A produção de camisetas para vender no colégio e depois para marcas de surfwear foi o início do negócio criado pelos amigos Fred Wagner, Alberto Azevedo e Ricardo Rosset. Mas logo, logo eles perceberam que o projeto não iria longe e aproveitaram uma oportunidade para investir em uma marca de moda esportiva. Era o começo da Track&Field, que vai fechar o ano com 122 lojas e planeja a abertura de novas unidades nos Estados Unidos em 2015.
“Não acredito que uma empresa seja simplesmente uma pessoa. A empresa é um conjunto de pessoas, de ideias, forças e discussões que levam essa empresa a ter uma personalidade”, disse Fred, que é primo de Ricardo e estudou com Alberto.
“Temos uma relação de três irmãos que começaram um negócio. Não posso falar que sempre foi um mar de brigadeiros, mas as soluções desses conflitos sempre no fim do dia contribuíram para a empresa com um objetivo comum”, contou Fred durante o Encontro PME com pequenos empresários. Confira os principais trechos.
Início A primeira loja foi aberta em 1990 no Jardim Sul. Shopping novo, com pouco fluxo e uma marca nova. “Todas as variáveis para o negócio efetivamente morrer ali. Nesse momento a persistência foi importante. Usamos o tempo para aprender a operar no varejo e criar os pilares da marca”, contou.
A virada da Track&Field começou com a loja no Shopping Iguatemi. Cada sócio ‘se virou’ para conseguir o dinheiro necessário. Fred lembra que Alberto tinha acabado de ganhar uma Parati do pai e foi pedir dinheiro a ele para abrir a loja. Ouviu uma negativa e a sugestão para vender o carro.
“Quinze anos depois a Volkswagen nos procurou para criar a Parati Track&Field e cada um dos sócios ganhou uma. Ele pegou a chave e deu para o pai dele como um símbolo de olha o que você fez por mim”, contou Fred. “Essa história, de no início sentir na carne o risco, faz com que você tenha muito mais força para sobreviver. Foi essa lição que aprendemos no início”, completou.
Crescimento Até 2010 a empresa tinha 40 lojas próprias e abriu uma operação em Nova York. A saída para continuar a crescer foi partir para o modelo de franquias. “Chega um ponto da empresa que você tem que acelerar porque o meio do caminho é muito ruim. A nossa virada foi a abertura do mercado de franquia”, disse. Sobre o futuro do negócio, Fred não acredita que a sucessão será feita com a chegada dos filhos. Ele acredita na profissionalização, mas ainda não é claro para o empresário que a abertura de capital é o melhor caminho para a marca. ]
Internacionalização Com uma loja aberta em Nova York há quatro anos, a marca prevê inaugurar uma unidade em Los Angeles até o fim do ano. O plano é somar dez lojas no exterior para depois avaliar os próximos passos.
“Efetivamente e operacionalmente é interessante”, diz. E para comprovar a fala, Fred citou dois exemplos. O primeiro é que a empresa exporta os produtos do Brasil. “A mercadoria vai de American Airlines. O preço para mandar para os Estados Unidos é mais barato do que mandar de caminhão para Curitiba.” A outra situação ocorreu quando ele enviou cabides com corpo de acrílico para a loja norte-americana. A transação é isenta de imposto se o produto não foi fabricado com matéria-prima chinesa. O envio foi feito e um dia o fiscal ligou para verificar a transação.
“Ele pediu para eu tirar uma foto digital do cabide e mandar as notas fiscais de compra e do insumo do fornecedor para ter certeza que não é chinês. Mandei a nota mesmo em português, ele ligou e falou: entendi, obrigado e tchau. Eles confiam que você é uma pessoa honesta”, finalizou o empreendedor.
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