Animações mostram 3 perspectivas do acidente que matou Juscelino Kubitschek; veja vídeos

Animações 3D foram produzidas a pedido do Ministério Público Federal e mostram as perspectivas dos três veículos envolvidos na tragédia; laudo com imagens motiva possível reabertura do caso pelo governo Lula

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Foto do author Karina Ferreira
Atualização:

Vídeos produzidos pelo designer especialista em 3D Ricardo Dachtelberg que simulam o sinistro de trânsito que vitimou Juscelino Kubitschek e seu motorista podem ajudar a ilustrar uma nova perspectiva do acidente, quase 50 anos depois.

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As animações são um dos principais motivos que fez o governo federal e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), avaliarem a reabertura da investigação do caso. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão.

As imagens fazem parte de um laudo do engenheiro e perito em transportes Sergio Ejzenberg, produzido a pedido do Ministério Público Federal (MPF), e mostram a perspectiva dos três veículos envolvidos no desastre: o Opala de JK, um ônibus da Viação Cometa e um caminhão carregado de gesso.

O desastre de trânsito ocorreu em 22 agosto de 1976, na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Por volta das 18h de um domingo, na altura da cidade fluminense de Resende, o automóvel invadiu a contramão e bateu em um caminhão carregado com 30 toneladas de gesso.

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Segundo as investigações da época, realizadas durante o regime militar, o ônibus que vinha atrás do carro de JK teria sido responsável pelo acidente, ao tentar ultrapassar o Opala, o que teria causado a perda da direção.

As imagens, que fazem parte do inquérito civil aberto em 2013 aberto pelo Ministério Público Federal e tirado do sigilo em 2021, mostram outra versão. O novo estudo, que demorou três anos para ser elaborado, concluiu que o ônibus “não estava trafegando com excesso de velocidade, e não teve qualquer participação causal nos fatos”.

Perspectiva do carro de JK

Perspectiva da carreta

Perspectiva do ônibus

O engenheiro analisou laudos feitos em 1976 e 1996 pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que embasaram a tese oficial de que o ônibus se chocou no Opala, antes de o veículo ficar desgovernado.

O laudo diz ainda poder demonstrar, “sem qualquer dúvida”, que houve “graves inconsistências técnicas que comprometem as conclusões” dos laudos anteriores, e, consequentemente, a conclusão da Comissão Nacional da Verdade, em 2014, que apontou que o caso se tratou de um acidente, e não algum tipo de sabotagem.

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A partir do laudo, o MPF concluiu que houve “falhas severas” na investigação, que o regime militar monitorava JK, e que não era possível alcançar a verdade dos fatos do que realmente houve.

“É impossível afirmar ou descartar que o veículo tivesse sido sabotado, ou mesmo que o motorista tivesse sofrido um mal súbito ou sido envenenado, vez que não há elementos materiais suficientes para apontar a causa do acidente ou que expliquem a perda do controle do automóvel”, diz o documento do órgão.

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