Alckmin diz que Lula vai indicar grupo para Forças Armadas com civis e militares nesta quarta-feira

Presidente eleito vem a Brasília e anuncia equipe com civis e militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para cuidar da transição governamental na área da Defesa, que passa por impasse político

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Atualização:

BRASÍLIA - O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, coordenador-geral do gabinete de transição de governo, afirmou nesta terça-feira, dia 22, que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar nesta quarta-feira, dia 23, os integrantes do grupo temático indicado para lidar com as Forças Armadas. O vice disse que a equipe será composta de civis e militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Lula é aguardado em Brasília, após passar por procedimento cirúrgico.

“O presidente Lula teve uma pequena intervenção. Estará vindo agora para Brasília. Já temos um esboço com os nomes e aí vamos anunciar o grupo da Defesa, talvez amanhã ou no máximo quinta-feira”, afirmou Alckmin. “Está bem discutido. A Defesa é estratégica para o País. Estamos amadurecendo propostas, cumprir o programa de governo estabelecido e ter bons nomes para sua formação, civis e das três Forças.”

O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, durante anuncio de nomes do grupo de parlamentares.  Foto: Wilton Junior / Estadão

Na equipe devem estar o senador Jaques Wagner (PT-BA), ex-ministro da Defesa, e o general da reserva Gonçalves Dias, ex-chefe da segurança presidencial. Apesar de ter listado parlamentares da futura base aliada de Lula integrados aos grupos temáticos, nenhum foi apontado para a Defesa. Ex-comandantes das Forças Armadas, entre eles nomes de gestões do PT, têm sido consultados.

Como o Estadão mostrou, a área da Defesa se converteu num impasse no novo governo, e Lula teve que arbitrar. Havia distintas visões sobre como a equipe deveria ser composta, se apenas com civis ou com militares da reserva, entre eles ex-colaboradores de gestões do PT. Conselheiros de Lula também divergiam sobre a fusão ou não com o grupo de Inteligência Estratégica, composto para espelhar as atribuições do Gabinete de Segurança Institucional e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

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WJALCKMIN BRASILIA DF 22/11/2022 GOVERNO/TRANSIÇÃO NACIONAL OE - O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, durante anuncio de nomes do grupo de parlamentares. Os Trabalhos ocorrem no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília -DF. FOTO WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: ESTADAO CONTEUDO / ESTADAO CONTEUDO

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“Só ele (Lula) pode autorizar, ele tem que coordenar esse processo”, disse o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos temáticos e um dos interlocutores do próximo governo junto a generais. “Amanhã, amanhã”, enfatizou ao ser questionado se haveria a indicação de colaboradores da ativa ou somente da reserva.

Os integrantes do gabinete minimizaram “dificuldades”, mas Alckmin admitiu que não houve contato direto com o ministro da Defesa, general de Exército reserva Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Ele indicou o secretário-geral da pasta, general da reserva Sergio José Pereira, como ponto de contato para os integrantes da comissão.

“Em relação à Defesa, não temos tido contato direto ministro por ministro. Até para não romper a relação, que pela lei é feita pela transição do presidente eleito através do (ministro) Ciro Nogueira, da Casa Civil. A gente sempre se relaciona com a Casa Civil, quando precisa de informação pede a ele. Mas composto o grupo técnico vamos ouvir e conversar”, desconversou Alckmin. “Não há nenhuma dificuldade, isso está praticamente equacionado.”

Ao contrário do que disse o vice eleito, no entanto, já houve contatos diretos de grupos da transição com ministros de Bolsonaro, como no caso dos ministérios da Cidadania (Ronaldo Bento), das Relações Exteriores (Carlos França) e de Ministério de Minas e Energia (Adolfo Sachsida).

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Chefiado pelo general da reserva Augusto Heleno, um dos ministros de Bolsonaro mais radicalizados, o Gabinete de Segurança Institucional não informou nenhuma autoridade de contato e sugeriu que a equipe de Lula deverá se relacionar com a Casa Civil. Já a Abin disse estar à disposição dos integrantes da transição quando for demandada.

Desde a campanha, Lula passa por dificuldades de acesso às cúpulas das Forças Armadas, principalmente da ativa, e falta de quadros do PT. Ele também enfrenta resistências ideológicas na caserna e reconhece nos quartéis uma simpatia pelo presidente Jair Bolsonaro, que foi capitão do Exército.

Ministro

Lula foi aconselhado e já confirmou a indicação de um ministro civil para chefiar a Defesa. Desde o governo Michel Temer, a pasta passou a ser comandada por militares. Alckmin não antecipou nomes e disse que dentro de “alguns dias” o presidente eleito deverá começar a anunciar os integrantes do primeiro escalão. “O presidente Lula tem 40 dias para ir anunciando (ministros). Não deve ter essa correria. Mais alguns dias aí começam os novos ministros”, disse o vice.

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Alckmin também comentou o esforço concentrado para avaliar autoridades no Senado. Segundo ele, os parlamentares agregados aos times da transição governamental poderão acompanhar de perto as votações de indicados no fim da gestão pelo presidente Jair Bolsonaro. Como o Estadão mostrou, o presidente nomeou aliados na Comissão de Ética Pública e acomodou diplomatas que servem no Palácio do Planalto em consulados. Além disso, apresentou ao Senado nomes para diretorias e ouvidorias das agências reguladoras, além de 21 embaixadas. Os senadores aprovam as autoridades nesta terça-feira e na quarta-feira.

“Estamos a 40 dias da posse. Algumas (autoridades), não há nenhum problema, serão sabatinadas e aprovadas pelo Senado Federal. Outras aguardam o próximo governo. Isso aqui é uma continuidade, uma corrida de revezamento, vai passando o bastão para o outro”, disse o vice.

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