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De costureira a CEO: A trajetória de Kelly Kim, que faz roupas usadas por Manu Gavassi e Anitta

A empresária investiu seus poucos recursos em retalhos para sobreviver e fundou a Calma São Paulo

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Kelly Kim, CEO e fundadora da marca paulistana de roupas Calma São Paulo, começou um negócio com R$ 500 e hoje fatura R$ 8 milhões. Nascida em São Paulo, filha de pai coreano e mãe paraguaia, Kelly começou a trabalhar com costura aos 13 anos, utilizando as máquinas que eram de seus pais. Aos 34 anos, criou a primeira peça de sua marca e, hoje aos 40, celebra a abertura de duas lojas físicas, uma na Vila Madalena, em São Paulo, e outra em Botafogo, no Rio de Janeiro, inauguradas em 2020 e 2023. Suas criações já foram escolhidas por celebridades como Anitta, Manu Gavassi e o cantor colombiano J Balvin.

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A ideia para a Calma São Paulo surgiu de um período de dificuldades. Após retornar de uma temporada na Ásia, Kelly enfrentou rejeições consecutivas em entrevistas de emprego. Com os últimos R$ 500 de seu cartão de crédito, comprou retalhos e, junto de seu marido e sócio, o francês Adrien Gingold, e sua mãe, confeccionou a primeira jaqueta da marca em 2018, marcando o início de sua jornada empresarial.

Apesar de um começo desafiador, com vendas iniciais majoritariamente para amigos, a marca alcançou um faturamento de R$ 155 mil em seu primeiro ano, crescendo exponencialmente para R$ 8 milhões em 2023.

Os kimonos, peças-chave da coleção de primavera/verão, destacam-se entre as criações da Calma São Paulo, refletindo o estilo vibrante e colorido que define a marca. A divulgação inicial, impulsionada por amigos do casal nas áreas artísticas e de comunicação, levou as peças até Anitta e, posteriormente, J Balvin, ampliando significativamente a visibilidade da marca.

Pensando em inclusão, Kelly desenvolveu uma linha de vestuário sem gênero e com uma variedade de tamanhos, inspirada tanto pela diversidade de seu ciclo de amigos quanto por suas experiências na Ásia. Essa abordagem democrática permite que mais pessoas se sintam representadas e valorizadas pelas peças da Calma São Paulo.

Kelly Kim, criadora da marca Calma São Paulo, em Nova York, em 2023. Foto: Reprodução Instagram/Creke Aires

Viagem com o marido para a Ásia

Kelly conheceu Adrien Gingold no Carnaval do Rio de Janeiro em 2014. Dois anos depois, em 2016, casaram-se e embarcaram em uma jornada pelo continente asiático, explorando seis países: Índia, Sri Lanka, Malásia, Vietnã, Tailândia e Laos.

A escolha pela Ásia deveu-se ao desejo de estar em um local neutro para ambos. Durante essa viagem, o casal teve a oportunidade de trabalhar voluntariamente em uma cooperativa de mulheres no Vietnã, que produzia tecidos a partir do cânhamo, uma fibra derivada da cannabis.

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Essa experiência inspirou-os a adotar um estilo de vida semelhante ao dessas mulheres, focado na simplicidade e na conexão com a natureza.

Após retornar ao Brasil, Kelly enfrentou dificuldades para encontrar emprego na área da moda, apesar de sua vasta experiência e formação. Ela trabalhou em diversos cargos, desde assistente de modelista até costureira, e participou de competições como as Olimpíadas do Conhecimento nos anos 2000.

Aos 21 anos, ingressou na faculdade de moda, ampliando seu conhecimento para além da técnica e explorando as dimensões artísticas e históricas da moda. Kelly também se especializou em fotografia e sempre buscou aperfeiçoar suas habilidades.

Aparição no BBB

Em 2020, durante o auge da pandemia, a marca Calma São Paulo, fundada por Kelly, ganhou destaque nacional quando Manu Gavassi, participante do Big Brother Brasil, usou uma de suas peças. Anteriormente, artistas como Anitta e J Balvin já haviam usado peças da marca, mas a exposição no BBB 20, proporcionou um alcance sem precedentes.

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A estratégia de marketing de Gavassi, que incluiu a marca em seu conteúdo para redes sociais durante o confinamento, foi crucial para esse sucesso.

Em 2023, a Calma São Paulo colaborou com a marca Ipanema em uma coleção de sandálias estampadas, que rapidamente se esgotaram, gerando um faturamento de 60 mil reais. Essa parceria foi descrita por Kelly como uma “collab perfeita”.

Kelly enfatiza a importância da escuta, da comunicação assertiva e da troca de experiências com sua equipe, composta majoritariamente por jovens de 20 a 30 anos. Recentemente, ela e Adrien completaram um curso de gestão de empresas de um ano e meio, visando aprimorar suas habilidades de liderança e gestão.

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O casal tem grandes aspirações para a Calma São Paulo, incluindo oferecer cursos e oportunidades para pessoas que, assim como Kelly, enfrentam dificuldades para ingressar no mundo da moda. Kelly, que aprendeu a costurar através de cursos gratuitos oferecidos pelo Senai, deseja retribuir a ajuda que recebeu, proporcionando a outros a chance de realizar seus sonhos na moda.Avaliações de clientes

Avaliação de clientes

Quando esta matéria foi produzida, a Calma São Paulo tinha 15 queixas no site Reclame Aqui. Respondeu a 66,7% dos cliente. Os problemas relatados incluem prazo de entrega, troca de produtos e atendimento.

No Google, a loja de São Paulo possui uma nota de 4,7, com 195 avaliações até a publicação deste texto. Os comentários elogiam a qualidade das roupas, do atendimento e o ambiente que é oferecido aos clientes.

No Rio de Janeiro, a loja obtém nota máxima e apenas 10 avaliações até o momento. Os relatos também são de usuários que gostaram de suas experiências de compra e do atendimento dos funcionários.

É difícil atender público muito amplo, diz analista

Para Marília Carvalhinha, engenheira de produção, consultora de pequenas e médias empesas e coordenadora da pós-graduação de Negócios de Moda da FAAP, a proposta de fazer uma coleção sem gênero é um ponto positivo para a marca, olhando pela ótica estratégica de marketing, pois, ao contrário do antigo mercado da moda, a Calma se preocupa em abranger diversos tipos de pessoas, e não se agarra a estereótipos.

Porém pode ter um desafio grande em relação à produção e estoque. De acordo com a especialista, devido à demanda em produzir uma quantidade mais diversa de peças, a marca pode sofrer consequências financeiras.Carvalhinha também diz que é difícil atender a um público muito amplo. “Muitas vezes, quando a marca quer atender a todos, é mais difícil fazer com que as pessoas se reconheçam. Tem até uma frase que diz que quem vende para todo mundo não vende para ninguém”.

A especialista afirma que empreender no ramo da moda é difícil, pois é um mercado complexo, com retorno financeiro muitas vezes demorado. “A administração de fabricação, estoque, lançamentos, liquidações é uma dinâmica que a pessoa deve entender e aprender a gerenciar.”

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