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Governo convoca servidores para garantir plateia de apoio a Lula em 7 de Setembro e impedir vaias

Palanque do presidente terá 250 autoridades, mas futuros ministros do Centrão, que são deputados federais e ainda estão em negociações com o Planalto, não participarão de cerimônia

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Foto do author Vera Rosa
Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou servidores públicos de todos os ministérios para que compareçam ao desfile de 7 de Setembro, nesta quinta-feira, na Esplanada. A ideia é garantir uma plateia simpática a Lula na arquibancada, barrar vaias e evitar protestos, oito meses após os ataques golpistas de 8 de janeiro. O palanque do presidente na cerimônia contará com 250 autoridades e a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência estabeleceu metas de presença de funcionários para cada ministério.

Na noite desta quarta-feira, 6, Lula fará um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, no qual destacará o caráter popular do Dia da Independência. O tom do discurso será o de pacificação do País para mostrar que o verde e amarelo da bandeira do Brasil é símbolo de todos, e não de um governante.

Vista da Esplanada dos Ministerios preparada para receber o desfile de 7 de setembro  Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil - 05/09/23

No primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Lula, tudo foi preparado para “desbolsonarizar” a data e resgatar o que o presidente chama de “auto-estima” dos brasileiros. Tanto é assim que o conceito do pronunciamento será o de Pátria sem dono, sob o slogan “Democracia, Soberania e União”.

Sangue e PIX

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O Palácio do Planalto recebeu informações de que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro se articulam para vaiar Lula logo que ele chegar à cerimônia na Esplanada. Diante desse aviso prévio, organizou uma claque de servidores para aplaudir o presidente. Foi aí que entraram as metas de presença para cada ministério.

Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente, deflagraram uma campanha para doação de “sangue pelo Brasil”, na tentativa de mostrar que o bolsonarismo rejeita a violência.

PLANALTO BRASÍLIA DF    06.09.2023 SEGURANÇA/PLANALTO  POLÌTICA OE  - Por medida de segurança o Palácio do Planalto e a praça dos três poderes em Brasília foram gradeados. Amanhã será realizado na Capital Federal o desfile cívico de 7 de Setembro.  FOTO: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

Mas há também nas redes uma mobilização de seguidores de Bolsonaro para arrecadar dinheiro. A iniciativa é semelhante à que foi feita logo após estourar o escândalo das joias.

“Vamos todos fazer um PIX de 1 real no dia 7 de Setembro para o presidente Bolsonaro. Assim vamos mostrar o nosso voto e que ninguém se arrependeu de seu voto. Cada Pix deve ser postado nas redes no dia 7, ok?”, diz trecho de mensagem que circula em grupos de WhatsApp, informando o CPF de Bolsonaro. “Esta será a mais nova manifestação do dia 7 de Setembro para a Nação Brasileira”, completa o texto.

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A Polícia Federal suspeita que parte desses doadores seja fictícia. De acordo com as investigações, a estratégia de depósitos por meio de PIX – que arrecadou recentemente R$ 17 milhões – tem sido usada para “lavar” recursos recebidos pelo ex-presidente com venda de joias no exterior, fato negado por sua defesa.

Mensagem

Desde a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro, Lula tenta passar a mensagem de união entre os Poderes. Foi em um 7 de Setembro, há dois anos, que Bolsonaro chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de “canalha”.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-AL), e do STF, Rosa Weber, confirmaram presença ao lado de Lula na tribuna de autoridades, assim como os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

O deputado André Fufuca (PP-MA), que vai ocupar o ministério do Esporte no lugar de Ana Moser, e seu colega Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) – prestes a assumir Portos e Aeroportos – foram convidados para a festa, mas não comparecerão. Os partidos PP e Republicanos integram o Centrão, que tem em Lira seu maior expoente.

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Planejada para aumentar a base de apoio do governo no Congresso, a reforma ministerial de Lula virou uma novela que se arrasta há mais de dois meses e deve ter o primeiro capítulo concluído na noite desta quarta-feira.

Como mostrou o Estadão, o atual titular de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), chegou a classificar como erro a entrega desse ministério para o Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Motivo: no seu diagnóstico, a troca dá munição a Tarcísio, aliado de Bolsonaro. Mesmo assim, França irá para a pasta de Pequenas e Médias Empresas, o 38.º ministério a ser criado por Lula.

Sem meta

O público estimado para o desfile é de 30 mil pessoas. O Ministério da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, terá uma arquibancada própria e maior que as outras, com 2,6 mil convidados, incluindo militares, servidores e seus parentes.

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Procurada, a Secom negou que o governo tenha estabelecido metas de presença para cada ministério, admitindo apenas “convites” para a participação de servidores. “É realizada uma mobilização normal para este tipo de evento. Convite para o Desfile de 7 de Setembro é extensivo a todos os servidores, de todos os ministérios”, informou a Secom, em nota.

Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secom, disse não acreditar que haja atos de vandalismo no 7 de Setembro. “Será um momento especial para fortalecermos a democracia e a soberania nacional”, resumiu. Múcio foi na mesma linha. “Nós trabalhamos pela pacificação do País e não vamos deixar que haja conflitos”, avisou o titular da Defesa.

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