Aldo Rebelo aceita convite de Ricardo Nunes para assumir secretaria que era de Marta Suplicy em SP

Ex-ministro de Lula e Dilma contraria apoio do PDT a Guilherme Boulos nas eleições de 2024; sigla emitiu nota desautorizando filiados no governo

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Foto do author Samuel Lima
Atualização:

O ex-deputado federal Aldo Rebelo, com passagens em ministérios de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou nas redes sociais nesta quinta-feira, 18, que aceitou um convite do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para assumir uma secretaria em seu governo. A decisão contraria diretamente o seu partido, o PDT, que fechou apoio ao principal adversário nas eleições de 2024, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). A vaga é para a Secretaria de Relações Internacionais, antes ocupada por Marta Suplicy. Ela pediu demissão da prefeitura para retornar ao PT e ser vice de Boulos no pleito.

“Recebi convite do prefeito Ricardo Nunes para uma secretaria na cidade de São Paulo. Decidi aceitar. Em comum acordo com o presidente (Carlos) Lupi, pedirei licença do PDT pelo período que ocupar a função”, escreveu Rebelo na rede social X, antigo Twitter. Ele confirmou ao Estadão que a secretaria é a de Marta e que o convite foi feito pessoalmente. Os dois se encontraram na terça-feira, 16, e posaram para fotos. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura confirmou o acerto ao longo da tarde. Rebelo assume no “decorrer de fevereiro”.

O ex-ministro Aldo Rebelo, filiado ao PDT. Ele anunciou entrada na gestão de Ricardo Nunes na prefeitura de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão.

O PDT, partido de Rebelo, anunciou o apoio a Boulos em evento na semana passada. Recentemente, a sigla emitiu uma nota desautorizando a participação de qualquer filiado na gestão de Nunes. A declaração foi motivada pelo fato de a substituta de Marta na secretaria, a embaixadora Maria Auxiliadora Figueiredo, que faz parte do PDT, estar exercendo interinamente o cargo. Maria Auxiliadora concorreu ao Senado, nas eleições de 2022, como primeira suplente de Rebelo.

“É incompatível ele estar no partido enquanto estamos apoiando uma candidatura de oposição ao prefeito”, declarou o presidente do diretório municipal do PDT, Antonio Neto. O pedido de licença, conforme alegado por Rebelo, ainda não chegou oficialmente. “Se ele vai se desfiliar ou pedir licença, não sabemos, mas nenhum militante, nenhum filiado é maior do que o partido. Estamos apoiando o Boulos”. O presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, não se manifestou até o momento.

Na terça, após encontro com o prefeito, Rebelo deixou claro que não faria campanha para Boulos e justificou sua posição por conta do movimento “Não Vai Ter Copa” quando era ministro do Esporte, em 2014. “Eu era um dos responsáveis pela organização da Copa do Mundo, e enfrentava grupos de vândalos e sabotadores ligados ao movimento ‘Não vai ter Copa’. Boulos era um dos lideres desta ação”, declarou ele. Boulos não se manifestou sobre o assunto.

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É incompatível ele estar no partido enquanto estamos apoiando uma candidatura de oposição ao prefeito. Nenhum militante, nenhum filiado é maior do que o partido.

Antonio Neto, presidente do diretório municipal do PDT em São Paulo

O novo secretário de Nunes relatou que pediu um tempo para pensar no convite antes de aceitá-lo. Decidiu pelo “sim” depois de passar um tempo em Alagoas e concluir um livro sobre a Amazônia. Rebelo passou 40 anos no PCdoB, partido que trocou pelo Solidariedade, em 2017, e depois pelo PDT, em 2022. O político foi ministro do Esporte, da Defesa e de Ciência e Tecnologia no governo Dilma, além de ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais, com Lula.