7 de Setembro: PM deixa bolsonaristas na Paulista e Grito dos Excluídos na Sé para evitar conflito

Manifestações opostas aconteceriam na Avenida Paulista no sábado, mas policiais pediram unificação dos atos progressistas na Praça da Sé; grupo que organiza evento com Bolsonaro protocolou pedido de reserva da Avenida um mês antes da organização do Grito

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Foto do author Pedro Lima
Atualização:

Para evitar confrontos entre manifestantes opostos, a Polícia Militar (PM) de São Paulo unificou os dois atos do Grito dos Excluídos, marcados para este sábado, 7 de Setembro, na capital paulista. Inicialmente, os atos seriam divididos entre a Praça Oswaldo Cruz, localizada em um dos extremos da Avenida Paulista, e na Praça da Sé. A avenida do centro comercial paulistano abrigará, na mesma data, a manifestação de 7 de Setembro organizada pelo grupo bolsonarista liderado pelo pastor Silas Malafaia.

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A concentração para os atos do Grito está agendada para as 9h, enquanto os atos de Malafaia e Bolsonaro começarão às 14h. Mesmo com a alteração de local, o horário está mantido. Um dos organizadores do evento progressista afirmou ao Estadão que os policiais confirmaram que “conseguiriam fazer a proteção e segurança de todos os manifestantes”. O maior problema para a corporação, no entanto, seria o fluxo de participantes dos dois atos na Avenida Paulista, que poderia começar, segundo a PM, logo que a via fosse interditada para veículos, às 8h.

De acordo com os organizadores do Grito, o pedido de reserva da Praça Oswaldo Cruz, na região da Paulista, foi protocolado na Polícia Militar em 13 de setembro de 2023. Já o protocolo do ato de Malafaia teria sido realizado no começo de agosto do ano passado, um mês antes. Um decreto do Estado de São Paulo desautoriza o uso da Avenida por manifestações antagônicas na mesma data, tendo prioridade aquela que solicitou primeiro o pedido de uso do endereço. Por consequência, a organização do ato progressista foi obrigada a alterar a localização da reunião.

Atos do 7 de Setembro e do Grito dos Excluídos devem passar pela Avenida Paulista, e Polícia Militar de São Paulo trabalha para evitar conflitos entre os manifestantes contrários. Foto: Taba Benedicto/Estadão e Danilo M. Yoshioka/Futura Press

Para evitar o mesmo transtorno nos próximos eventos, os movimentos sociais que organizam o Grito já protocolaram, na reunião com a PM, o pedido de uso da Oswaldo Cruz para os próximos três anos, até 2027. A Praça da Sé foi escolhida para sediar o evento pois um outro “braço” do Grito já estava agendado para acontecer na região no mesmo horário. A decisão, então, foi de unificar as duas manifestações.

A ideia dos integrantes do ato deste ano é “discutir a realidade e lutas sobretudo dos setores excluídos das cinco regiões do País”. “Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?”, é o questionamento que carrega o evento deste ano.

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De acordo com a ata da reunião realizada entre a Polícia Militar e a organização, a qual o Estadão teve acesso, o público esperado para a praça do marco zero da capital paulista varia de cinco a dez mil pessoas. Às 8h, antes do início da manifestação, a Pastoral Operária, uma das entidades organizadoras do evento, deve realizar a distribuição de café da manhã para os moradores de rua do local.

Atos bolsonaristas de 7 de Setembro seguem mantidos na Avenida Paulista

A preocupação em evitar conflitos com manifestantes contrários foi levantada em uma reunião realizada na segunda-feira, 2, entre a corporação e os organizadores da manifestação do Dia da Independência, que estão sendo coordenados pelo pastor Silas Malafaia. Apoiador assumido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde 2018, ano de sua primeira campanha para a presidência, o religioso afirmou ao Estadão que o evento terá apenas um trio elétrico principal. “Sempre fazemos um evento com um trio elétrico atravessado no meio da Paulista com a (Rua Peixoto) Gomide. É onde a gente atravessa o trio para poder falar com os dois lados”, explica.

