Alvos da Lava Jato se entregaram de jatinho, fizeram cooper e frequentaram Fasano

Vice-presidente da Mendes Junior não queria ser transportado para a superintendência da PF, em Curitiba, no avião da polícia

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Foto do author Andreza Matais

BRASÍLIA - Com a prisão decretada, o vice-presidente da Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, informou à Polícia Federal que iria se entregar. O motivo: não queria ser transportado para a superintendência da PF em Curitiba no avião da polícia. Mendes desembarcou na cidade nesta madrugada, de jatinho particular e já está preso.

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Os pedidos de prisão de 20 executivos das nove maiores empreiteiras do País - quatro deles de seus bilionários presidentes - trouxe cenas inusitadas, como a do jatinho, já comparada à cena do filme Titanic, quando o navio afunda e o violinista continua tocando.

A última notícia sobre o paradeiro de Fernando Soares, o Fernando Baiano, foi dada por seu advogado, Mário de Oliveira Filho. Segundo ele, seu cliente fez cooper numa praia do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, na manhã de sexta-feira. Ao saber que a PF o procurava, teria pegado um avião rumo a São Paulo, onde teria "reuniões". Questionado, o advogado não informou se o lobista se entregará.

Apontado como operador do PMDB na Petrobrás, embora com imóveis em seu nome, Fernando Baiano não tinha endereço fixo. Segundo os investigadores, ele morava em hotéis que ia trocando, conforme se sentia desprotegido. A PF nunca conseguiu identificar seu paradeiro, o que permitiu que fizesse cooper pela manhã sem ser descoberto. As investidas da PF na casa dele e da irmã não tiveram sucesso.

Fernando Baiano representa no Brasil um grupo espanhol com atuação nas áreas de infraestrutura e energia. Segundo o pedido de prisão enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça, ele cobrava propinas para obter contratos na Diretoria Internacional da Petrobras, comandada até 2012 pelo diretor Nestor Cerveró.

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O ex-diretor presidente da Queiroz Galvão Ildefonso Colares Filho se entregou no fim da noite dessa sexta-feira. Investigadores descobriram que ele se escondeu em vários hotéis e, no dia em que teve a prisão decretada, seu refúgio foi o luxuoso hotel Fasano, na orla de Ipanema, no Rio de Janeiro.

O Fasano é o preferido de celebridades. Já se hospedaram por lá Jennifer Lopez, Madonna, Lady Gaga, Taylor Lautner e Kate Perry, entre outros. As diárias podem custar até R$ 5 mil.

Entenda. Sétima fase da Operação Lava Jato, batizada de Juízo Final, prendeu 22 pessoas, entre presidentes de grandes construtoras, executivos e o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. Nove das principais construtoras do País tiveram sedes vasculhadas.

O cartel sob suspeita amealhou R$ 59 milhões em contratos na estatal. Os 36 investigados nessa fase da operação tiveram R$ 720 milhões em bens bloqueados. Na sexta, 14, as ações preferenciais da Petrobrás caíram de R$ 2,94% e as ordinárias, 2,67%.

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