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‘Alguém viu alguma criança morrer de covid?’, questiona Bolsonaro

Presidente diz que menores que sofriam traumatismo craniano após cair de bicicleta eram ‘maldosamente’ colocados em UTI covid de hospitais

Foto do author Giordanna Neves
Por Giordanna Neves (Broadcast) e Matheus de Souza
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira, 14, que as mortes de crianças por covid-19 foram raras no Brasil e que menores que caíam de bicicleta e sofreram traumatismo craniano durante a pandemia foram “maldosamente” encaminhadas por alguns hospitais para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dedicadas ao tratamento da doença.

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“Alguém viu alguma criança morrer de covid? É coisa rara. O que acontecia nesse caso é que chegava uma criança no hospital com traumatismo craniano que caiu da bicicleta e alguns hospitais, maldosamente, botavam na UTI covid. Porque eu pagava R$ 2 mil a diária. Outro era R$ 1 mil”, disse o presidente durante a live ‘Mulheres de Minas com Bolsonaro’.

Com a campanha petista destacando cenas onde classifica o presidente como “insensível” ao drama das famílias atingidas pela doença, Bolsonaro voltou a falar que foi mal interpretado ao usar figuras de linguagem e disse que sua postura crítica na pandemia era por preocupação. Bolsonaro declarou também que sua filha mais nova, Laura, não se vacinou.

Ao menos 1.700 crianças menores de 5 anos morreram de covid no Brasil desde o início da pandemia, de acordo com o Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que usou como base dados coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade, os quais passaram por revisão do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais de Saúde. Foram 599 crianças nessa faixa etária vítimas de covid em 2020, mais 840 no ano seguinte, quando a letalidade da doença aumentou em toda a população. Entre janeiro e 13 de junho de 2022, o Brasil registrou mais 291 mortes por covid-19 entre crianças menores de 5 anos.

Até junho de 2022, dados coletados pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em 91 países mostravam que a covid-19 foi a causa básica de óbito de 5.376 crianças menores de 5 anos no mundo. O Brasil respondeu por cerca de 1 em cada 5 dessas mortes.

Orçamento secreto

Com críticas ao orçamento secreto, o presidente voltou a tentar se colocar como uma pessoa contra a medida. Segundo o presidente, ele tentou vetar a ferramenta em 2020, mas foi derrotado pelo parlamento. “Derrubou o veto, eu não posso fazer mais nada, é lei, ponto final.”

O presidente também disse ser contra a ferramenta, afirmando que preferia que a verba estivesse nas suas mãos. “Eu não queria esse orçamento dito secreto. Não é secreto porque é publicado no Diário Oficial da União. O que é secreto é o relator que manda o recurso para lá. Eu preferia R$ 19 bilhões comigo, eu não ia abrir mão de poder”, afirmou durante a live.

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A primeira tentativa de viabilizar o orçamento secreto foi realmente do Congresso e Bolsonaro a vetou. No entanto, o presidente recuou do próprio veto logo depois e encaminhou para o Congresso o texto que criou o orçamento secreto. O projeto é assinado por Bolsonaro e a exposição de motivos que o justifica leva a assinatura do general Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria de Governo.

Bolsonaro também reconheceu a falta de transparência nas emendas e o desequilíbrio provocado pela medida. “Esse dinheiro, quem é que diz quanto ganha para tal município de Minas ou para outro município? Quem diz é o relator do orçamento. Ele pega os R$ 15 bi, da R$ 200 para você, zero para você. É dele, nós não temos acesso ao nome dos parlamentares que destinam recursos pelo Brasil”, disse. Ele também negou que a peça seja “secreta”. “Não é secreto porque é publicado no Diário Oficial da União. O que é secreto é o relator que manda o recurso para lá”, afirmou.

Bolsonaro comentou ainda a ação da Polícia Federal nesta sexta-feira contra desvio de verbas do orçamento secreto. “Se der um problema na ponta da linha como deu hoje, pelo que eu estou sabendo, vão botar na minha conta”, declarou.

A PF abriu uma Operação batizada ‘Quebra Ossos’ contra grupo que teria inserido dados falsos em sistemas do SUS para receber repasses de emendas parlamentares no Maranhão. Duas pessoas foram presas - Roberto Rodrigues de Lima e seu irmão, Renato. É a quarta operação deflagrada neste ano pela Polícia Federal que mira recursos do orçamento secreto, esquema revelado em série de reportagens do Estadão. Antes, a PF também deflagrou operações em Alagoas, no Maranhão e na Codevasf que tiveram como foco o orçamento secreto.

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