção do prato, a margem de lucro desejada, a percepção de valor pelo cliente e os métodos de precificação devem ser cuidadosamente considerados.
Warley enfatiza que o preço ideal é aquele que assegura a rentabilidade do negócio sem afastar os clientes.
Ao definir os preços, é importante ajustar esses fatores de acordo com as necessidades e realidades específicas do restaurante, garantindo assim um posicionamento competitivo e atraente no mercado.
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