ESPECIAL PARA O ESTADÃO/CURITIBA - A disputa ao Senado no Paraná deve colocar na mesma aliança o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil), com quem rompeu após deixar o Ministério da Justiça acusando o chefe do Executivo de interferência na Polícia Federal (PF). A chapa encabeçada pelo governador Ratinho Jr. (PSD), que concorre à reeleição e aparece com vantagem em todas as pesquisas, espera ainda uma definição do Podemos, do senador Alvaro Dias, que deixou a decisão sobre sua candidatura para 5 de agosto, último dia do prazo para as convenções.
Os acordos firmados pelo governador até agora incluem como candidatos ao Senado o deputado federal Paulo Martins (PL) e o deputado estadual Guto Silva (PP). A demora de Dias tem relação direta com a disputa dentro da aliança governista sobre o apoio de Ratinho Jr. e Bolsonaro. O senador pode ter concorrendo com ele, na mesma aliança, pelo menos outros três nomes.
Antes da convenção do Podemos, serão realizados os encontros estaduais do PSD no sábado, 30, do União Brasil no domingo, 31, e do PL na quarta-feira, 3, que podem ser importantes para a decisão de Dias. Ele cobra um acordo que firmou com o governador em 2018 e que, segundo ele, não foi rompido. Na eleição passada, Ratinho Jr. apoiou os senadores eleitos Oriovisto Guimarães e Flavio Arns, do Podemos.
Ao Estadão, Dias explicou que adiou o anúncio porque ainda há apelo por uma candidatura do seu partido ao governo do Paraná, que colocaria ele ou o senador Flavio Arns na disputa pelo Palácio Iguaçu. “Vamos aguardar os movimentos até o dia 5 (de agosto). Se as coisas clarearem, pode até definir antes”, afirmou. “Ainda não conversamos (com o governador). Governo ou Senado, temos as duas opções.”
Para a disputa ao Senado, já foram indicados em convenções Guto Silva (PP), o ex-vice-governador Orlando Pessutti (MDB) e César Silvestri Filho (PSDB). O PDT indicará Desiree Salgado, e a federação PT/PCdoB/PV não definiu candidato, mesmo após convenção. Menos provável, mas no horizonte, seria Dias receber apoio da coalizão de esquerda.
“A todo momento, o Alvaro se coloca como querendo ser o candidato do Ratinho. De duas uma: ou ele fica com o Ratinho num bloco de vários candidatos ou vai para o sacrifício ao Senado sozinho com Flavio Arns saindo para o governo”, avaliou o cientista político Tiago Valenciano. Pesquisas divulgadas até o momento colocam Dias e Moro à frente na disputa pela vaga de senador.
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), disse ao Estadão que Bolsonaro defenderá publicamente uma candidatura ao Senado no Paraná, sem citar qual. O partido do deputado, que apoiará a reeleição de Ratinho, indicou para a disputa Guto Silva, que foi chefe da Casa Civil do Estado. Na ata da convenção, o nome dele não foi incluído e a decisão ficará a cargo da executiva. Barros já afirmou que o partido recuará da candidatura ao Senado caso haja pedido do presidente.
Conforme a Coluna do Estadão, Ratinho Jr. se reuniu, no final de julho, com membros do União Brasil , em Brasília. Ele ouviu que, se deseja apoio da sigla, é “recomendável” tomar distância de Dias.
Moro já afirmou que trata como “natural na política” apoiar o mesmo candidato que Bolsonaro ao governo.
Dias entrou no Senado pela primeira vez em 1983 e ficou a 1987. Retornou depois em 1999 e continua no cargo até hoje. O senador venceu as eleições ao Senado de 83, 98, 2006 e 2014. Ele tem 77 anos.
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