PUBLICIDADE

7 de Setembro vira teste para discurso de ódio destilado por bolsonaristas; leia análise

Grupo que reforça a convocação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para o dia da Independência tem antecedentes de invasão de prédios públicos

PUBLICIDADE

Foto do author Francisco Leali
Atualização:

BRASÍLIA - Em resposta à convocação de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, movimentos radicais entraram em cena para atiçar os apoiadores do presidente no 7 de Setembro. Como mostra reportagem do Estadão, um grupo que já foi investigado por disseminar e praticar o ódio está ativo nas redes sociais. A mensagem é sempre a mesma: o dia da Independência não é só uma celebração patriótica, é o dia do confronto final.

A ação desse grupo poderia ser apenas mais um capítulo do discurso enraivecido que ajudou a fazer de Bolsonaro presidente da República. É mais do que isso. Parte desses agitadores digitais já fez estragos no mundo real. Rompeu barreiras e invadiu o plenário da Câmara em 2016, numa versão antecipada e brazuca do que viria a ser a ocupação do Capitólio nos Estados Unidos cinco anos depois.

Invasão em novembro de 2016 no plenário da Câmara por radicais que defendiam intervenção militar. Foto: Agência Brasil

Na época, os invasores do Legislativo brasileiro tinham a bandeira da intervenção militar. Este ano, contam com a estratégica coincidência do dia que tem, em boa parte das capitais do País, os tradicionais desfiles das Forças Armadas. As paradas militares eram, até aqui, apenas uma demonstração de amor à pátria com a caserna exibindo seu poderio em avenidas sob aplausos do público.

Manifestantes invadiram em 2016 o plenário da Câmara dos Deputados, houve tumulto e a sessão foi suspensa. Foto: Agência Brasil

PUBLICIDADE

Com a convocação política feita por Bolsonaro, as Forças Armadas foram arrastadas para a campanha de reeleição do presidente. E isso estará explícito no Rio de Janeiro, para onde Bolsonaro irá na tarde do dia 7 de Setembro com o álibi de participar de uma solenidade “cívico-militar” da Independência. No mesmo local haverá atos de apoio à reeleição do presidente e algumas demonstrações militares. É leitura fácil compreender que tudo faz parte de uma coisa só, mesmo que não seja essa a intenção da cúpula das Forças Armadas.

O grupo que prega coisas do gênero “expulsar demônios” e o fim dos “discursos moderados” contra a “tirania” exalta o espírito de guerra que Bolsonaro costuma incorporar à sua retórica sem ousar, até agora, por os blindados na rua a seu favor. Se os seguidores vão dar ouvidos à voz de comando que prega o conflito é esperar para ver.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.