Turismo médico, um mercado de R$ 3 bilhões, atrai os pequenos empreendedores brasileiros

Expansão do turismo médico no País garante a lucratividade de empreendedores que atuam em São Paulo

A dobradinha preço e excelência em determinadas especialidades clínicas tem colocado o Brasil no mapa do turismo médico mundial. O segmento, caracterizado pelo vai e vem de estrangeiros em busca de tratamentos de baixa, média e alta complexidade, deve atingir faturamento de R$ 3 bilhões no País em 2013, com projeções de crescer 43% no próximo ano, segundo a consultoria Delloite.

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Um mercado atraente não apenas para quem está na linha de frente, como médicos e hospitais, mas também para pequenos negócios que gravitam em seu entorno e oferecem produtos como recepção e acompanhamento das pessoas que desembarcam no País.

É justamente essa, há quase sete anos, a especialidade de Mariana Palha. Depois de atuar como executiva da rede hoteleira Hyatt em cidades como Orlando, nos EUA, e Hong Kong, na China, ela retornou ao País há 10 anos e, em 2007, abriu a Prime Medical Concierge.

O foco da empresa é receber pacientes estrangeiros que vêm ao Brasil ou brasileiros egressos de outras regiões e que buscam tratamento médico sobretudo na cidade de São Paulo.

“Nós cuidamos do paciente da chegada até a sua volta pra casa”, diz Mariana, que organiza a hospedagem e a contratação de enfermeiros para homecare no pós-operatório. “Quando voltei ao Brasil eu fiz um serviço para um grupo hospitalar e passei a ter contato com muitos médicos. Eles diziam: ‘Mariana, tenho um paciente chegando da França, outro dos Estados Unidos, você sabe onde eu o hospedo, quem pode pegá-lo no aeroporto?’ Foi assim que identifiquei esse mercado e crie a empresa”, explica.

Mariana conta que recebe cerca de 25 pacientes por mês e os custos iniciais pelo serviço ficam em R$ 700. Com dez funcionários, a empreendedora revela ter faturado R$ 1,3 milhão no ano passado e, embora não espere avanços expressivos neste ano, vislumbra números mais interessantes a partir de 2014.

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“Não é apenas pelos eventos (esportivos), mas vamos lançar um aplicativo para que os clientes possam preparar, no Brasil ou no exterior, sua viagem, escolhendo os médicos e os centros hospitalares.” Mariana pretende cobrar uma mensalidade dos profissionais que ‘anunciarem’ na plataforma criada por sua empresa.

África. O angolano Adriano Gonçalves é outro empresário que também aposta na área. Dono de um negócio no segmento de cargas, ele conta que atuava informalmente como uma espécie de agente de turismo para empresários e executivos africanos interessados em tratamentos médicos no Brasil.

Com o crescimento da demanda, há pouco mais de um ano ele estruturou, em São Paulo, a Health Care Service. “Em se tratando de África, a medicina não é tão evoluída e muitos clientes nunca fizeram um check up na vida. Além de exames básicos, eles também procuram especialidades. A cada dez homens que chegam, oito estão atrás de consultas com urologistas. E entre as mulheres, seis estão interessadas em tratamentos de fertilização”, diz Gonçalves.

Brasil é a bola da vez para o setor A infraestrutura oferecida pelos principais hospitais e o nível de especialização de profissionais podem colocar o Brasil como um dos principais destinos do mundo para o turismo médico. Essa, pelo menos, é a crença do consultor e integrante da Medical Tourism Association, Glauco Fonseca.

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“O Brasil tem hospitais de referência e um preço muito interessante se comparado com o principal mercado emissor de turistas (desse tipo) do mundo, os Estados Unidos. Uma cirurgia de substituição das articulações de quadril, por exemplo, custa em torno de US$ 35 mil nos EUA. Aqui se faz o mesmo procedimento com cirurgião formado em universidade de ponta, com especialização norte-americana, por US$ 10 mil.”

Sócio de uma das principais empresas na área de turismo médico do mundo, a espanhola Sphera Global Health Care, Alex Lifschitz também aposta no potencial brasileiro. O empresário conta que se prepara para ter em São Paulo o seu segundo principal mercado emissor de pacientes, atrás apenas de Barcelona, onde a empresa está instalada. “A procura já é grande principalmente por países africanos que falam português, norte-americanos e alguns países da América Latina”, diz ele, que fatura US$ 50 milhões por ano. “Poderia ser melhor no Brasil se existisse uma oferta maior de leitos nos hospitais”, conta o espanhol.

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