Bolos pintados à mão e tortas com nomes de amigas fizeram com que ele viralizasse

Rafael Fontianni abriu a Capuleto em Alagoinhas (BA) inspirado em cafés parisienses; fotos das tortas já alcançaram um milhão de visualizações nas redes sociais

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Foto do author Geovanna  Hora

Para pagar a mensalidade da escola no ensino fundamental, o confeiteiro Rafael Fontianni, de 22 anos, fazia bolos para vender. Na época da pandemia, ele resolveu unir as habilidades culinárias com a pintura e criou doces com decorações artesanais.

Em 2022, Fontianni abriu uma confeitaria na cidade de Alagoinhas (BA) e decidiu batizar as tortas com o nome de amigas. Os produtos viralizaram nas redes sociais e alcançaram mais de um milhão de visualizações.

Começou a fazer bolos para pagar a mensalidade da escola

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A arte entrou na vida de Fontianni antes da culinária. Aos 11 anos, ele participou de uma oficina de biscuit - massa de modelar utilizada para fabricar itens de decoração - e aprendeu a fazer bolos falsos.

Já no final do ensino fundamental, o confeiteiro mudou de escola e, para ajudar a pagar a mensalidade, decidiu que venderia doces. “Quando aceitei a primeira encomenda, eu não sabia fazer nem bolo com mistura pronta. Aprendi a fazer na prática e deu certo”, diz.

No início, as produções eram simples, mas a chegada da pandemia trouxe a arte de volta para a rotina de Fontianni. Ele já tinha as tintas utilizadas no biscuit, mas decidiu comprar uma tela para praticar a pintura e se distrair. Em 2022, ele decidiu misturar as duas paixões e fazer bolos com decorações manuais.

Rafael Fontianni uniu as habilidades na culinária e na pintura. Foto: Divulgação/Rafael Fontianni

“No início, eu só fazia detalhes pequenos, que ficavam mais interessantes com a pintura, mas, aos poucos, aprendi mais técnicas e me inspirei em modelos que vi na internet para inovar”, afirma.

Nome das tortas em homenagem às amigas viralizou

A Capuleto, confeitaria de Fontianni, foi inaugurada no final de 2022. Ele decidiu abrir o negócio após ver um imóvel vazio na região central de Alagoinhas. Como não tinha dinheiro para investir em reformas, o baiano fez tudo com a ajuda da mãe.

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“Pintamos as paredes e o teto. Depois, compramos a decoração pela internet e colocamos do nosso jeito. Alguns objetos eu peguei emprestado com a minha tia e conseguimos montar a loja”, explica.

O nome é uma referência à personagem Julieta Capuleto, de William Shakespeare, e a decoração é inspirada nos cafés parisienses. Mas o sucesso da confeitaria nas redes sociais está relacionado a outra homenagem: as tortas com nome de amigas.

“Eu não trabalhava com tortas, mas achei importante aprender depois da abertura da loja. Em Paris, conheci um local que vendia tortas com nomes de rainhas famosas e decidi adaptar com os nomes das minhas amigas”, explica.

Os doces têm 13 sabores e são chamados de:

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  1. Amanda
  2. Beatriz
  3. Clara
  4. Isadora
  5. Laiza
  6. Lara
  7. Marina
  8. Patrícia
  9. Sofia
  10. Suellen
  11. Valéria
  12. Vanessa
  13. Victória

A mais vendida é a Clara, com recheio de pistache e chocolate belga e massa branca.

Fontianni postou as tortas no seu perfil pessoal do TikTok, mas não imaginava que a publicação alcançaria um milhão de visualizações. Nos comentários, as pessoas destacam a beleza dos doces e a quantidade de amigas do confeiteiro e debatem se a guloseima deve ser chamada de torta ou bolo.

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“Na Bahia, é uma torta quando tem recheio, é gelado e baixo. Só é chamado de bolo se for maior e tiver pasta americana, por exemplo. Eu tentei explicar, mas a proporção foi tão grande que não consegui”, afirma.

O doce inteiro sai por cerca de R$ 150 e a fatia custa em média R$ 20.

