Pito do governo em empresários na China abre crise com agro

Diante das reações de entidades que representam o setor agrário, Jorge Viana tentou se explicar sobre declaração de que o desmatamento no País tem que ser levado para a arena internacional

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Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM - O discurso do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, defendendo não omitir o desmatamento como tema na arena internacional, em tom recebido como reprimenda a produtores rurais, provocou reação do agronegócio. A Frente parlamentar do setor e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) protestaram, cobrando explicações ao governo.

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ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM - O discurso do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, defendendo não omitir o desmatamento como tema na arena internacional, em tom recebido como reprimenda a produtores rurais,provocou reação do agronegócio. A Frente parlamentar do setor e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) protestaram, cobrando explicações ao governo.

provocou reação do agronegócio. A Frente parlamentar do setor e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) protestaram, cobrando explicações ao governo.provocou reação do agronegócio. A Frente parlamentar do setor e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) protestaram, cobrando explicações ao governo.

A CNA enviou ofícios a três ministérios manifestando desacordo com o teor das declarações de Viana. O presidente da entidade, João Martins, despachou mensagens para o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Carlos Fávaro (Agricultura) e Mauro Vieira (Itamaraty). Martins cobrou da Apex postura em conformidade com a missão da agência. Ele disse que a CNA recebeu com preocupação o teor do discurso. A entidade enviou uma representante a Pequim, na comitiva do agronegócio.

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O presidente da Apex, Jorge Viana, tentou se explicar sobre declarações na China que desagradaram o setor do agronegócio Foto: Thomas Peter / Reuters

“A manifestação da Apex Brasil, desabonando o setor que contribuiu, no último ano, com 47% das exportações brasileiras soa, no mínimo, como contrassenso aos objetivos da entidade”, escreveu João Martins aos ministros e ao vice de Lula.

Em manifestação a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) foi na mesma linha em nota pública. “É intangível o estrago que um porta-voz brasileiro, responsável pela promoção das exportações, faz ao se permitir macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada e desprovida de informações científicas e oficias”, diz trecho do comunicadoda frente. O deputado Pedro Lupion (PL-PR), presidente da FPA, classificou a declaração como “agressão ao agro”. Ele se disse decepcionado. “Que papelão”, escreveu.

Diante das críticas, Viana tentou se explicar. Ele afirmou que falava somente sobre o período do governo Jair Bolsonaro, de desmonte em políticas ambientais, e voltou a dizer que o País só vai “limpar” sua imagem quando tratar do assunto de forma transparente.

Ao abrir o Seminário Econômico Brasil-China, em Pequim, Viana disse que vai procurar parlamentares que o criticaram. Ele fez afagos, no discurso, e foi elogiado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Viana disse que tem profundo respeito pelo setor produtivo e que não quis causar ruídos.

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“O governo do presidente Lula vai defender os produtos brasileiros mundo afora, até porque internamente vamos adotar medidas para que não haja nenhum atrapalho nas relações comerciais, seja por problema de conflitos, sejam agrários ou vinculados a desmatamento”, afirmou Jorge Viana, também diante de uma delegação extensa, com cerca de 110 nomes do agro, as grandes mineradoras e diante de 523 pessoas no auditório do hotel St Regis.

“A Apex não se afastará, em hipótese nenhuma, da sua missão maior que é promover as empresas e produtos brasileiros no mundo e atrair investimentos”, afirmou Viana. “O setor do agronegócio brasileiro é resiliente, passou por muitas dificuldades na pandemia da covid-19, superou todas elas e no aspecto econômico sempre foi parte da solução.”­

Na segunda-feira, dia 27, Viana disse durante um seminário em Pequim que o Brasil deve parar de tentar ocultar os problemas ambientais. Ele citou dados do desmatamento nos últimos 50 anos, o que gerou desconforto entre integrantes da delegação do agro na China, além de protestos do setor em Brasília. Viana afirmou, fazendo um resgate de dados, que a maior parte das terras desmatadas passou a ser ocupada pela pecuária e pelo cultivo de grãos. Ele creditou a informação a órgãos do governo e entidades que monitoram o uso do solo por meio de satélites na Amazônia.

“Nós brasileiros deveríamos parar de dizer fora do Brasil que o Brasil não tem problema ambiental. Nós temos e faz muito tempo. Se nós reconhecermos o que já foi feito de equivocado, teremos maiores condições de defender aquilo de bom que estamos fazendo na Amazônia ou procuramos fazer.”

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A ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina (PP-MS) e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) rebateram Viana. “Que Apex é essa que acusa o agro de desmatar a Amazônia, na China? Querem derrubar de uma só vez a imagem do País, o saldo comercial e o PIB? É muita insensatez”, criticou a senadora, no Twitter. Na mesma plataforma, Viana disse que o comentário dela era “desinformação” e que “o tempo da insensatez já passou”.

Em Pequim, ele disse que vai agendar uma conversa com a senadora, a quem chamou de uma parlamentar “respeitada”.

Ao se explicar na China, Jorge Viana disse que se reuniu com vários executivos do agro e que a relação foi positiva. “Não tem nenhum espaço para ruído, do meu lado. Não era recado para o agro, de jeito nenhum”, afirmou a jornalistas.

O ministro Carlos Fávaro disse que no governo Lula “todos trabalham juntos” e, além de elogiar Viana, prometeu combate duro a ilegalidades no campo. Ele disse que o presidente Lula decidiu criar uma linha de crédito de 12 a 15 anos via BNDES, para produtores rurais. A ideia é reduzir pressão sobre o desmatamento.

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“Não compactuaremos com desmatamento ilegal, com queimadas ilegais, com invasão de terras públicas na Amazônia. O Brasil não precisa dessa metodologia para continuar crescendo e produzindo alimentos de qualidade. Faremos isso sobre áreas de pastagem”, disse Fávaro.­

Fávaro destacou que no governo Jair Bolsonaro o levantamento de embargo em casos de mal da vaca louca demorou mais de 100 dias, enquanto agora foram 29 dias sem embarque da carne para portos chineses.

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