“O presidente Bolsonaro abriu para quem é candidato subir. Então, se o prefeito (Ricardo Nunes, MDB), se Pablo (Marçal, PRTB), se a mulher do Novo (Marina Helena) for, vão subir no palco”, reforçou o pastor. “Acredito que, entre senadores e deputados, devemos ter uns 45 no trio principal. 45 ou, no máximo, 50. Não vai ter mais do que isso para não congestionar o trio. Fica ruim de andar e de se locomover”, diz.

Poderão discursar, segundo Malafaia, nesta ordem: Michelle Bolsonaro, os deputados federais Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Julia Zanatta (PL-SC), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Magno Malta (PL-ES), o próprio Malafaia e o ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso de Michelle e Eduardo, ainda não há certeza se irão mesmo fazer uso do tempo disponibilizado, que será de 10 a 15 minutos para cada um dos oradores.

O mote do evento será o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em vídeo encaminhado à reportagem, o líder religioso disse que fará seu “mais duro discurso” contra “o ditador Alexandre de Moraes” no evento.

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A decisão de Moraes em suspender a rede social X, antigo Twitter, na sexta-feira passada, pode aflorar ainda mais os ânimos dos manifestantes para sábado. Malafaia não tem definida, ainda, a expectativa de público para o evento. Mas, para evitar problemas, a organização dos atos pediu à Prefeitura que toda a extensão da Avenida fosse reservada. “A gente manda reservar a Paulista de ponta a ponta. Não sei o que pode acontecer lá”, declara.

Quais candidatos à Prefeitura de São Paulo confirmaram a ida aos eventos?

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Até agora, apenas dois candidatos à Prefeitura de São Paulo confirmaram sua presença nos atos do 7 de Setembro organizados pelo pastor Malafaia, na Avenida Paulista. Marina Helena (Novo) é uma delas. De acordo com integrantes de sua equipe, a economista “vai estar na primeira fila, a convite do Bolsonaro”. O Estadão apurou que, junto de Marina, estará Deltan Dallagnol (Novo). Os dois participaram juntos de outro ato bolsonarista em fevereiro deste ano, em que o ex-presidente estava presente. O impeachment de Moraes é uma de suas principais bandeiras de campanha.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) também vai ao ato, mas disse que não pedirá o impeachment do ministro do STF. Em entrevista à Rádio Eldorado nesta segunda, 2, o emedebista afirmou que a passeata do próximo sábado, por sua vez, é uma “manifestação em defesa da liberdade” e do “Estado democrático de direito”. O candidato do PRTB, Pablo Marçal, ainda não decidiu se irá para o protesto contra Moraes. Sua campanha disse que o ex-coach costuma definir sua presença nesses eventos “de última hora”, mas “se souber que o Nunes vai, é capaz dele ir.”

Altino Prazeres, do PSTU, irá ao ato do Grito dos Excluídos na Praça da Sé no fim de semana. Ele completa a lista dos candidatos que já confirmaram presença em um dos dois eventos que acontecerão no sábado em São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) não irão a nenhuma das duas manifestações, e devem manter suas agendas de campanha normalmente.

João Pimenta (PCO), disse que não apoia a os atos de Malafaia. “A defesa da liberdade de expressão para eles é apenas para eles. O caso Pablo Marçal é visível. Ele foi censurado e reclama, com razão, mas se recusa a criticar o ministro Alexandre de Moraes, portanto a liberdade de expressão é mera conveniência”, declarou.

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O candidato da UP, Ricardo Senese, afirmou que “Malafaia, Bolsonaro, Tarcísio, Nunes e seus apoiadores são golpistas que há anos estão tentando dar um golpe de Estado no País e instaurar uma nova ditadura militar fascista”, e que estará ao lado dos movimentos sociais no dia da Independência. A reportagem não conseguiu entrar em contato com Bebeto Haddad (DC).

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