RIO – O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã desta sexta-feira, 11, da cerimônia de batismo do submarino Humaitá, o segundo construído no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê quatro embarcações. O acordo foi firmado em parceria com a França em 2008, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e as construções são tocadas no Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio. Apesar de não ter sido concebido em seu governo, Bolsonaro afirmou que o País tem hoje um presidente cristão e que respeita as Forças Armadas.
“Hoje o Brasil tem um presidente cristão que respeita seus militares e deve lealdade absoluta a seu povo. O Brasil está mudando; nós venceremos”, disse o presidente em breve discurso. “Buscar fazer a coisa certa, ser patriota, defender a democracia e a liberdade e externar a verdade não são coisas fáceis, mas nós somos persistentes.” Ele não parou para responder a perguntas da imprensa.
Estiveram com o presidente, na cerimônia, os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, e Marcos Pontes, de Ciência e Tecnologia, além de autoridades da Marinha e do governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, que sentou ao lado de Bolsonaro. Foi no mesmo Complexo Naval, no ano passado, que o presidente começou a afrontar de modo mais aberto o governador afastado Wilson Witzel. Castro é próximo ao clã presidencial e tem feito questão de destacar o elo entre o Guanabara e o Planalto.
O Humaitá tem 72 metros de comprimento e capacidade de deslocamento de 1,8 mil toneladas. É o segundo de quatro submarinos convencionais que estão sendo construídos no País dentro do Prosub. O quarteto é o primeiro grande passo para a fabricação de um modelo com propulsão nuclear, previsto para ser entregue na próxima década.
O projeto está sendo colocado em prática em Itaguaí. O primeiro submarino, Riachuelo, já está em fase de testes no mar e deverá se incorporar à frota da Marinha em meados do próximo ano. O Humaitá, por sua vez, estava na fase final de integração de seus equipamentos e sistemas. Nesta sexta, ele deixou o estaleiro por intermédio de um grande elevador e tocou o mar pela primeira vez.
A previsão da Marinha é que os quatro submarinos convencionais se unam à frota brasileira até 2024. Trata-se de uma adaptação do modelo francês Scorpène. O Humaitá tem cerca de cinco metros a mais, o que possibilita maior capacidade de combustível e mantimentos, dando assim maior autonomia de navegação. A estimativa é de que ele consiga navegar com seus mais de 30 tripulantes por até 80 dias.
O Prosub prevê toda a transferência de tecnologia, o que permitirá que, futuramente, o País tenha total autonomia na construção de submarinos. Para construir esses equipamentos de guerra, o programa incluiu também a concepção de um grande complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que foi erguido em Itaguaí. “Estamos tendo a oportunidade especial de presenciar esse legado da nossa força”, apontou Bolsonaro.
O projeto é considerado um marco para a Marinha brasileira. Com a integração dos quatro à frota até 2024, eles se unirão aos cinco modelos mais antigos que operam atualmente.“É um número considerável para nós. Atende a todas as nossas necessidades e ajuda a demonstrar a força do nosso País”, disse, na semana passada, o capitão de Mar e Guerra Otávio Paiva.
Quando os quatro submarinos convencionais estiverem prontos, será a vez de o projeto do primeiro submarino de propulsão nuclear do Brasil ser efetivamente colocado em prática. Se o cronograma for mantido, ele deverá ficar pronto em 2033. /COLABOROU MÁRCIO DOLZAN
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.