Abraji critica ataques a profissionais do Estadão que revelaram visitas de mulher ligada ao CV

Associação de Jornalismo Investigativo diz ser inadmissível autoridades mobilizarem a rede social para ‘descredibilizar’ a imprensa

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Por Redação
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BRASÍLIA - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota nesta terça-feira, 21, condenando os ataques sofridos pelos jornalistas do Estadão após a publicação de reportagem revelando a visita ao Ministério da Justiça de presidente de ONG ligada ao Comando Vermelho do Amazonas. Como revelou o jornal, Luciane Barbosa Farias foi recebida por dois secretários da Pasta do ministro Flávio Dino.

Uma onda de ataques nas redes sociais mirou na jornalista Andreza Matais, editora-executiva de Política e chefe da sucursal do Estadão em Brasília. Os repórteres André Shalders e Tácio Lorran, autores da reportagem, também foram atacados.

Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de políticas penais do MJ, Rafael Velasco Brandani. Foto: Reprodução: Instagram/ @associacaoliberdadedoam Foto: Reprodução: Instagram/ @associ / undefined

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“É inadmissível que autoridades usem suas redes sociais e mobilizem hordas da internet, com a pressão de milhões de seguidores, para promover uma ação massiva de descredibilização da imprensa. Insinuar que jornalistas estão sendo pagos para divulgar informações por interesses escusos é uma prática que se tornou recorrente nos últimos anos e continua sendo usada agora”, diz a nota da Abraji.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, e vários deputados do PT, além da presidente do partido, deputada Gleisi Hoffman, usaram as redes sociais para compartilhar informações falsas sobre a reportagem do Estadão. Capelli, que é o número dois de Dino, divulgou inúmeras fotos de Andreza com ofensas à jornalista.

Ricardo Cappelli, secretário executivo do Ministério da Justiça, compartilhou notícias falsas Foto: André Borges / EFE

“O direito à crítica é saudável e deve ser estimulado, mas não acontece em ambientes massacrantes, em que só algumas vozes são ouvidas, sobretudo aquelas que reverberam as mesmas formas de pensamentos. De forma mais intensa, as redes sociais foram palco para ataques contra os jornalistas Andreza Matais, André Shalders e Tácio Lorran, a quem manifestamos solidariedade. A Abraji se mantém atenta a qualquer tentativa de agressão a jornalistas. Faz isso há mais de 20 anos, e continuará a fazê-lo”, diz a associação.

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) já havia divulgado nota também condenando os ataques. Em nota divulgada na segunda-feira, 20, a entidade denunciou tentativa de intimidação estimulada por líderes partidários, membros e apoiadores do governo e influenciadores.

“O uso de métodos de intimidação contra veículos e jornalistas não se coaduna com valores democráticos e demonstra um flagrante desrespeito à liberdade de imprensa. Também evidencia uma prática característica de regimes autocráticos de, com o apoio de dirigentes políticos, sites e influenciadores governistas, tentar desviar o foco de reportagens incômodas por meio de ataques contra quem as apura e divulga”, diz a nota da Associação.

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Deputado Mendonça Filho critica ataques a jornalista

O ex-ministro da Educação e deputado federal Mendonça Filho (União-PE) fez discurso na tribuna da Câmara nesta terça-feira também criticando os ataques a jornalista do Estadão. “O governo do PT, em vez de punir aqueles que cometeram esse absurdo de receber uma pessoa nessas condições (ligada ao CV) em pleno Ministério da Justiça, tem uma reação absurda, que é perseguir a jornalista responsável pela editoria de política do jornal O Estado de S.Paulo, a Andreza Matais. Ela foi execrada por parcela relevante do PT. Até a presidente do PT condenou a Andreza, insinuando práticas incorretas e antiéticas da jornalista, que na verdade não as praticou. O PT envolveu o Ministério Público do Trabalho pelo fato de a jornalista ter revelado algo inaceitável” discursou o parlamentar.

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