BRASÍLIA – Aliados próximos do presidente Jair Bolsonaro tentam convencê-lo a passar a faixa para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O Estadão apurou que amigos com influência sobre Bolsonaro têm procurado demonstrar a ele que, no atual cenário de radicalização do País, essa obrigação do titular do cargo pode até mesmo soar como um “ato de grandeza” de sua parte, ajudando a aglutinar a oposição em torno de Lula.
Esse movimento foi feito, por exemplo, pelo governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas, que esteve com Bolsonaro na semana passada, e pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira, que chegou à Corte por indicação de Bolsonaro. O presidente nada diz a respeito. Ouve e continua calado.
Os dois “conselheiros” de Bolsonaro estiveram por trás, por exemplo, da decisão de Bolsonaro de assinar a renovação da concessão da TV Globo, além de Record e Band, pelo prazo de 15 anos. O argumento usado foi o de que Lula, uma vez no governo, faria esse gesto automaticamente. Logo, seria melhor que ele tomasse a iniciativa, em vez de deixar para o presidente eleito.
O cerimonial que organiza a posse de Lula não tem expectativa de que Bolsonaro passe a faixa presidencial. A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, disse que, se Bolsonaro se dispuser a seguir o protocolo da cerimônia, Lula receberá a faixa das mãos dele. De qualquer forma, como mostrou o Estadão, Janja e o PT estão organizando um ato no qual representantes do povo passarão a faixa a Lula.
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