Uma das maiores franquias do País, a Seguralta viu um crescimento exponencial nos últimos 15 anos. De uma pequena empresa de seguros de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, com uma matriz e duas sucursais, a companhia chegou ao posto de terceira maior microfranquia do Brasil, segundo ranking do setor, com mais de 1,6 mil unidades. Em 2023, a empresa chegou a um faturamento de R$ 770 milhões em prêmios de seguro, um crescimento de 27% em relação ao ano anterior.
Essa virada de chave ocorreu num momento difícil para a empresa, fundada por Reinaldo Zanon Filho em 1968. Com um crescimento de grandes marcas de seguros no País, a Seguralta não via os negócios irem bem. Em 2007, devia cerca de R$ 300 mil e com poucas chances de prosperar em um mercado cada vez mais competitivo. Foi a aposta no modelo de franquias, estruturado pelos filhos Gustavo e Reinaldo Zanon no ano seguinte, que fez com que a empresa despontasse.
Reinaldo, 42, que é atual CEO do Grupo Zanon, do qual a Seguralta faz parte, havia atuado na multinacional de cosméticos Herbalife na gestão de revendedores dos produtos da marca até meados dos anos 2000. Quando percebeu que o pai estava prestes a vender a empresa, colocou o conhecimento que havia adquirido na antiga companhia para começar o modelo de franquias da seguradora.
Modelo de negócio e perfil do franqueado foram essenciais
Depois de seis meses de estudos para lançar as franquias, veio o baque: nenhuma venda concluída em todo o primeiro ano do novo projeto. “Foi nesse momento que percebemos que nosso franqueado não era quem já estava no mercado de seguros e sim quem queria entrar nele”, afirma Reinaldo Zanon.
A mudança foi essencial para entender quem prospectar e como formatar o modelo de franquias, que até os dias atuais é pensado para quem quer entrar no ramo de corretagem de seguros sem fazer um investimento grande.
As operações da Seguralta são classificadas como microfranquias porque têm um investimento inicial abaixo de R$ 135 mil, mas as unidades da marca têm um custo inicial ainda menor, a partir de R$ 35 mil. Isso porque o franqueado pode começar a vender os seguros ofertados pela empresa da própria casa, sem precisar de um espaço físico dedicado.
“Quando o franqueado monta a loja, tem que ter um capital de giro muito alto, o que dificulta”, explica Reinaldo. Segundo ele, a empresa incentiva que novos franqueados comecem operando no modelo home office ou em um pequeno escritório e somente depois de um tempo de operação migrem para modelos maiores.
Foi com a estruturação desses modelos de franquia que as unidades da Seguralta começaram a ser vendidas rapidamente. “Nós chegamos durante alguns anos num pico de vender quase 300 franquias por ano”, afirma Reinaldo.
Recentemente a média da empresa tem sido comercializar pouco mais de 200 novas franquias por ano, mas há planos para uma expansão mais agressiva, inclusive com uma nova aposta num modelo voltado para quem já é corretor.
Foco em seguros para pessoas físicas e PMEs
Com foco na venda de produtos para pessoas físicas e pequenas e média empresas, a Seguralta opera majoritariamente com a venda de produtos de seguro de outros companhias, como Porto Seguro e Allianz, por exemplo. Há opção de seguros de carro, de vida, para a casa, entre outros produtos comuns no varejo do setor.
Segundo Zanon, como a Seguralta já possui um rol grande de licenças disponíveis para operar, oferece uma vantagem frente a quem deseja começar um negócio de forma independente, já que esse corretor teria que buscar as licenças em várias companhias de seguros diferentes antes de começar.
Além disso, a cartela de clientes, leads (potenciais clientes), suporte e know-how do negócio oferecidos pela franqueadora são outros chamativos.
Nos últimos anos, a Seguralta passou ainda a oferecer alguns produtos próprios, como um consórcio administrado pela Caixa e serviços de seguro da Flix Seguradora, comprada pela Seguralta em 2022.
Veja análise de especialista sobre o negócio
Para Leandro Reale, consultor de negócios do Sebrae-SP, o modelo de franquia apresentado pela empresa é vantajoso para quem não pode ou não quer passar pela curva de prospecção de clientes e licenciamento para operar com uma gama grande de seguradoras logo no início das operações.
“Quem quiser entrar no mercado com tudo vai economizar tempo. Se o empreendedor for comparar, nos primeiros dois ou três anos, deve ter resultados melhores do que se empreendesse sozinho”, afirma o consultor.
Apesar disso, pontua ele, o tempo do contrato de franquia (de dez anos, no caso dos modelos iniciais da Seguralta) pode ser um empecilho para o empreendedor no longo prazo.
“Ele já construiu uma base de clientes, tem um relacionamento com eles, mas vai continuar pagando eternamente esses 25% de taxa (referente às taxas de royalties cobradas pela empresa)”, complementa.
Ele pondera, porém, que a assistência prestada pela franqueadora e as ferramentas para prospecção de clientes podem compensar as taxas cobradas.
É recomendável ainda que o empreendedor busque conversar com outros franqueados da empresa antes de adquirir uma unidade da marca.
Assim, ele pode saber mais sobre o dia a dia da operação, entender qual é a assistência prestada e analisar se vale a pena para ele empreender por meio da franquia.
Avaliação de clientes
Na plataforma de atendimento ao consumidor Reclame Aqui, a Seguralta não possui uma boa avaliação. A companhia acumula um total de 64 reclamações recebidas desde 2021 e, apesar de ter respondido 95% dos contatos, é avaliada com uma nota 4,6 de 10.
Para a empresa, a quantidade de reclamações é baixa frente ao número de unidades e clientes atendidos pela empresa. “Buscamos responder a todas as reclamações e realizamos periodicamente treinamentos e capacitações com a equipe comercial e de atendimento, a fim de oferecer a melhor assistência possível aos nossos franqueados e clientes”, afirma a Seguralta em nota.
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Dados de investimento nas franquias da Seguralta
- Investimento inicial: a partir de R$ 35 mil
- Tempo de retorno: entre 8 e 12 meses
- Faturamento médio mensal: de R$ 10 mil a R$ 15 mil
- Lucro médio mensal: média de 50%
- Prazo de contrato: 10 anos
- Royalties/mês: 25% do faturamento
Os dados são referentes ao modelo de franquia “Home office”, onde não há necessidade de ter um espaço físico dedicado. Há ainda os modelos de franquia “Basic”, com investimento inicial a partir de R$ 65 mil, onde o empreender tem um pequeno escritório, e a franquia “Standard”, com investimento a partir de R$ 135 mil, num formato de loja.
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