BRASÍLIA - Aliados do governo subiram o tom contra o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), e ameaçam agora expulsá-lo do partido se o relator da denúncia contra o presidente Michel Temer não for um parlamentar alinhado com o governo.
Para evitar pressão antecipada do governo sobre o relator, o presidente da CCJ adiou para a próxima semana o anúncio do relator. Fontes próximas destacaram que seria “inadequado” Pacheco revelar o nome do relator às vésperas de um fim de semana, deixando o indicado exposto às ações da “tropa de choque” do governo. O peemedebista deve anunciar o nome até terça-feira, 4.
Como revelou o Estado/Broadcast, a escalada de pressão sobre Pacheco começou com a ameaça de inviabilização de sua permanência na presidência da comissão. O peemedebista – que vem adotando um discurso e um comportamento de independência em relação aos interesses do governo no colegiado – tem resistências a indicar os deputados Alceu Moreira (PMDB-RS), Jones Martins (PMDB-RS) ou Laerte Bessa (PR-DF), preferidos do Palácio do Planalto. Bessa, um dos mais ferrenhos defensores do governo e membro ativo da bancada da bala, é a mais recente sugestão dos governistas para a relatoria do caso. Segundo relatos, ofertas e recados a Pacheco se intensificaram desde que a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) chegou à comissão, o que vem sendo visto por ele como tentativa de constrangimento. Como informou hoje a “Coluna do Estadão”, o Palácio do Planalto oferece agora a troca do presidente de Furnas para agradar o peemedebista. Na negociação, sairia Ricardo Medeiros e entraria Julio Cesar Andrade. Pacheco alega que a indicação foi assinada no ano passado por sete parlamentares da bancada mineira do PMDB, questiona a retomada do tema às vésperas da indicação da relatoria e avisa que isso não vai interferir em sua escolha. Publicamente, o peemedebista sustenta o discurso de independência e para a oposição, segundo relatos, avisou que não cederá às investidas dos aliados do Planalto. Figuram na bolsa de apostas de possíveis relatores Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), José Fogaça (PMDB-RS) e os tucanos Betinho Gomes (PE) e Fábio Sousa (GO). Marcos Rogério (DEM-RO) vem perdendo força por ser do mesmo partido do presidente da Câmara, apesar de sua boa relação com Pacheco. Entraram na lista Evandro Gussi (PV-SP) e Tadeu Alencar (PSB-PE). Governo de Minas. O deputado, que vem sendo assediado por outros partidos para se lançar candidato ao governo de Minas Gerais em 2018, é ligado ao vice-governador mineiro, Antônio Andrade. Diante da fragilidade política do governador Fernando Pimentel e dos tucanos no Estado, Pacheco vê na aliança com Andrade uma oportunidade para ocupar o espaço deixado por PT e PSDB. Ontem, o deputado se irritou com o contra-ataque dos governistas de que ele estaria sendo movido por pretensões eleitorais. “O momento é delicado, grave, que exige responsabilidade, serenidade, isenção e independência. Essa é a postura que a comissão tem que ter diante de um assunto desse”, respondeu.
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