Macarons são vendidos para padarias e confeitarias

Além dos bolos desenhados, Fontianni também produz macarons - biscoito francês tradicionalmente feito de farinha de amêndoas. Ele conheceu o doce por meio de uma amiga, que comprava a guloseima em Salvador, mas nunca encontrou em Alagoinhas.

“Decidi aprender com vídeos do Youtube, mas tive que quebrar a cabeça, porque é um produto sensível. Foram muitas fornadas erradas até pegar o jeito e conseguir produzir para vender”, afirma.

Ele vende os macarons na Capuleto, mas também fornece para padarias e confeitarias de cidades próximas, como Feira de Santana e Salvador. A produção mensal varia entre quatro e cinco mil unidades.

Os biscoitos tradicionais custam em média R$ 6 cada, mas o valor pode chegar a R$ 10 se o item for personalizado.

Foi a Paris para participar de uma consultoria com confeiteiro famoso

No ano passado, Fontianni foi a Paris para participar de uma consultoria com o confeiteiro Javier Azocar, fundador da Luma’s Cake Academy. A principal motivação dele era aprender a lidar com o corante a base de anilina, já que o produto é sensível à umidade, diferentemente das tintas utilizadas nas telas.

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Azocar é uma das referências do baiano, que também busca inspirações no Facebook. A maior parte dos seus bolos traz personagens de desenhos animados e paisagens, mas os detalhes são criados de acordo com a ideia dos clientes. Um dos modelos é personalizado com o nome do aniversariante e os nomes dos amigos pintados à mão.

Próximo plano é organizar as finanças da Capuleto

Os planos para o futuro da Capuleto envolvem uma nova unidade em Salvador, em 2025, mas Fontianni afirma que o primeiro passo será aprender a fazer a gestão do negócio, já que ainda mistura despesas pessoais e da loja.

Ele também quer ampliar o número de padarias e confeitarias que compram os macarons. A estratégia tem o objetivo de aumentar o faturamento e tornar a marca conhecida em outros estados.

“Ainda que eu abra uma loja em Salvador, é muito difícil alcançar a cidade inteira. Se eu vender o produto para outros negócios, consigo um novo público sem ter os gastos do ponto físico e sem precisar atrair o cliente final. É uma maneira de chegar a outros estados, não precisa ficar restrito a Bahia”, conclui.

Aproveitar as datas sazonais é essencial no setor de confeitaria

Para impulsionar as vendas no Natal em 2023, Fontianni produziu macarons com desenhos de renas, bonecos de neve e Papai Noel. A estratégia deve se repetir em 2024, com algumas atualizações.

A analista do Sebrae-MG, Simone Lopes, afirma que o setor de confeitaria é um dos mais beneficiados pelas datas sazonais, especialmente a Páscoa e o Natal. Contudo, ela recomenda que o empreendedor tenha cuidado para não perder a essência da marca ao tentar se adaptar às temáticas.

“Se você é especializado em biscoitos, não faz sentido produzir panetones só porque é Natal. O melhor caminho seria fazer biscoitos com símbolos relacionados ao feriado, para manter a assinatura do negócio”, explica.

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Especialista aponta que o custo elevado é principal desafio dos doces personalizados

A analista aponta que produtos personalizados, como os bolos de aniversário feitos por Fontianni, atendem a uma demanda dos consumidores, que buscam por produtos com diferenciais e exclusividade. Mas os doces também exigem investimentos mais altos em matéria-prima e especialização da mão de obra, o que pode se tornar um problema, se não for bem analisado no plano de negócios.

“O empreendedor fica preso a um fluxo de encomendas. Ele não consegue produzir e manter um estoque, já que os itens precisam atender às exigências de cada cliente”, avalia Simone.

Ela destaca a importância de investir em embalagens que possam garantir a conservação dos doces, além de instruir os clientes sobre o tempo máximo para consumo e a melhor forma de proteger o produto da umidade, calor e exposição à luz.

“Algumas pessoas enxergam a confeitaria como uma forma fácil de empreender, já que é possível começar na cozinha de casa, mas, sem planejamento, a empresa não tem como crescer”, conclui Simone.

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