Amazonino Mendes, quatro vezes governador do Amazonas, três vezes prefeito de Manaus e ex-senador faleceu na manhã deste domingo (12). O político, de 83 anos, estava internado em São Paulo, no Hospital Sírio Líbanes. A morte foi confirmada pela família em post publicado no Facebook do político.
“A família de Amazonino Armando Mendes comunica com pesar o seu falecimento neste domingo (12/02), em São Paulo, aos 83 anos. Foi uma vida vitoriosa dedicada com muito amor à família e ao povo do Amazonas. Amazonino deixa um legado incomparável, como homem e político. Lutou bravamente como poucos, mas agora descansa em paz!”, afirma o comunicado.
Amazonino comandou o Estado pela última vez em 2017, para realizar um mandato tampão no Amazonas após a realização de eleições suplementares - o pleito ocorreu pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia cassado o mandato do então governador, José Melo (PROS) e do seu vice, José Henrique de Oliveira (SD). Advogado de formação, ele teve três filhos.
A história da região confunde-se com a trajetória do político. Em 1989, por exemplo, Amazonino, no Estadão, defendia a distribuição de motosserras - medida considerada antiecológica por especialistas. Era o começo do debate, nacional e internacional, em torno da proteção ambiental na região. “As motosserras são indispensáveis para os cablocos”, afirmava para na sequência ser criticado pelo então presidente do Partido Verde em Manaus, Cláudio Barbosa: “É uma das medidas mais infelizes do governador, porque ela não visa o desenvolvimento do Estado”.
Pouco mais de dez anos depois, Amazonino voltaria ao centro do debate político nacional ao ser um dos principais personagens da proposta de criação de um bloco entre Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima e, com isso, convencer o governo federal a criar um fundo (leia-se dinheiro) para o desenvolvimento da região. A proposta, sob o viés ambiental, antecipa as discussões feitas hoje com Estados Unidos, Alemanha, entre outros países. Na época, o fundo poderia chegar, a R$ 600 milhões anuais. Uma das metas principais seria usar os recursos para preservação ambiental - com a recuperação de áreas degradadas.
A questão ambiental, longe de ser superada ou equacionada, ganhou ainda mais destaque internacionalmente nos anos recentes. Assim como a violência. Em 2018, a região foi palco de massacres de presos - mais de 100 morreram. No aniversário de um ano do massacre, a administração Amazonino admitia que infelizmente aderir a uma facção criminosa era uma saída de sobrevivência a quem ingressava no sistema carcerário.
Homenagens
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou solidariedade à família do político que governou o Amazonas e disse que ele tinha “gosto e vocação política”. O presidente também lembrou que Amazonino o apoiou no segundo turno da eleição de 2022, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Amazonino Mendes tinha gosto e vocação política, governando o estado do Amazonas quatro vezes, representando-o no Senado, e sendo também prefeito três vezes de Manaus”, escreveu Lula, no Twitter.
“Tenho orgulho e fiquei muito agradecido quando recebi seu apoio no segundo turno de 2022, em um vídeo onde defendia uma visão moderna de desenvolvimento para a Região Norte do Brasil”, emendou o presidente.
Ao prestar solidariedade à família do político amazonense, Lula disse que ele se dedicou à vida pública até o fim e seguirá sendo sinônimo do Estado que governou.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse, também nas redes sociais, que recebeu com “profundo pesar” a morte do ex-governador. “Ao longo de sua vida pública, Amazonino foi um grande defensor do povo amazonense, em todos os cargos que exerceu, tanto no Legislativo como no Executivo”, escreveu.
O governo do Amazonas destacou a trajetória política de Mendes e decretou luto de sete dias no Estado. “Amazonino entrou definitivamente para a história do Amazonas.”
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que o País perde um “relevante homem público” com a morte do político amazonense. “O nome de batismo já indicava sua predestinação para se tornar um dos filhos mais ilustres do Amazonas ao ocupar, por mais de uma vez, o cargo de governador, além de ter sido senador e prefeito de Manaus”, afirmou o senador.
Senador pelo Amazonas, Eduardo Braga (MDB) disse que o Estado “amanheceu mais triste” hoje. “Amazonino, que fez muitas obras, que marcou a vida das pessoas com carinho, atenção e, acima de tudo, por uma mudança no comportamento na vida pública dos amazonenses”, escreveu o parlamentar, nas redes sociais.
Ex-senadora do Amazonas, Vanessa Graziotin prestou condolências à família e amigos. O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, destacou o legado político deixado pelo ex-governador filiado à legenda. “Amazonino vive!”
O governador do Pará, Helder Barbalho, chamou Amazonino de “amigo” e também deixou sua homenagem no Twitter.
A agremiação do Boi Garantido agradeceu pelo legado deixado por Amazonino para a cultura do Estado.
Colaborou Iander Porcella.
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