Advogado de Mauro Cid recua e diz que auxiliar de Bolsonaro agiu para resolver ‘problema do Rolex’

Em mensagem enviada ao ‘Estadão’ na madrugada desta sexta-feira, 18, Bitencourt disse: “Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja não se falou em joias [sic]”. A nova versão do advogado ocorreu depois de ele ter recebido ligação da defesa de Bolsonaro na noite de quinta-feira

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Foto do author Tácio Lorran
Atualização:

BRASÍLIA - Menos de 24 horas depois de confirmar a veículos de imprensa que o tenente-coronel Mauro Cid iria apontar Jair Bolsonaro (PL) como mandante de um esquema que desviou presentes milionários recebidos pela Presidência da República, o advogado Cezar Bitencourt recuou e afirmou não ter falado sobre as transações envolvendo as joias recebidas pelo ex-presidente por delegações estrangeiras. A defesa que antes havia declarado que Cid agiu a mando de Bolsonaro, agora mudou o discurso.

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Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira, 18, o advogado admitiu que recebeu ligação da defesa de Bolsonaro após a divulgação de entrevista à revista Veja. Segundo Cezar Bitencourt, o advogado do ex-presidente pediu uma reunião com ele. Bitencourt afirmou ainda que tem preocupação com a segurança da família de Cid, mas não deu detalhes sobre de onde partem as ameaças. “Não quero falar sobre isso”, disse à GloboNews.

A nova versão do advogado de Cid é que o ex-ajudante de ordens agiu para resolver o “problema do Rolex” que o ex-presidente ganhara de presente no exercício do cargo e que deveria ter sido destinado à União, mas foi vendido dos Estados Unidos.

Em mensagem enviada ao Estadão na madrugada desta sexta-feira, 18, Bitencourt anteciparam que haveria uma mudança de rumo na tese apresentada pela defesa. Ele disse: “Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja não se falou em joias [sic]”.

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Advogado de Mauro Cid indica recua e diz que confissão não vai tratar de joias Foto: Reprodução

A revista Veja publicou na noite dessa quinta-feira, 17, que o Mauro Cid decidira confessar que vendeu joias nos Estados Unidos a mando de Bolsonaro. Ainda segundo a reportagem, o ex-ajudante de ordens da Presidência da República vai dizer que o dinheiro arrecadado foi enviado ao ex-presidente, o que pode configurar peculato e lavagem de dinheiro.

Nesta sexta-feira, a história contada pela defesa de Mauro Cid é outra.

Em entrevista à Globonews nesta tarde, o advogado livra Bolsonaro de responsabilidade. “Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele [CID] estava dedurando”, declarou. “Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex”.

Um dia antes o mesmo advogado deu outra versão: “Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele. Os 35 mil (dólares) que entraram na conta do pai dele (o general Mauro Cesar Lourena Cid) eram parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente”, disse ao jornal O Globo.

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Após o Estadão revelar a mudança de rumo da defesa de Cid, a revista Veja divulgou o audio da entrevista do advogado Cezar Bitencourt. A gravação confirma que ele tinha falado que seu cliente iria, de fato, fazer uma confissão e apontar que atuou “a mando de Bolsonaro”.

Bitencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira, 15. Um dia depois, ele deu indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel apenas cumpria ordens, mesmo “ilegais e injustas”.

“Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa”, disse o advogado, em uma entrevista concedida à GloboNews, na quarta-feira.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

A Polícia Federal cumpriu na última sexta-feira, 11, mandados de busca e apreensão no caso das joias. Entre os alvos da operação estava Mauro Cid, hoje preso no Batalhão do Exército por um outro esquema ilegal de falsificação de cartões de vacina.

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Também estão envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general da Reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef.

A corporação aponta Bolsonaro como beneficiário e estima que o esquema tenha rendido R$ 1 milhão.

De acordo com a PF, os montantes “obtidos das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.

Nessa quinta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes atendeu pedido da PF e autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Jair Bolsonaro e de sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

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