Fábio Wajngarten defende queda de sigilo dos depoimentos de Mauro Cid após vazamento de áudios

Mauro Cid diz que o ministro do STF Alexandre de Moraes já tem a sentença dos investigados, em áudios divulgados pela ‘Veja’ e atribuídos ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro; defesa do tenente-coronel diz que declarações são desabafo, mas não atingem investigadores

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fábio Wajngarten, defendeu a queda do sigilo dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, após o vazamento de áudios, publicados pela revista Veja, em que o militar coloca em xeque a lisura de sua delação premiada. Em rede social, Wajngarten diz que a defesa de Bolsonaro ainda avalia quais medidas tomar.

“O levantamento do sigilo das gravações dos depoimentos dele, na íntegra, poderá dirimir potenciais dúvidas e dará a transparência necessária para a elucidação de parte dos fatos. Se for uma estratégia da defesa dele, vazando áudios como forma de declaração em off/on não creio que tenha sido oportuna. De todo modo, a defesa do Presidente tomará as devidas providências ao longo do dia”, escreveu Wajngarten no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira, 22.

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Wajngarten diz que foi surpreendido com a divulgação dos áudios e que ainda “não tem juízo de valor” sobre o que foi dito por Cid. Segundo o advogado, desde a publicação da reportagem da Veja, seutelefone derreteu de tantas chamadas”.

“Desde a publicação da matéria da revista Veja sobre um potencial jogo duplo do tenente-coronel Mauro Cid, meu telefone derreteu de tantas chamadas. Confesso que fui surpreendido e ainda não tenho opinião formada, nem juízo de valor, diante de tantas possibilidades que podem ter ocorrido”, disse.

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Preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), Cid fechou um acordo de delação premiada com a PF e, desde então, passou a responder às perguntas sobre seu envolvimento e o do ex-presidente Bolsonaro em várias irregularidades: da tentativa de se apropriar de joias recebidas de presidente do regime da Arábia Saudita ao esquema para fomentar um golpe de Estado e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi solto após a homologação do acordo.

No dia 11 deste mês, o ex-ajudante de ordens da Presidência confirmou detalhes de uma série de encontros com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e da cúpula de seu governo para debaterem um plano de golpe de Estado. O militar afirmou não ter participado da discussão entre Bolsonaro e o alto escalão das Forças Armadas sobre o mesmo tema.

Nos áudios divulgados pela Veja nesta quinta-feira, 21, Mauro Cid diz que o inquérito da PF sobre a tentativa de golpe de Estado é uma “narrativa pronta”. Cid também diz que o ministro do STF Alexandre de Moraes já tem a sentença dos investigados.

“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa dele. É isso que eles queriam, e toda vez eles falavam ‘olha, a sua colaboração tá muito boa’. Ele até falou, ‘vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por nove tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa’, e mais um termo lá. Ele disse assim: ‘só essa brincadeira vai ser 30 anos pra você”, disse o tenente-coronel em áudio.

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Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Foto: Wilton Junior/Estadão

Por meio de nota, o advogado Cezar Bittencourt, responsável pela defesa de Mauro Cid, admitiu que a voz nas gravações divulgadas pela revista são do militar. Mas alegou que as declarações são mero desabafo do investigado. “Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, diz a nota.

A defesa ainda sustenta que a gravação foi clandestina. “Referidos áudios não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”, acrescenta a defesa.

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