Quando decidiu entrar na aviação, Jorge Bitar Neto não tinha precedentes familiares na profissão. Como também não tinha dinheiro no instante em que, depois de apenas 40 horas pilotando, resolveu abrir uma companhia de táxi aéreo – o sonho se realizou por conta da ajuda do pai, dono de uma lanchonete e um posto de combustível no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo. Em nome desses empreendimentos, ele conseguiu financiar um helicóptero, avaliado em US$ 80 mil, e começou o empreendimento. ::: Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: Hoje, 14 anos depois, Bitar Neto administra a Helimarte, empresa com 13 aeronaves (nove helicópteros e quatro aviões) orçadas em R$ 21 milhões. Na cidade onde o departamento de trânsito emplaca mais de mil carros por dia, ele fatura R$ 14 milhões por ano oferecendo um atalho a quem não pode ficar parado no trânsito e tem recursos para viajar pelo alto até o seu destino.
O exemplo do empresário paulistano é emblemático no segmento, que movimenta R$ 3,5 bilhões, segundo estimativas feitas pela Associação Brasileira da Táxis Aéreos (ABTaer), e engloba 240 companhias, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Um mundo dividido atualmente em duas categorias: o time de elite, composto por oito empresas que abocanham a metade do setor (Líder, Senior, BHS e TAM Aviação Executiva estão entre essas companhias), e os 232 negócios restantes. Pequenos empreendimentos com receitas que atualmente não ultrapassam R$ 30 milhões, principalmente em virtude do alto custo que envolve a operação. O que leva o empresário a buscar na criatividade alternativas para ganhar espaço.
“O mercado está só crescendo. Em São Paulo, é cada vez mais trânsito, cada vez mais as pessoas se sentem inseguras, mesmo com o carro blindado. Mas pagamos muitas taxas e temos um alto custo com manutenção. E o empresário do ramo muitas vezes não sabe inovar e nem fazer a conta do jeito certo”, afirma Bitar Neto.
De fato, segundo especialistas, o segmento de táxi aéreo vive no Brasil um período de desenvolvimento. No entanto, a complexidade de tocar uma operação na área exige uma gestão boa de números e com empresários que tenham faro pra lá de apurado para novas oportunidades.
“Se hoje temos 240 empresas, pouco tempo atrás eram 450. Quem não é muito eficiente não sobrevive”, diz Rui Aquino, sócio da FlexAero e também vice-presidente da ABTaer. “Esse é um negócio que opera com margens pequenas, já que os custos de manutenção e as taxas são altas. O negócio é atuar em diversas frentes para ter os aviões em operação o maior tempo possível”, diz Adalberto Febeliano, professor da economia do transporte aéreo da Universidade Anhembi Morumbi.
O conselho de Febeliano é uma espécie de mantra repetido a todo momento por Léo Rezende, da AeroTop, empresa de Macapá que fatura entre R$ 325 mil e R$ 390 mil por mês. Os principais negócios da companhia são contratos com os governos – tanto estadual quanto federal – que fretam aeronaves da empresa, por exemplo, para atendimentos em áreas indígenas localizadas na região Norte.
Mas nova frentes, como o envio de cargas e o transporte de pacientes para hospitais, começam a dar resultado. “Hoje o governo responde por 60% do movimento. Mas também temos uma demanda crescente no transporte corporativo e particular. O nosso serviço médico é muito procurado”, diz Rezende.
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