ACM chorou em seu gabinete, depois da renúncia

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Por Agencia Estado
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No início da noite desta quarta-feira, na condição de ex-senador, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) era um homem aliviado. Pouco antes de se despedir do gabinete, ACM afirmou: "Estou feliz e satisfeito porque pude dizer tudo o que quis, e muita gente ouviu o que não quis." Era uma referência ao discurso de renúncia, em que ele não poupou um só desafeto. ACM gostou tanto desta frase para resumir o estado de espírito que a repetiu para os jornalistas que estavam no local. Já passava das 18 horas, e a sala dele continuava lotada de correligionários que o queriam cumprimentar. O gabinete de ACM não lembrava nem um pouco as últimas semanas, quando um clima de tristeza e abatimento tomou conta do senador. Nesta quarta-feira, a romaria de vereadores, prefeitos e deputados baianos lembrava um período eleitoral. O clima era de festa. "Fiquem certos de que 2003 está aí", afirmava o neto de ACM, de 22 anos, que tem o nome e o apelido do avó: ACM Neto. "As pessoas esperavam um discurso de fim de linha, e Antonio Carlos fez um discurso de começo", resumiu o jornalista Fernando Morais, biógrafo de ACM. Ao todo, cerca de 200 prefeitos, além de 32 deputados estaduais, saíram da Bahia para prestigiar o discurso de ACM. "Só não veio mais gente porque não havia passagem para todo mundo voltar para a festa desta quinta-feira em Salvador", explicou o governador da Bahia, César Borges (PFL). A fila na porta do gabinete permaneceu por quase duas horas. ACM cumprimentou todos. "Estou cercados de baianos", comemorava o ex-senador. "A renúncia para mim não é o fim de nada; é o começo para a campanha de um grande cargo na Bahia", disse ele, negando logo depois qualquer possibilidade de sair candidato a presidente. Ele deixou clara a posição de distanciamento em relação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Está surgindo no PFL um político independente, e o tempo levará o meu partido para esta posição", avisou. Espirituoso, ACM brincou ao responder a algumas perguntas. Ao ser questionado sobre o que gostaria de ser, ele foi rápido: "Gostaria de presidir a Rede Globo." O ex-senador também voltou a insistir no envolvimento do presidente no episódio da lista. "Fernando Henrique comentou comigo, e ele não vai negar isto; se o presidente não viu a lista, ouviu", disse. O tom agressivo do plenário foi substituído rapidamente na entrada do gabinete. ACM segurou-se até chegar à porta da sala, quando abraçou o motorista, Paulo Marcelino. Neste momento o ex-senador chorou. Ele continuou com os olhos marejados por um bom tempo. Voltou a chorar quando o vereador carioca Aguinaldo Timóteo declamou alguns versos. Ficou emocionado ao receber a visita dos caciques pefelistas. Beijou a mão do líder do partido no Senado, Hugo Napoleão (PI). Outro gesto que marcou ACM foi a presença do embaixador do Brasil na Itália e amigo, Paulo de Tarso Flecha de Lima. Ao chegar ao Senado, ACM foi recepcionado por dezenas de políticos baianos que gritavam palavras de ordem. "Um, dois, três: ACM é o nosso rei", dizia o coro de prefeitos e deputados que, logo depois, cantou o hino da Bahia. As secretárias do ex-senador puseram uma faixa de cinco metros na frente do Congresso: "ACM - Estaremos, em 2002, esperando pelo maior político do Brasil e o mais querido chefe do mundo! Flávia, Marlene e Isabel." Mas a faixa não durou muito tempo, sendo arrancada por militantes contrários ao pefelista. No gabinete, foi tocado pela primeira vez um jingle de campanha feito pelo publicitário Nizan Guanaes para o comício desta quinta-feira, em Salvador. "Volta meu cabeça branca/ volta para o seu povo/ volta para a Bahia", dizia o refrão da música. No dia anterior, Guanaes havia cantado a música por telefone para ACM. Em seu apartamento, ACM ainda fez uma última reunião com o advogado Márcio Thomaz Bastos e alguns amigos. Ele aceitou o conselho de retirar alguns trechos mais fortes do discurso contra o presidente do Congresso, senador Jader Barbalho (PMDB-PA). "Analisamos juridicamente o discurso", explicou Bastos. ACM foi dormir tarde e, nesta quarta-feira, acordou tarde. Só saiu do quarto depois das 9 horas. Ele passou a manhã em seu apartamento, num bloco funcional da Asa Sul, em Brasília. Recebeu alguns aliados e amigos. Estava descontraído. Na hora do almoço, chegaram o filho e suplente, Antônio Carlos Magalhães Júnior, o governador César Borges, o prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy (PFL), e os netos de ACM Luís Eduardo Magalhães Filho e Antônio Carlos Magalhães Neto. "Fiquei muito emocionado com o discurso de meu pai", disse Júnior, no início da noite. Suplente de ACM, ele toma posse nesta quinta-feira com o nome parlamentar de Antônio Carlos Junior. "Espero estar preparado para honrar o nome de meu pai."

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